Há 100 anos, nascia Alberto Seibert, um dos nomes que marcou a história de General Câmara e Vale Verde

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Nesta quarta-feira, 15, completa-se o centenário do nascimento de Alberto Frederico Seibert, cidadão que marcou a história política de General Câmara e na antiga Vila Mellos (atual Vale Verde). Para marcar a data, o professor Josinei Azeredo, de Vale Verde, organizou um histórico sobre Seibert.

“Alberto Frederico Seibert nasceu no dia 15 de setembro de 1921, na então Colônia dos Mellos, cuja sede municipal era Santo Amaro. A localidade também era conhecida com o nome Rheingau, denominação dada pelos primeiros colonizadores alemães vindos da região do rio Reno, na Alemanha.

Alberto era filho de Emilio Seibert e Sophia Seibert, nascida Ebert. Casou em 27 de julho de 1945 com Zulmira, filha de Pedro Dettenborn e Helma nascida Froemming. Cursou a escola primária na instituição local, mantida pela Comunidade Evangélica.

Desde cedo, mostrou habilidade com a música. Aos 11 anos, cantava num coral misto na igreja. Também fez curso para violino e acordeón. Adquiriu habilidade com vários instrumentos. Manifestava já então o desejo de ser professor e, em 1937, foi estudar em São Leopoldo, na escola de formação de professores ‘Deutsches Evangelisches Lehrerseminar’.

alberto seibert vale verde

Alberto Frederico Seibert, aluno em São Leopoldo (Foto: Arquivo pessoal)

A viagem para São Leopoldo começava de carroça até a estação de trem em Monte Alegre. Completou os dois anos, 1937 e 1938, sem dificuldade, mas em setembro de 1939, a escola foi fechada em consequência do início da guerra e assim teve seus estudos interrompidos. Começava a partir daí um período bem difícil.

Durante o período da guerra, houve uma flagrante perseguição aos descendentes alemães. A princípio, o governo brasileiro manifestou apoio ao eixo formado por Alemanha, Itália e Japão, mas retrocedeu e cancelou esse apoio. O motivo teria sido causado supostamente pelo afundamento de navios mercantes na costa brasileira por submarinos alemães, o que foi considerado muito controverso. Certamente, os submarinos alemães não iriam atravessar o Oceano Atlântico para atacar navios, eles tinham mais o que fazer. Consequentemente a situação ficou bem complicada, principalmente na região Sul do Brasil, onde uma das medidas adotadas proibia toda forma de expressão em língua alemã.

Em Vila Mellos, várias pessoas foram presas, inclusive Alberto e seu amigo Arlindo Rick tiveram prisão decretada por oito horas como advertência, por terem sido vistos, nos fundos de uma residência, conversando em alemão. Na época, havia dois aparelhos de rádio na localidade, um na casa de Carlos Froemming e outro na de Edvino Trarbach. À noite, pessoas se reuniam nessas residências para ouvir o noticiário. A todo instante alguém saía para dar uma volta na casa a fim de espantar algum policial designado para espiar e saber o que o pessoal estaria fazendo. Então, no segundo semestre de 1939, retornou a casa de seus pais.

Tendo a casa comercial de Carlos Froemming a necessidade de alguém para realizar a tarefa do controle financeiro do movimento entre produtores e indústria do fumo, abriu-se aí uma oportunidade de trabalho, pois Carlos manifestou a ideia e o desejo que Alberto poderia assumir essa tarefa. Começou a trabalhar ainda em 1939. Assumiu o serviço de contabilidade e uma das atribuições consistia em conduzir a gestão financeira da entrada e saída de fumo.

Depois de receber o fumo do produtor, era enfardado com uma prensa em fardos de 60 quilos e despachado para a fábrica de cigarros Sudan em Santa Cruz, sendo algumas cargas transportadas por Arnaldo com o caminhão de Emílio Seibert. Mais tarde, Carlos comprou um Ford 37 usado. Sempre que o volume compensava, Alberto ia a Santa Cruz fazer o acerto com a Sudan. Essa viagem era quase uma aventura, ia de carroça até a estação de Monte Alegre, deixava a carroça e os cavalos com um morador ao lado da estação, que tomava os animais sob seus cuidados até a volta e embarcava no trem para voltar no dia seguinte.

Em Santa Cruz, fazia o acerto de contas do fumo entregue até o momento, pagava fornecedores de mercadorias além de pagar duplicatas no Banco da Província e trazia o restante do valor para casa. Mesmo após a aquisição do caminhão, o ajuste financeiro continuou a ser processado dessa forma por vários anos até ter início o transporte de passageiros por ônibus entre Vila Mellos e Santa Cruz. Trabalhou na casa até se aposentar.

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Seibert, ao centro, em um almoço no Cassino dos Oficiais, em General Câmara. À esquerda, doutor Nestor Wagner, e à direita, capitão Oswaldo José de Souza (Foto: Arquivo pessoal)

Em 1941, foi convidado e participou de um curso intensivo para qualificar novos professores em São Leopoldo. Ao viajar no final de março, mal podia imaginar que era véspera da maior enchente registrada até hoje no Rio Grande do Sul. Já nos últimos dias do curso, a cidade foi invadida pela água do Rio dos Sinos. As atividades principais foram concluídas no fim de abril, mas ainda tiveram três dias de programação alternativa, principalmente canto e música instrumental. As notícias sobre a enchente em todo Estado eram preocupantes, mas conseguiu viajar de trem para Monte Alegre. Ao desembarcar na estação encontrou a água próxima aos trilhos e a casa comercial de Nero Freitas, abaixo da linha férrea, estava com água na altura das janelas. Nos fundos da casa havia um barco estacionado.

Entrementes, Alberto começou a participar da atividade política. Em 1941, ingressou no Partido de Representação Popular (PRP). Teve participação de destaque nas tratativas e na campanha que elegeu Nero Pereira de Freitas para prefeito de General Câmara. Foi nomeado sub-prefeito em Vila Mellos pelo prefeito Nero Feitas em 1948. O maior comício realizado na campanha do Nero, organizado pelo grupo de apoio de Vila Mellos, teve lugar na propriedade de Robert Franke. Em consequência, a festa da vitória foi no mesmo local, com enorme afluência vinda de todos os lugares do município.

Ainda em 1947, recebeu um convite para assumir uma vaga de professor no Instituto Rio Branco em São Leopoldo, criado e fundado no pós-guerra e que era uma extensão da Escola de Formação de Professores, que também foi reaberta e começou a funcionar em 1946. Para ele, o convite havia chegado de forma atrasada, pois já era casado e se sentia muito bem no seu trabalho. Por esse motivo, recusou.

Alberto trouxe o 1° aparelho telefônico, em Vila Mellos, no ano de 1970. Inicialmente, na casa comercial Froemming e outro no Hotel, localizado próximo ao Salão Kappel.”

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