Morando há cinco anos em Wuhan, epicentro do coronavírus na China, o venâncio-airense Mauro Hart, 59 anos, conversou com a reportagem na tarde deste sábado, 1° de fevereiro. Piloto de aeronave de uma empresa chinesa, ele conta que a situação no país é crítica, já que os números de vítimas do coronavírus está aumentando. Até este sábado, já eram 259 mortes e 11.958 mil casos confirmados.
Com a despensa cheia daquilo que julga necessário para aproximadamente dois meses, Hart explica que sai de casa apenas em situações de extrema necessidade. “Sempre que preciso sair uso máscaras e evito locais com muita gente”, completa.
O piloto, que esteve em Venâncio Aires visitando familiares e amigos na primeira semana de janeiro, comenta que costuma vir ao Brasil seis vezes ao ano. No entanto, desde que retornou a Wuhan, não pode mais sair. “A cidade está bloqueada desde o dia 23 de janeiro. Ninguém entra, ninguém sai”, enfatiza.
REFLEXOS
O venâncio-airense pontua que alimentos como verduras e frutas já começam a faltar, diferente dos produtos enlatados que seguem sendo ofertados em grande quantidade. O mercado que frequenta, segundo Hart, está localizado dentro de um Shopping Center que está vazio e apenas com o supermercado aberto. “Eu espero que essa situação seja normalizada, mas tenho consciência que vai demorar bastante tempo, mas estou relativamente tranquilo quanto a isso”, tranquiliza.
Nas ruas de Wuhan, os trens e ônibus não estão funcionando. “Carros particulares também foram proibidos. Os que circulam precisam de autorização”, ressalta o piloto.
Questionado sobre o isolamento, Hart destaca que não consegue sentir a solidão, já que está bastante ocupado com tarefas que podem ser feitas de casa. Sem contar que ele planeja uma nova obra literária, depois do ‘Piloto Expatriado’ publicado em 2013.
Brasileiros moradores de Wuhan pedem ajuda ao governo
Os brasileiros que moram em Wuhan enviaram no dia 30 de janeiro, uma carta ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Henrique Fraga Araújo, solicitando auxílio para retornar ao território brasileiro.
Em um dos trechos da carta enviada, enfatizam o suporte que vem sendo dado pelo governo Chinês, listando a agilidade dos governantes para a construção de hospitais, eles não escondem o desejo de retornar ao Brasil se dispondo para os seguintes pontos:
- Que sejam tomadas as medidas necessárias imediatas para que haja a repatriação voluntária de todos os brasileiros atualmente em Wuhan que manifestem sua intenção nesse sentido, incluindo a possibilidade evidente de que o país utilize-se de sua estrutura aeronáutica para a missão específica, como já ocorrido em relação ao Haiti, em 2010 e 2017.
- Que lhes seja permitido realizar a quarentena atinente ao coronavírus no Brasil ou em parceria com países onde cidadãos brasileiros tenham dispensa de visto e que não sejam foco da atual epidemia, como os membros da União Européia ou países latino-americanos, observadas e garantidas todas as condições de segurança e preservação de seus direitos fundamentais.
*Trecho retirado do documento enviado ao governo brasileiro.
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