Eldo Stertz, morador de Linha Travessa, quer o fim do 'retapeamento' (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Eldo Stertz, morador de Linha Travessa, quer o fim do 'retapeamento' (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

A promessa recente do Estado de que vai recuperar a VRS-816 ainda não foi suficiente para tranquilizar muitos usuários da rodovia, principalmente quem transita ou mora entre o Grão-Pará e o trevo de Vila Palanque, o trecho mais crítico.

Protesto ocorreu no sábado, 30, em frente ao salão Gigante (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Descrentes pelos anos que classificam como de ‘total abandono’, dezenas de moradores de Linha Travessa, que tem a maior parte do território cortado pela estrada, protestaram em frente ao salão Gigante, na manhã de sábado, 30. “Por isso não cancelamos o manifesto, para mostrar que estamos unidos e vamos exigir. Nossa proposta também é que a estrada seja municipalizada”, destacou a professora aposentada Nilce Rüdiger, 68 anos, que mora na localidade há mais de quatro décadas.

O representante comercial, Jorge Luiz Federhen, 59 anos, que nasceu em Travessa, também comentou que a pressão continuará. “Seguiremos atentos. Essa estrada tem muito movimento, de frigorífico, fábrica de móveis, ervateira, a escola [Perpétuo Socorro] e a Escola do Chimarrão, além da agricultura. Então não pode ficar desse jeito.” Federhen entende ainda que, mesmo sendo ano eleitoral, os trabalhos poderiam ser antecipados. “Sabemos que é ano de campanha, mas eles poderiam fazer, porque a estrada está precária há tanto tempo que é quase uma emergência”, avalia.

Foto: Débora Kist/Folha do Mate

Sobre tempo, aliás, os moradores que estiveram no protesto lembraram que, desde o capeamento inicial da rodovia, ainda na década de 1980, o trecho nunca esteve tão ruim. “O que só teve foi aquela tapeada. Mas não queremos mais esse ‘retapeamento’ e sim o recapeamento decente”, cobrou o aposentado Eldo Stertz, 71 anos. Para o também aposentado, Glauco Rüdiger, 70 anos, que gosta de andar de bicicleta, está ‘mais do que na hora’ de pensar numa ciclovia e caminhódromo. “É uma questão de segurança também. Porque ao mesmo tempo que passam carros, caminhões e motos, tem muita gente que faz o trecho de bicicleta ou a pé. Mas isso é um perigo.”

“Antes a gente festejava a vinda do asfalto. Hoje chegamos ao ponto de precisar criticar porque não se dá a manutenção necessária. A gente acredita e não perde a esperança, mas vamos continuar atentos e pressionando o Daer.”
JORGE LUIZ FEDERHEN – Representante comercial, morador de Linha Travessa

Jarbas: “O Daer tem dinheiro”

Na semana passada, o diretor-geral do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), Luciano Faustino, durante reunião com uma comitiva venâncio-airense, reiterou que a VRS-816 tem a atenção do Estado. A promessa é de que os recursos para fazer o recapeamento em 16 quilômetros serão incluídos no orçamento de 2023.

Prefeito Jarbas foi conversar com a comunidade durante o protesto (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

O prefeito Jarbas da Rosa, que esteve com Faustino, levou as informações pessoalmente aos moradores no sábado. Ele apoiou a iniciativa dos manifestantes e reforçou a necessidade continuar vigiando. “Eu só acredito vendo, mas vamos considerar que o recapeamento será feito, porque existe um compromisso do Estado e o Daer tem dinheiro”, informou Jarbas.

Conforme o prefeito, tais recursos serão possíveis porque o Legislativo gaúcho rejeitou um projeto do Executivo, que queria investir R$ 500 milhões em rodovias federais. “Felizmente a Assembleia reprovou isso, porque não é justo o Estado investir em rodovia federal enquanto tem um monte de estrada estadual com problemas.”

Falta de respeito

Jarbas da Rosa ainda comentou com os moradores que a Prefeitura também ficou ‘na mão’ nos últimos tempos. “Nos últimos três meses, dois caminhões nossos foram cinco vezes a Montenegro para buscar material. Mas chegavam lá e não tinha. Uma falta de respeito, porque nem nos avisaram. Aí gastamos combustível e hora de funcionários para voltar com os caminhões vazios.”


R$ 6 milhões – é o valor estimado para recapear a VRS-816 entre o Grão-Pará e Vila Palanque.

Tapa-buracos
• Quem passa pelo trecho nos últimos dias, relata que não precisa fazer tantas manobras para desviar de buracos. Isso porque o Daer disponibilizou duas cargas de material para um tapa-buracos, realizado em parceria com a Prefeitura de Venâncio Aires. Em breve, nova intervenção deve ser feita. “Dá para dar uma tapeada, uma enganada. Mas é justamente isso que não queremos mais. Tem que resolver de uma vez”, cobrou Eldo Stertz.