Assim como diversas profissões evoluem em equipamentos e na forma de trabalho, os motoristas também acompanham as mudanças, incluindo novidades relacionadas a fontes de energia de caminhões e carros. Uma delas é a tecnologia dos veículos elétricos.
A empresa venâncio-airense GRA Máquinas, comercializa os caminhões elétricos da XCMG desde o ano passado. Segundo o diretor comercial, Fagner Schwengber, 44 anos, os veículos elétricos já existem há muito tempo, mas o que motivou a decisão da GRA de trazer este tipo de produto para o Brasil foi o avanço tecnológico nas baterias, que hoje conseguem atender o mercado com longevidade. Segundo ele, o veículo é produzido na China e a linha de produtos é grande e completa para venda no Brasil.
Schwengber explica que o caminhão elétrico é basicamente igual ao de combustão, o que muda é o sistema de alimentação e o motor – não existe o modo a diesel, apenas o elétrico. O sistema de freio também não é o convencional, pois usa o próprio motor elétrico para frear e gerar um fluxo contínuo de energia. No custo-benefício, o diretor comercial da GRA Máquinas destaca que o veículo não usa combustível fóssil e gera 0% de emissão de dióxido de carbono (CO²) durante o uso.
Na empresa de Venâncio Aires são dois modelos de caminhão elétrico rodoviário à venda: cavalo mecânico traçado e bitruck 8×4. O primeiro tem uma autonomia de 130 a 150 quilômetros por carga e o segundo pode ser usado como caçamba, como em caminhões de lixo, por exemplo, e tem autonomia de 120 a 130 quilômetros por carregamento.
Schwengber explica que ambos os modelos têm carregadores específicos que são ligados em rede de energia e o carregamento total leva de 50 minutos a uma hora e 10 minutos. Como são utilizadas baterias, é possível fazer a substituição de baterias já totalmente carregadas. “Uma empresa pode contar com estação de carga com mais baterias, assim substitui a vazia por uma carregada em cinco minutos. O ganho que se tem é ser um veículo com zero emissão de carbono, e não ter o custo com combustível, mas outro custo diferente.”
O diretor comercial destaca que o equipamento tem grande procura dentro do seu segmento específico. “A procura é surpreendente”, afirma. Schwengner cita que o caminhão elétrico tem múltiplos usos, como empresas com rotas fixas e distâncias curtas, empreendimentos que usam o equipamento dentro do pátio, como, por exemplo, empresas de minerações e aquelas que transportam peças ou produtos dentro do pátio ou em unidades próximas. Segundo ele, apesar de o assunto ser cada vez mais comum, os clientes ainda ficam surpresos com os produtos. O profissional garante que dentro de frotas e serviços específicos serão os equipamentos mais usados nos próximos anos.
Posto de carregamento elétrico na RSC-287
Para carregamento de veículos elétricos em Venâncio Aires, o Posto Chama é a única opção pública para os motoristas. O proprietário, Adriano Reginatto, ressalta que ainda não se tem muita procura, mas recentemente fez uma parceria com a empresa Tupi, que reúne cadastros de todos os veículos elétricos do país, e é uma rede de informação aos condutores, que avisa os pontos de carregamento, por exemplo, na RSC-287, onde se localiza o Chama.
A ideia de colocar um posto de carregamento elétrico surgiu no fim de 2021, segundo o proprietário, com a colocação também de três estações de placas solares. Reginatto enfatiza que já existem mais pontos de carregamento na rodovia, mas que o posto tem diferenciais devido aos horários de funcionamento e por contar com infraestrutura com lancheria e banheiros à disposição do cliente enquanto o carregamento é realizado.
O tempo de carga completa depende do modelo do veículo. De acordo com Reginatto, inicialmente, o carregador do posto era de 7 mil kilowatt-hora (kWh), mas foi substituído por um de 22 mil kWh. O que antes gerava uma espera de quatro horas para uma carga completa, hoje leva em torno de uma hora e meia. “Se um carro vem com 30% de bateria, leva em torno de 40 minutos a uma hora para completar”, explica. De início, o carregamento dos veículos elétricos era fornecido pelo posto como cortesia aos clientes, no entanto, devido ao investimento, hoje o valor da carga fica em torno de R$ 1,75 a R$ 2 por kWh.
Reginatto percebe que as pessoas ainda têm curiosidade sobre os veículos elétricos, mas a desconfiança também é grande. “Mesmo sendo mais moderno, leva tempo para carregar e a bateria é um prolema. O veículo não polui, mas o descarte das baterias, quando não feito corretamente, também polui, fora o risco de explosão”, pondera.
O proprietário do Posto Chama também enfatiza que acompanha alguns clientes desanimados ou que reclamam dos veículos elétricos. “Na prática ainda vejo que é difícil, são detalhes que só vai sentir quem tem um carro elétrico ou vê pessoas próximas que têm”, observa. Outro exemplo é a dificuldade de venda de veículos elétricos usados, já que, de acordo com ele, as baterias não têm mais a força de quando eram novas e a peça tem alto custo para troca.