O setor do tabaco representa o principal segmento da economia de Venâncio Aires, correspondendo a mais de 50% do retorno de ICMS do município. Dados oficiais mais recentes, relativos a 2020, mostram que o tabaco representou 51,77% do Valor Adicionado Fiscal (VAF) – diferença das entradas e das saídas das empresas, durante o ano. Desse total, 45,99% são relativos à indústria e 5,78% à produção primária.
A secretária da Fazenda, Fabiana Keller, explica o retorno financeiro ao município gerado pela cadeia do tabaco ocorre, principalmente, por meio do repasse de ICMS. “Apesar de ser um tributo de competência do Governo Estadual, 25% da sua arrecadação retorna ao Município. Para cálculo do percentual de receita a que os municípios tem direito, o principal componente é o chamado Valor Adicionado Fiscal, que, em resumo, é o movimento econômico da indústria, comércio e produtores”, detalha.
De acordo com Fabiana, o repasse do imposto pelo Estado ao Município se efetiva, em média, dois anos após o exercício em que foi gerado. “Ou seja, a movimentação econômica de 2021 será apurada pelo Estado em 2022, iniciando-se o seu retorno no exercício de 2023”, observa.
REFLEXOS
Além da contribuição direta, diversos outros segmentos são mobilizados a partir do tabaco. São desde empresas de transporte, alimentação, manutenção industrial e demais prestadores de serviços para as indústrias de beneficiamento até a comercialização de produtos e serviços voltados aos produtores rurais.
“Existe uma grande cadeia de produção ligada direta e indiretamente ao setor do tabaco. Como são atividades que também atendem a outros setores de nossa economia, não temos como precisar qual a participação exclusiva do segmento, embora a participação seja preponderante”, comenta a secretária da Fazenda de Venâncio Aires.
“Se a safra vai bem, o comércio também”
Uma safra positiva para os fumicultores tem reflexos diretos no comércio da cidade. É a famosa frase: “se a safra vai bem, o comércio também”. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Venâncio Aires, Claudio Fengler, observa que tanto na agropecuária quanto no bazar do STR é possível perceber a movimentação de acordo com os resultados da safra. “Depende muito da reação da safra do fumo. Quando o fumicultor tem uma boa safra, tem uma sobra, começa a investir”, destaca.
Na avaliação de Fengler, uma safra positiva como a que está sendo a 2021/22 anima os produtores para que permaneçam na atividade rural. “Quando tem um resultado positivo e uma valorização, dá mais vontade de investir. Alguns que queriam parar podem até reduzir, mas continuam com a produção”, comenta.
“Com a safra boa e a valorização na hora da venda, os produtores têm vontade de investir. Alguns que queriam parar voltam atrás. Podem até reduzir, mas seguem plantando fumo.”
CLAUDIO FENGLER – Presidente do STR de Venâncio Aires
Aumento de serviços de manutenção durante a safra
Uma empresa que tem no período de safra uma movimentação significativa nos serviços de manutenção é a Master Empilhadeiras. O empreendimento, que fica em Venâncio Aires, atende cerca de 50 empresas de diferentes segmentos tanto no município quanto em outras cidades da região.
No primeiro semestre do ano, época de volume de produção elevado nas empresas do ramo tabacaleiro, a Master Empilhadeiras tem as atividades mais voltadas para o segmento. A sócia-proprietária Marili Xavier ressalta que são feitos tanto o trabalho preventivo, na entressafra, quanto serviços mais urgentes em época de volume de produção maior das empresas. “Como na safra é mais corrido, sempre em novembro ou dezembro as empresas mandam as máquinas para revisão, assim durante a safra são coisas mais rápidas de fazer”, complementa.
A Master Empilhadeiras tem 11 anos de atuação, trabalha com venda e locação de empilhadeiras do tipo clamps, mais utilizada nas tabacaleiras para carregamento de contêineres, e de garfo, com opções de 2,5 e três toneladas de capacidade. “A empilhadeira é utilizada em diferentes ramos, se tornou essencial nas empresas, principalmente para evitar o esforço físico”, comenta.
A empresa também faz manutenção, comercialização de peças, pneus e lubrificantes. Com alguns clientes, inclusive, a parceria está firmada há cerca de 10 anos “É bom porque assim conseguimos controlar a questão de garantias, tempo de duração das peças trocadas, todo o histórico da máquina fica arquivado na empresa”, observa Marili. Para a realização das revisões, os equipamentos são levados para a oficina da sede, que tem 700 metros quadrados. Já durante a safra, as reparações são feitas diretamente nas empresas quando possível.