Tradição e aconchego do fogão a lenha, o queridinho do inverno

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Uma chaleira com água para o chimarrão, a comida com sabor diferente, um pinhão na chapa. A memória dos avós, uma casa aquecida, a caixa de lenha abastecida. Uma tradição, mas também uma peça de decoração. O que mais o fogão a lenha nos remete? Para os gaúchos, que historicamente convivem com o frio, é um dos itens mais tradicionais dentro de casa e, além da zona rural, cada vez mais ganham espaço também na área urbana.

Na casa dos aposentados Marisa e Antônio de Oliveira, moradores do bairro Coronel Brito, em Venâncio Aires, o fogão a lenha ‘funciona’ todo dia, a partir das 6h. Ele conversaram com a reportagem para o programa Folha 105 1ª Edição, da Terra FM. “Sempre tem fogo bem cedo, é uma tradição. A gente se criou assim e segue até hoje”, comentou Marisa, destacando que, além de manter a casa aquecida, assar o pão e preparar um saboroso carreteiro, galinhada ou vaca atolada para a família, o calor do fogão a lenha serve até para secar a roupa em dias muito úmidos. “Cuidar para não esfumaçar”, pondera. Conforme Marisa, a rotina da família é envolta do fogão, especialmente quando recebem filhos e netos. E quem garante a lenha é Antônio. “Não falta. Em janeiro e fevereiro já garanto, daí quando começa o inverno, só traz para dentro”, explica.

A rotina do casal no Coronel Brito também é semelhante em muitos lares venâncio-airenses e, a cada ano, o fogão continua sendo procurado por quem ainda não tem, principalmente às vésperas de mais um inverno, estação que começa nesta quinta-feira, 20. “Com inverno chegando, a procura por fogão a lenha e a demanda têm aumentado. Isso desde maio. As pessoas procuram por modelos diferentes, desde as estufinhas até modelos maiores, para, além de climatizar, fazer preparos culinários e como material decorativo”, destacou Tiago Maracci, gerente da Afubra de Venâncio.

Combinação de nostalgia com inovação

Venâncio Aires conta com empresas muito tradicionais no ramo metalúrgico e que têm suas respectivas histórias atreladas à produção do fogão a lenha, item importante nos portfólios até hoje. “É o queridinho do inverno, traz aconchego para aquela reunião de família, nos nossos invernos rigorosos. Uma composição dos lares, seja com design rústico ou materiais mais modernos”, destacou Fabiana Bergamaschi, diretora da Venax Eletrodomésticos.

Segundo ela, há cerca de 20 anos a indústria começou a pensar cada vez mais em modelos diferenciados, muito inspirados em detalhes europeus. “Quanto mais antigo deixava o desenho, mais valorizava, e as pessoas acabam se recordando dos familiares, dos avós, da torneirinha de água, da chapa de ferro fundido. Esse mercado foi se consolidando, com novidades, e precisamos acompanhar os ambientes onde são colocados. Nos últimos anos, tem tido grande procura por chapa vitrocerâmica, pela questão da praticidade de limpeza e uso”, observa.

Felipe Metzdorf, gerente comercial da Metalúrgica Venâncio, destaca que há mais de 30 anos o fogão a lenha se consolidou como base da empresa e, desde os primeiros anos, virou item de exportação. “Os fogões continuam desempenhando papel relevante no cenário atual, combinando a nostalgia com inovações, e a Venâncio tem ele como item fundamental no seu portfólio há mais de 30 anos. O fogão a lenha está presente em muitos lares, pela preparação prática das refeições, pela tradição, pela cultura e memórias afetivas das famílias. Também é um item que tem ganhado espaço nas áreas urbanas, devido ao frio e à umidade.”

Metzdorf diz que, embora o fogão a lenha venha passando por um processo de reinvenção, com novas tecnologias na produção, não perdeu a tradição. “Atualmente não são apenas vistos como relíquia, mas como escolha consciente para muitos consumidores. Existe uma busca como objeto de decoração e isso impulsiona a indústria a investir em designs contemporâneos e diversos. Hoje, a Venâncio conta com mais de 10 modelos.”



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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