Ariel e Miguel se consideram os melhores amigos (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Ariel e Miguel se consideram os melhores amigos (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Seis anos, seis minutos, uma semana, 15 gramas e três centímetros. Descritos assim, esses números não fazem sentido de imediato, mas para dois irmãos representam as poucas diferenças entre um e outro. Miguel André Hinterholz nasceu em 2011 e Ariel Luiz Hinterholz em 2017, mas ambos vieram ao mundo num 4 de setembro, portanto, fazem aniversário no mesmo dia.

Miguel, aos seis anos, e Ariel, ainda bebê (Foto: Arquivo pessoal)

Para marcar esta quinta-feira, 5, quando se comemora o Dia dos Irmãos, a Folha do Mate foi conhecer essa dupla. Os meninos são filhos da química Eliana Adelita Hinterholz, 46 anos, e Luciano André Hinterholz, 44, moradores do bairro União, em Venâncio Aires. Miguel, o primogênito, nasceu quando a mãe completou 38 semanas de gestação. De parto normal, veio ao mundo às 13h24min de 4 de setembro de 2011, com 3,255 quilos e 47 centímetros. Exatamente seis anos depois, quando Eliana fechou 39 semanas de gravidez, nasceu Ariel, também de parto normal, às 13h30min, com 3,240 quilos e 50 centímetros. Ambos nasceram pelas mãos da médica Patrícia Pilz, no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM).

“Além do mesmo dia, a hora de nascimento e o peso deles são muitos aproximados”, destaca Eliana, ao lembrar dos dois partos num 4 de setembro, o que foi “pura coincidência”. Isso porque, assim como aconteceu com Miguel, a gravidez de Ariel foi desejada, mas não houve programação de parto. “A única coisa diferente que fiz foi o controle de ovulação, porque não estava conseguindo engravidar. E aí aconteceu. A ecografia marcava mais para o fim de setembro.” No entanto, Eliana começou a sentir contrações já na madrugada e por isso teve certeza: o segundo filho viria naquele dia. “Seis anos depois, a vida acabou me dando mais um presente no dia 4 de setembro.”

Encontro no carro

No dia do nascimento de Ariel, Miguel completou seis anos, mas os pais lembram que não houve festa naquele 2017. A família ainda vivia um luto, já que Loni, mãe de Eliana, faleceu quando a filha estava grávida. No dia 5, no caminho do hospital para casa, buscaram Miguel na escola e foi dentro do carro que houve o primeiro encontro entre os irmãos. “Ele é muito bonitinho!”, foram as primeiras palavras do mais velho, ao ver o mais novo integrante dos Hinterholz.

Meninos têm gostos em comum e jogar vôlei e andar de bicicleta estão entre os passatempos (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Semelhanças e diferenças

Mi e Ari, como são carinhosamente chamados pelos pais, têm muitas semelhanças. Ambos gostam de animais. Em casa, as brincadeiras e os cuidados são com Zorro, Princesa e Bengala, os três cachorros, além da gata Mina. Também gostam de alimentar os pássaros silvestres que aparecem no entorno da casa, que é bastante arborizado.

Gostam de andar de bicicleta, jogar vôlei e futebol no pátio de casa. São estudantes da Escola Municipal Odila Rosa Scherer (Miguel no 7º ano e Ariel no 1º ano do Ensino Fundamental) e tiram boas notas. Também gostam de assistir filmes e dormem no mesmo quarto. Se consideram os melhores amigos, dividem segredos e aquelas bagunças saudáveis de qualquer criança.

Entre as diferenças, Miguel tem olhos azuis (herança dos bisavós) e Ariel castanhos, como os pais. Enquanto o mais velho adora comer feijão, o alimento é evitado pelo caçula. Ariel, por sua vez, não nega as frutas, as quais não agradam o paladar de Miguel. Em comum, os dois são só elogios para a pizza e a massa caseira preparadas pela mãe.

Foto: Débora Kist/Folha do Mate

Aniversário

• Os irmãos estiveram de aniversário ontem e, no sábado, 7 (data que a vó Loni completaria 71 anos), haverá uma festa para os dois em casa. Aliás, como não poderia ser diferente, nos últimos seis anos a festa é ‘dupla’. Para a mãe Eliana, que não tem irmãos, é uma alegria ver os filhos crescendo juntos e tão próximos. “Digo para eles que na vida, um tem que ajudar e cuidar do outro. Desejo que eles continuem companheiros, como sempre foram.”

Quanto completaram 6 e 12 anos, em 2023, ao lado dos pais, Eliana e Luciano (Foto: Click&Decora)

Relação saudável na infância e os reflexos na vida adulta

Para a psicóloga Raquel Bergamaschi, a infância desempenha um papel fundamental no relacionamento entre irmãos na vida adulta. “Irmãos que desenvolvem uma relação saudável e de amparo na infância tendem a manter vínculos fortes e positivos na vida adulta. Por outro lado, rivalidades intensas na infância ou conflitos não resolvidos podem levar a relações mais distantes ou conflituosas no futuro.”

Raquel comenta ainda que um irmão pode ser completamente diferente do outro e, mesmo compartilhando a mesma casa e sendo criados da mesma forma, isso não garante que serão grandes companheiros. “Os pais podem incentivar os filhos a estabelecer um relacionamento próximo entre si até a idade adulta, porém o vínculo entre eles só será estabelecido a partir de uma ligação afetiva forte, construído, sobretudo, pela convivência, intimidade e amor que nutrem um pelo outro.”

A psicóloga também destaca que a relação entre irmãos é benéfica e produtiva para o desenvolvimento do ser humano e ter um irmão na infância ajuda na autonomia, na convivência, na formação de vínculos, e a criança aprende a dividir e a cooperar. “Ter um irmão é conviver com alguém que nos conhece tão bem, que podemos dividir não só um pai e uma mãe, mas também tristezas, alegrias, responsabilidades, sucessos e decepções da vida. É ter uma ponte para o passado, compartilhando as memórias guardadas. Os irmãos também podem se apoiar nas situações de crise e, enquanto suporte familiar, podem se encarregar do cuidado dos pais quando eles, em sua velhice, necessitarem dos filhos.”

“Aqueles que cultivam um vínculo cheio de afeto, cumplicidade e companheirismo, sabem o quanto é importante o amor de irmão.”

RAQUEL BERGAMASCHI – Psicóloga