Por Cassiane Rodrigues e Débora Kist
O gosto e o jeito para cuidar de pessoas despontaram ainda muito cedo. Ela era só uma menina de sete anos quando percebeu essa aptidão. Foi brincando com as amigas, com as bonecas e fazendo curativos no avô materno, Huberto Christmann, agricultor em Linha Sapé, que Sandra Inês Silberschlag quis ser médica. Na infância tudo começou como uma maletinha carregada de equipamentos médicos de brinquedo, e hoje, aos 52 anos, quase metade da vida dela já se dedicou à profissão e o tem feito na cidade onde nasceu. São 25 anos de atuação em Venâncio Aires e as ‘bodas de prata’ como ginecologista e obstetra, Sandra completou nessa sexta-feira, 26.
A médica se formou em 1996, na Universidade Federal do Rio Grande (Furg), e fez dois anos de residência em Londrina, no Paraná. “Me apaixonei pelos nascimentos e também pela cirurgia ginecológica”, conta a médica, ao falar da escolha pela ginecologia e obstetrícia. Na época, ela teve convites para seguir no Paraná e até oportunidade de trabalhar na Itália, mas o apego à família lhe trouxe de volta. Há 25 anos, Sandra foi uma das primeiras mulheres ginecologistas no município – Luciane Bernardi chegou um ano antes. Até então, a especialidade ficava a cargo dos médicos Hélio Artus, Luiz Mendes, José Luiz Martins Costa e Cláudio Pimentel.
Em abril de 1999, ela abriu o primeiro consultório, na sala 302, no Centro Clínico Unimed. Foram apenas sete anos lá, mas muitas histórias, como da Cristiane Marges, que veio ao mundo através das mãos de Sandra e que, nesta semana, se tornou mãe, parto também feito pela médica (veja a seguir). Ainda foi no consultório 302 que começou a trajetória de Marione Maria Johann, 45 anos. Ela é a secretária de Sandra desde maio de 1999 e segue trabalhando com a médica até hoje. A proximidade e confiança mútua acabaram levando para outra ‘parceria’ e Sandra se tornou médica de Marione nas duas gestações da secretária, fazendo as cesarianas que trouxeram ao mundo Mariana e Martina, hoje com 17 e 7 anos, respectivamente.
Sonho de ter uma clínica
No fim de 2006, Sandra realiza um grande sonho: ter um espaço maior e multidisciplinar para atender as mulheres de forma mais ampla. Esse sonho se realizou após a compra e reforma de uma casa na esquina das ruas General Osório e Visconde do Rio Branco, a qual ela batizou de Clínica Victoria. O nome, naturalmente, tem a ver com conquista, mas também foi uma homenagem à sobrinha Victoria. Por isso, manteve a grafia do nome próprio.
Atualmente, a clínica oferece atendimento de dermatologista, nutricionista e de ginecologista. Além de Sandra, trabalha no local a médica Fernanda Câmara Lopes. É esta colega, aliás, que atualmente cuida da saúde de Sandra, sendo a ‘ginecologista da ginecologista’.
Já quem acompanhou o nascimento dos filhos de Sandra, foram outros médicos. Do primogênito Theodoro, 17 anos, foi José Luiz Martins Costa. Quanto às gêmeas Maria Rita e Maria Laura, 13 anos, que nasceram prematuras, o parto aconteceu em Santa Cruz, para o caso de necessidade de UTI neonatal. As crianças também são filhas do arquiteto Adirson Seeger, com quem Sandra é casada desde 2006.
Cirurgias
Sandra destaca que, nesses 25 anos, junto com os nascimentos, o que mais gosta na profissão são as cirurgias ginecológicas. Por isso, além de participar anualmente de congressos médicos, procura se especializar.
Tem cursos de videolaparoscopia (técnica minimamente invasiva) e de videohisteroscopia, que consegue ver o útero por dentro. “Vi que tinha uma demanda grande de pacientes que necessitavam fazer o procedimento e atualmente é a cirurgia que mais faço.”
Sandra também é conhecida da Unidade Básica de Saúde Central, o postão Central, e trabalha na saúde pública há 20 anos.
Para a médica, embora 95% da obstetrícia seja considerada linda, há uma pequena parcela muito difícil de encarar. “Quando acontece um aborto ou perda de um bebê de forma inexplicável. Isso é muito triste também para o profissional. A gente precisa dar o máximo, mas às vezes nosso máximo não é suficiente para salvar a situação do paciente.”
Família
• Com 25 anos de atuação, Sandra já atendeu gerações diferentes de uma mesma família, como mães, tias, filhas, irmãs e primas. “Isso é muito gratificante, ter a confiança de cuidar de uma família toda.”
• Sobre família, aliás, a médica também tem uma paciente muito especial: a mãe Milita, 79 anos, e acompanhou os partos de dois sobrinhos, que nasceram na Itália.
• A ginecologista também cita a importância do pai, Asuir, que sempre a incentivou a estudar para não desistir da carreira, bem como a ajudou a abrir o primeiro consultório e depois a clínica.
“O que mais me orgulha nesses 25 anos foi ter ajudado muitas mulheres, seja num parto, seja numa cirurgia. Eu estive presente em milhares de momentos delicados, mas também felizes.”
SANDRA SILBERSCHLAG – Médica ginecologista e obstetra
3,1 mil – é o número aproximado de partos que Sandra fez em Venâncio Aires.
Mãe e filha nascem pelas mãos da mesma médica
Quantas histórias ‘cabem’ em um Fusca azul 1975? Para a família Marges, de Vila Teresinha, são inúmeras vivências em um automóvel que simboliza, sobretudo, a vida. Foi neste carro que uma das primeiras pacientes de Sandra, Ana Lúcia Dick Marges, 59 anos, saiu diversas vezes do interior para o Centro de Venâncio para as consultas médicas do pré-natal e o nascimento da filha Cristiane Fernanda Marges, hoje com 24 anos. O carro dirigido pelo marido dela, Lotamir Marges, era do pai dele, Paulo Ernesto Marges.
Coincidência ou ironia do destino, o mesmo Fusca está na terceira geração da família. Com a mudança para Lajeado, Cristiane e o marido, Luís Fernando Meneghetti, ficaram com o carro e fizeram o trajeto até Venâncio, mensalmente, para as consultas e para o dia do nascimento de Aurora Caroline. A menina veio ao mundo pelas mãos da médica Sandra, assim como Cristiane (que foi o terceiro parto da obstetra em Venâncio), às 7h50min da última terça-feira, 23, no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM).
Escolha
Ana Lúcia consultou com Sandra Silberschlag pela primeira vez após procurar por um profissional nos anúncios do jornal Folha do Mate. “Fomos muito bem recebidos por ela e, hoje, ela é amiga da família. Minhas duas filhas também são pacientes dela e temos muita gratidão por tudo que ela já fez pela nossa família”, comenta.
Cristiane e a irmã, Carolina, de 30 anos, também são pacientes. “Ela já era minha médica, acompanhou minha mãe. Pela relação de confiança que já tinha, escolhi vir para Venâncio para o acompanhamento e nascimento da Aurora Caroline. É uma profissional maravilhosa”, afirma Cristiane. “Garanto que ela vai continuar fazendo bem para nossa família”, acrescenta Ana Lúcia.