Foto: Vanessa Behling / AI Câmara de VereadoresPropriedade de Maiquiel Espíndola e Bruna Pitol, em Linha Taquari Mirim, é uma das atingidas pela precariedade da energia
Propriedade de Maiquiel Espíndola e Bruna Pitol, em Linha Taquari Mirim, é uma das atingidas pela precariedade da energia

Representantes do Município, da Câmara de Vereadores e da RGE Sul vão formar um grupo de trabalho, com o objetivo de encaminhar e solucionar as demandas de energia elétrica de Venâncio Aires – em especial, às da eletrificação rural. A força-tarefa, que deve garantir o levantamento dos pontos mais críticos no município, foi o principal encaminhamento de uma reunião sobre o tema, na manhã de terça-feira, 4, na sala de reuniões da prefeitura.

Após a organização inicial da equipe, serão disponibilizados formulários a produtores rurais que têm necessidade de melhorias na rede elétrica – desde aqueles que desejam a implantação da rede trifásica até os que dependem, apenas, de reparos na rede monofásica. 

Nosso município é muito grande. Precisamos desse levantamento para ver o que falta. Houve um crescimento da população, mas as instalações são as mesmas de antigamente.” Celso Krämer, vice-prefeito. 

De acordo com o prefeito Giovane Wickert, mais de 30% dos venâncio-airenses vivem na zona rural e são afetados diretamente com as quedas de energia ou a impossibilidade de instalarem máquinas, por conta da baixa potência de energia. “São em torno de nove mil famílias, 28 mil habitantes. Temos que conhecer a situação desses agricultores e resolver esses problemas”, defende.

Investimentos

De acordo com o gerente de relacionamento com o Poder Público da RGE Sul, Edson Severo Braz, a partir do preenchimento dos formulários, serão analisados os pedidos dos agricultores e planejados os investimentos. “Precisamos fazer investimentos prudentes”, pondera, ao lembrar que, quando há a ampliação da potência de energia, em uma propriedade, o cidadão se responsabiliza por um maior consumo. “A RGS Sul investirá R$ 289 milhões, neste ano, nos 118 municípios de sua área de abrangência. Temos que ver o que precisa ser investido aqui.”

Presidente da Frente Parlamentar da Energia Elétrica do Poder Legislativo, o vereador Ezequiel Stahl (PTB) lembra que, além de barrar a expansão dos negócios dos agricultores, a precariedade da rede elétrica e a baixa potência de energia significam menos arrecadação de impostos para o Município e menos faturamento para a própria concessionária de energia.

Foto: Juliana Bencke / Folha do MateRepresentantes do Poder Público e da RGS Sul discutiram o assunto, na terça-feira
Representantes do Poder Público e da RGS Sul discutiram o assunto, na terça-feira

Ao encontro disso, o secretário municipal de Agricultura, André Kaufmann, acrescenta que os problemas na eletrificação rural também dificultam a diversificação. Segundo ele, atividades como a suinocultura, a criação de frangos e a produção de leite exigem que as propriedades disponham de uma energia com potencial. “Não tem como conseguirmos desenvolvimento rural sem que tenhamos energia elétrica de qualidade.”

Comissão

Além de integrantes da RGS Sul, de representantes das secretarias municipais de Agricultura e Desenvolvimento Econômico e Turismo, da Câmara de Vereadores, e do prefeito e vice, profissionais da Emater/RS-Ascar serão convidados a participar do grupo de trabalho sobre eletrificação, por conta do relacionamento com agricultores. A ideia é que a comissão realize o cadastramento dos produtores rurais que necessitam de melhorias na rede de energia, para mapear as localidades que mais demandam investimentos.

Representantes da RGE Sul visitam propriedades

Após a reunião na prefeitura, representantes da RGE Sul, acompanhados do vice-prefeito Celso Krämer e vereadores, visitaram propriedades nas localidades de Picada Mariante, Estância São José e Taquari Mirim, para conhecer as dificuldades enfrentadas pelos agricultores. Segundo o gerente comercial da distribuidora de energia, João Pedro de Quadros, na maioria dos casos há a necessidade de se investir em redes trifásicas, melhorar as monofásicas e instalar ou substituir transformadores.

A casa de Maiquiel Espíndola e Bruna Pitol, em Linha Taquari Mirim, entrou no roteiro da comitiva. Apesar de a propriedade ser contemplada pela rede trifásica, as frequentes quedas de energia causam prejuízos, como a queima de aparelho. O silo secador de milho só funciona quando os demais equipamentos da residência estão desligados. “Quando o silo está ligado não se pode ligar nada dentro de casa. Chuveiro, micro-ondas, nada funciona”, lamenta Bruna.

Além disso, de acordo com ela, o marido já deixou de adquirir um aparelho de solda, porque sabe que não há carga suficiente para que funcione ou não queime. Outro fato destacado pela agricultora foi a necessidade de compra de um gerador de energia, para poder erguer e utilizar a estufa de fumo com secagem elétrica. A medida foi tomada porque a secagem não pode ser interrompida por uma possível queda de energia.

Educação

Com cerca de 170 alunos, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Coronel Thomaz Pereira também sofre com os problemas de energia. Ao todo, a instituição conta com cerca de 150 aparelhos que necessitam de energia – desde computadores até condicionadores de ar, ventiladores e fogões. Apesar disso, não é possível usufruir de toda estrutura ao mesmo tempo. Quando os condicionadores de ar estão ligados, é inviável ligar os refletores na quadra esportiva.

 

 

Juliana Bencke

Editora de Cadernos

Responsável por coordenar as publicações especiais, considera o jornalismo uma ferramenta de desenvolvimento da comunidade.

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