Ao longo dos 133 anos de Venâncio Aires enquanto município, há empresas que acompanham boa parte dessa história. Muitas delas se estabeleceram e cresceram levando uma coisa em comum: o sobrenome das famílias que começaram as atividades, nos mais variados segmentos, como na indústria, no comércio e na agricultura. Assim, carregando uma herança dos colonos imigrantes, tanto no nome como no conhecimento do trabalho, tornaram-se referência na cidade.
O rancho no Lenz, o tênis da Pilz, a madeira dos Haas, a carne dos Kroth, as lavouras dos Bencke. Se você é de Venâncio, com certeza se familiariza com essas associações, algumas delas que começaram há mais de 100 anos. É o caso da loja Calçados Pilz, localizada na rua Osvaldo Aranha, cuja atividade começou em outubro de 1904, ou seja, vai completar 120 anos em breve.
O negócio familiar hoje é mantido por Ursula Pilz, 74 anos, e o filho dela, Sandro Daniel Pilz, 54. Ursula era casada com Zildo (já falecido), neto de Antônio, a pessoa que começou com a fábrica de tamancos, chinelos e botas coloniais. “É um nome que a gente presa muito. As pessoas do interior vêm, dizem que querem ir no Pilz por ser uma loja tradicional e as atendentes falam o alemão. É um orgulho enquanto família e empresa, ainda mais para mim, que estou aqui há 56 anos e conheci muitas gerações”, destaca Ursula, que está na direção da loja desde 1988.
Os descendentes dos Bencke e a tradição na agricultura
Um dos nomes de imigrantes mais conhecidos em Venâncio Aires é de Christian Heinrich Bencke. Ele era um soldado do Exército alemão e foi o primeiro imigrante a chegar em Centro Linha Brasil, em 1860. Devido ao uniforme verde do exército para se camuflar na mata, caçar e pescar naquela região, Bencke ganhou o apelido Grüner Jäger – caçador verde, na tradução. Grüner Jäger, aliás, foi o primeiro nome de Linha Marechal Floriano.
Do imigrante, descenderam agricultores que também viraram referência em Venâncio, pelo seu trabalho importante na produção, especialmente de grãos. “Na agricultura, principalmente, tudo começou com meu avô Helberto, que plantava tabaco. Passou a criar suínos, e depois meu pai, Ivo, começou a arrendar terras e foi aumentando a produção de soja, milho e trigo”, comenta Carlos Ivan Bencke, 33 anos, morador de Linha Isabel.
“Temos muito orgulho de ser Bencke e agricultores, plantando, colhendo e transportando. Nosso trabalho nos inspira a semear esperança e cultivar o respeito por quem tem história”, ressalta o agricultor, que é pentaneto de Christian Heinrich Bencke. O filho de Carlos, aliás, tem 6 anos e foi batizado como Cristian Henrique, uma homenagem ao imigrante.
Lenz: da fábrica de sabão aos supermercados
Um dos sobrenomes mais conhecidos em Venâncio Aires são os Lenz, família que mantém um dos supermercados mais tradicionais da cidade e que teve sua origem na década de 1950, com a fábrica de sabão, depois de balas e schmier, e até torrefação de café, de Willibaldo Lenz – avô de Daniel, atual sócio.
Na década de 1980, começou a comercialização de outros produtos, numa mercearia, a qual evolui para o supermercado que viraria a matriz, na rua Osvaldo Aranha. O empreendimento seguiu crescendo, conta com filiais no Centro (rua Tiradentes) e bairro Aviação e agora está prestes a abrir a quarta loja, no bairro Xangrilá. “A história do município se entrelaça com a do mercado. O Lenz contribuiu para o crescimento de Venâncio e o município contribuiu para que o Lenz progredisse”, observa o coordenador de Marketing da empresa, Thomás Lenz.
Os Kroth de Vila Santa Emília
Dos nomes que se fundem com as histórias de Venâncio, também estão os Kroth, de Vila Santa Emília. Mas, além da história do frigorífico, que começou em 1956, trata-se de uma trajetória familiar sempre presente e ativa na comunidade. Um dos diretores da empresa, Fábio Kroth, cita, por exemplo, a ajuda nas estradas no período em que eram abertas pelos moradores, na fundação do time de futebol e na construção do campo e da sede da sociedade São Luiz.
Ele comenta ainda sobre o sentimento de pertencimento que os Kroth têm em relação a Venâncio Aires. “O sentimento da família de permanecer nesta comunidade, de retribuir por tudo que passou e construiu aqui, até hoje sempre foi mais forte. Inclusive a família já visitou a região do rio Mosel, na Alemanha, onde se encontra a Vinícola WeinGut Kroth, de onde saíram os antepassados da família, dois irmãos, e um ficou com a atividade, que permanece até os dias atuais.”