Residência foi construída em 1880 e vai sediar o memorial da família Royer (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Residência foi construída em 1880 e vai sediar o memorial da família Royer (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Projeto da família Royer restaurou residência do primeiro imigrante da família, erguida no interior de Venâncio Aires há mais de 140 anos.

Mais de dois anos depois de começar a reforma de uma casa centenária no interior de Venâncio Aires, a família Royer anunciou a conclusão das obras. Com isso, está revitalizada a casa de Mathias Royer, primeiro imigrante da família no país e que ergueu a residência há mais de 140 anos, em Linha São João, região de Vila Estância Nova. A casa foi construída em 1880, quando Venâncio ainda pertencia ao município de Taquari – 11 anos antes da emancipação de Santo Amaro.

A residência será um local de preservação e de memorial dos descendentes de Mathias Royer e será inaugurada dia 24 de novembro, um domingo, quando também está previsto o segundo encontro da família, na Comunidade Nossa Senhora de Lourdes, em Vila Estância Nova. Foram gastos cerca de R$ 150 mil com a restauração. O dinheiro foi arrecadado com os próprios familiares que integram o Instituto Família Royer, com cerca de 120 associados, descendentes espalhados pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso.

Foto: Débora Kist/Folha do Mate

Estrutura original

A maior parte da estrutura foi mantida, como o madeirame nas paredes (que caracteriza o estilo enxaimel), aberturas e assoalho. Houve o restauro com lavagem, aplicação de inseticida contra cupim e pintura. Telhado e o forro são totalmente novos, mas mantiveram-se as tesouras. Nos fundos, onde há uma cozinha, foi tirado o reboco de barro para evidenciar as pedras de areia.

“Tivemos que substituir pouca coisa”, destaca Arno Royer, 65 anos, bisneto do imigrante e presidente em exercício do Instituto Família Royer. No início de 2023, ele e a esposa Elisa, 61 anos, trocaram Itapiranga, em Santa Catarina, pela Linha São João. Desde então, moram lá e trabalharam na reforma. A maior parte da mão de obra foi do casal, junto com o primo Paulo, que é de Venâncio. No entorno da propriedade, de 8,5 hectares, segue o trabalho de ajardinamento e reflorestamento. Já foram plantadas cerca de 200 árvores frutíferas.

Detalhes internos (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Arno (descendente do imigrante) e a esposa Elisa estão entre os responsáveis pela reforma (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Definições

• A revitalização da casa dos Royer foi pensada para ser um memorial da família, mas já despertou atenção de moradores de Venâncio. Perguntado se o local pode virar um ponto turístico e ficar aberto para visitações, Arno Royer explica que haverá uma assembleia do instituto ainda em novembro, onde essas e outras questões devem ser definidas.

• O memorial dos Royer é a primeira etapa de um projeto maior e que prevê a construção de um Centro Geriátrico na propriedade. Como se trata de um investimento milionário, dependerá da captação de recursos, por isso é algo pensado para o futuro. Projeto semelhante existe em Itapiranga, Santa Catarina, estado onde moram muitos descendentes dos Royer.

História da família Royer

Mathias Royer veio para o Brasil em 1860 e morou onde hoje é o município de Barão, na Serra gaúcha. Em 1880 chegou ao então Faxinal dos Fagundes (futura Freguesia de São Sebastião Mártir, como era chamada Venâncio até a emancipação, em 1891).

O imigrante nasceu em uma região entre a Bélgica e a França, atualmente Luxemburgo, um pequeno país europeu comandado por um grão-duque. Ou seja, os Royer têm origem francesa, mas a relação com alemães está presente. Prova disso é que a casa construída por Mathias é no estilo enxaimel, técnica associada aos germânicos. Muitos dos descendentes, aliás, falam a língua alemã.

Casa antes de iniciar a reforma. Compra do local foi efetivada pela família em 2021 (Foto: Débora Kist/Arquivo FM)