Entre as cerca de 50 pessoas que integram a equipe da Folha do Mate, atualmente, algumas estão no jornal há várias décadas. A funcionária com maior tempo de empresa foi Luci Ellwanger. Ela ingressou no jornal no ano seguinte à criação da empresa e atuou por 47 anos, tendo se desligado no ano passado, por conta da pandemia de Covid-19. O diretor de Conteúdo, Sérgio Klafke, que já foi auxiliar de entregador, repórter, editor e chefe de circulação do jornal, está na empresa desde 1973.
Além dele, profissionais de diferentes setores já somam mais de 30 anos de atuação no local. Para destacar a trajetória dessas pessoas que ajudaram a construir a história do jornal, eles relembram fatos marcantes, curiosos e emocionantes, onde situações das suas vidas se entrelaçam com a história da Folha do Mate.
Alvaro Pegoraro
Alvaro Pegoraro, 53 anos, está há 33 na Folha. Repórter e fotojornalista, é responsável pela editoria de polícia. De acordo com ele, a relação com a Folha do Mate dá um livro bem recheado de histórias. Para marcar os 49 anos da empresa, ele compartilha uma situação engraçada.
“Uma das histórias mais marcantes foi o primeiro dia de trabalho do amigo e colega Locimar da Silva, que segue na Folha. Naquela época, o jornal circulava duas vezes por semana e, na noite de fechamento da edição da sexta-feira, o seu Asuir ia até o jornal preparar uma janta para a equipe.
Naquele dia, o seu Asuir orientou o Loci a passar no jornal, depois que saísse da escola (estudava no Monte das Tabocas, à noite), para jantar antes de ir embora. Como de costume, era uma comida feita em uma panela só e o Loci foi a cobaia para experimentar o sal (como muitos outros já haviam sido). Mas o seu Asuir enchia a colher com sal e depois com molho e todos ficaram espreitando para ver o grito da pessoa, reclamando que estava muito salgado. Mas o Loci foi o único que não reclamou. Olhou para o seu Asuir, chacoalhou a cabeça positivamente e deu a tradicional gargalhada. Capaz que, no primeiro dia de trabalho, ia reclamar da comida do chefe!”
Kinha Heck
Kinha Heck, 57 anos, é funcionária do jornal há 33 anos. Se, pelo nome, Naide Teresinha Heck, quase não é conhecida, o apelido e o ‘sobrenome’ Folha do Mate se tornaram referências. “Sou a Kinha da Folha do Mate”, afirma a colunista social e contato comercial. “Por conta da pandemia, desde março de 2020, estou sem fazer a coluna social, mas quem sabe volto logo?”.
A admiração pelo jornal começou antes dela ingressar na equipe, quando ficava ansiosa para receber o jornal, em casa, na época, nas terças e sextas-feiras. “Esperar para receber em mãos o jornal se tornou um vício, e um vício muito bom. E quem diria, a pessoa que adorava ler o jornal hoje está com 33 anos trabalhando na casa”, compartilha.
“Vestir a camisa da Folha do Mate é uma honra. Fazer parte deste time é bom demais, aprendemos todos os dias. Sempre digo, quando tu faz o que gosta, vale a pena sair da cama todos os dias.”
KINHA HECK – Colunista social e contato comercial
A oportunidade de trabalhar no veículo de comunicação surgiu em 1988. Ela integrava o Rotaract e foi pedir emprego ao rotariano Asuir Silberschlag, proprietário da Folha do Mate. Não havia vaga disponível, mas ele achou uma função para Kinha: fazer uma pesquisa de satisfação para saber como o jornal estava sendo recebido, o que faltava ou o que poderia melhorar.
“Nessa pesquisa, sentimos a falta de uma coluna social. A pesquisa começou em maio de 1988 e, em agosto do mesmo ano, fui fazer a cobertura do Jantar Só Elas. Dali em diante não parei mais, surgiu a coluna social Kinha Heck”, detalha.
