Santo Antônio: a fama de um ‘casamenteiro’ no bairro Morsch

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Na semana dos Namorados e de Santo Antônio, a história de um santinho que muito já contribuiu para encontros de amor em Venâncio Aires.

Mariza ao lado da imagem de Santo Antônio, que pertenceu à mãe, Acacia. Imagem está nessa grutinha há 45 anos (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Hoje, 12 de junho, Dia dos Namorados. Amanhã, 13, Dia de Santo Antônio, o Casamenteiro. É uma semana, portanto, que celebra os encontros de amor, os namoros e os casamentos. E para marcar essas duas datas, a Folha do Mate conta uma história que tem tudo a ver. É nos fundos de uma casa no bairro Morsch, que o ‘poder’ de um santinho já se provou muitas vezes. No currículo dele há, pelo menos, 10 namoros – que também viraram casamentos – e seguem firmes e fortes até hoje.

A imagem de Santo Antônio em questão pertence à professora aposentada Mariza de Melo Nascimento, 64 anos. Mas, antes dela, pertenceu à mãe, Acacia Rodrigues de Melo (1931-2020), que era devota do santo. “Minha mãe não era de ir em missas, mas sempre foi uma mulher de muita fé. Tanto que para o Santo Antônio ela rezava para tudo, pela saúde da família e até pelas boas notas na escola dos netos. E também dizia que a gente não podia só pedir. Tinha que agradecer o santo também, por isso cuidava com tanto carinho dele”, relata Mariza.

O santo chegou na vida de Acacia há cerca de 45 anos e foi presente de uma vizinha, Helena Fischer, que também era muito devota. Desde então, fica nos fundos da casa de Mariza, onde a mãe dela morou também, dentro de uma grutinha. Como fica na rua, à mercê do sol e da chuva, tem as marcas da ação do tempo e também das inúmeras velas derretidas. Mas, como gosta de ressaltar Júlio, o filho da Mariza e que também é devoto, são as marcas de quem tem muita história e muito já fez pela família e amigos.

Lidio, o ‘enviado’ de Santo Antônio. Ele e Mariza casaram em 1987 (Foto: Arquivo pessoal)

Santo de casa faz milagre, sim!

Ainda que a força do santo seja para várias questões, a fama dele se propagou como ‘casamenteiro’. Segundo Mariza Nascimento, o santinho já contribuiu para o encontro de amor de, pelo menos, 10 casais. São desde histórias mais recentes, como de amigos do filho Júlio, até as mais antigas, que inclusive já resultaram em netos. E, fugindo da máxima, naquela residência o santo de casa faz milagre sim. Isso porque a própria Mariza é prova viva e brinca que é o caso ‘número 1’.

Quando era mocinha, costumava acender uma vela dentro da grutinha, esperando por um grande amor. Acacia, que como toda mãe preocupada zela pelos filhos, tratava de fazer um pedido extra para o casamenteiro, com uma ressalva: pode até enviar um amor para a filha, mas que seja alguém legal. Pois em 1985, numa festa no antigo salão Ullrich, em Linha Pinheiral, interior de Santa Cruz do Sul, Mariza encontrou Lidio Mateus Nascimento, hoje com 71 anos. Natural de Lavras do Sul, Lidio era policial militar e se mudou para Venâncio na década de 1970.

O namoro começou em seguida e o casamento ocorreu em janeiro de 1987. Um ano depois, nasceu Júlio, o filho único, que no mês de agosto dará o primeiro neto para Mariza e Lidio. O policial militar aposentado brinca, até hoje, sobre como foi o primeiro encontro na casa da esposa. “Naquele momento descobri como ela me ‘amarrou’. Deve ter acendido vários pacotes de vela pro santo”, conta, entre risos.

Registro do casamento de Jalila e Lucas, em 2016. Ao lado da noiva, Acacia, a devota de Santo Antônio (Foto: Rafael Costa/Divulgação)

Santo Antônio até no congelador

Entre os encontros promovidos pelo Santo Antônio da casa dos Nascimento, está o de Jalila Stahl Böhm Heinemann, e Lucas Heinemann, ambos com 42 anos. Jalila conta é amiga da família há muitos anos e começou a frequentar a casa de Acacia, a quem chama de ‘vó emprestada’. “Ela sempre foi muito religiosa, torcendo pela felicidade da gente, pela saúde, pelo trabalho, rezando com a gente. E, claro, naquela busca pelo amor, da realização do amor e da família.”

A arquiteta e corretora de imoveis não lembra exatamente o ano que acendeu a primeira vela, mas diz que rezou diante da imagem. Em 2013, numa viagem à Europa, passou pela Igreja de Santo Antônio. “Também orei pedindo por um amor que cuidasse de mim, amasse a respeitasse. Comprei um santinho, um terço e uma cápsula com a imagem de Santo Antônio. A simpatia diz que se coloca o santo no congelador e só se deve tirar quando surgisse o amor. Foi o que fiz”, relata, entre risos.

Ainda que a fé tenha sido importante, a tecnologia também foi. Em 2015, através do Tinder, um aplicativo de namoro online, Jalila encontrou Lucas, que trabalha como engenheiro mecânico. “Eu recém tinha ido morar sozinha, então brinco que comprei todas as panelas e o Lucas veio usá-las, me ensinando a cozinhar. Foi aí que tirei o santinho do congelador.” Em 2016, eles casaram e, em 2020, nasceu o filho Guilherme. “E do nosso amor, que teve ajuda do Santo Antônio, surgiu outro namoro na família, virou casamento e até filho já teve. O santo é forte mesmo”, conclui Jalila.


Cápsula com a imagem do santo, que Jalila deixou no congelador da geladeira até a chegada de Lucas, o futuro marido (Foto: Arquivo pessoal)

Você sabia?

Segundo o site Vatican News, Santo Antônio chegou ao Brasil pelos portugueses e criou raízes profundas: pelo menos 105 cidades em 10 estados têm Santo Antônio como padroeiro, tornando o dia 13 de junho um feriado significativo. Entre esses municípios está Vale Verde, onde é feriado nesta sexta-feira.

Santo Antônio é amplamente conhecido como o ‘Santo Casamenteiro’ e essa popularidade surgiu porque ele ajudava as mulheres que não conseguiam se casar por falta de dote. Então ele recorria à generosidade das pessoas para ajudar essas mulheres a realizarem o matrimônio.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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