Entre coberturas de casamentos, formaturas e 15 anos, são muitas lembranças e histórias para contar. A tradicional Festa da Kinha, que era realizada todos os anos, para comemorar o aniversário da coluna, também marcou história. A primeira ocorreu na Scaller. “Na época, um dos point de festa da nossa city, comandada pelos irmãos Tavinho e Serginho Botelho. A festa foi com convites nominais, tinha lista de convidados de Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul e Lajeado, era uma disputa para conseguir um convite”, relembra. Ao todo, foram 31 eventos. “O que mais acontece hoje é encontrar pessoas que já foram numa das festas da Kinha. Relembrar estes momentos é tudo de bom.”
A colunista social ressalta que as redes sociais geraram uma grande transformação. “Com as redes sociais, todos nós podemos ser fotógrafos ou repórteres, mas o que fica mesmo registrado na história é no jornal impresso.”
Roni Müller
Roni Müller, 50 anos, é repórter esportivo. Com duas ‘temporadas’ no jornal, iniciou na empresa aos 13 anos, em 2 de maio de 1985. Foi jornaleiro e office boy, até maio de 1991.
Já casado com Teresinha Rosilene Müller e pai de Luís Felipe Müller, retornou em dezembro de 1994. Passou, então, a trabalhar como encadernador, além de atendente na Foto Folha do Mate e no setor de Xerox. Também auxiliava na redação, o que o possibilitou a inserção no jornalismo. “Comecei redigindo notas de veteranos e, aos poucos, diante do maior interesse pela área esportiva, passei a acompanhar e fotografar jogos do Sesi. Fui evoluindo até chegar nas coberturas em jogos do Campeonato Municipal organizado pela Assoeva e, na sequência, o Regional da Aslivata. Além disso, tinha as coberturas fotográficas em jogos das mais diversas modalidades”, comenta.
Uma das lembranças marcantes, para Roni, foi aos 15 anos. “Houve a separação dos meus pais e, diante das inúmeras dificuldades financeiras em meio a esse processo, muitas vezes pude contar com a ajuda do Asuir. Foi ele que me deu apoio e suporte para a compra da primeira moto aos 18 anos a exemplo do ‘acordo’ mais tarde para a troca por um carro.”
Na vida ‘dentro da Folha do Mate’, Roni Müller também acompanhou toda a evolução no processo de produção do jornal.
“Desde a montagem, processos de fotolitagem que está extinta, revelações de filmes de fotos que hoje é digital. Foram anos e anos e alguns quilômetros percorridos de kombi até Santa Cruz do Sul, onde se levava os fotolitos prontos e aguardava a impressão do jornal. O retorno sempre foi ao longo da madrugada do dia da edição. As mudanças foram radicais.”
“Hoje, para trabalhar, a cada ida e vinda pelo corredor de acesso à Redação, se passa em meio a um pequeno museu que está exposto. A cada olhar, para qualquer um dos itens expostos, a memória capta a lembrança de como o trabalho era realizado.”
RONI MÜLLER – Repórter
Locimar da Silva
Desde 1989, Locimar da Silva, 46 anos, integra a equipe. Apesar da função de auxiliar ‘de escritório’, na maior parte do tempo ele está, mesmo, é na rua. Não é a toa que conhece a cidade quase de olhos fechados.
Loci iniciou as atividades como entregador de jornal. Na época, trabalhava de bicicleta. Além disso, fazia cobranças, como office boy. “Fui para o quartel, mas voltei e continuei na Folha. É uma parte muito importante da minha vida”, diz ele, que, ao longo dos 32 anos, casou e teve três filhos.
Entre as atribuições atuais de Locimar estão as cobranças a clientes da Folha. Ele também é responsável por buscar as sobras de jornais, nas bancas de venda, e retirar os folhetos nas lojas, para que sejam encartados no jornal. Esse contato intenso com o comércio faz com que seja muito conhecido em Venâncio. “Às vezes vou comprar uma coisa, em alguma loja, mas acham que estou trabalhando”, comenta, entre risos. “Fiz muitas amizades e de tudo um pouco nesse período na Folha.”
Ao longo do dia, é comum ver o Loci de kombi ou de moto pela cidade. Além disso, de madrugada, ele realiza entregas de jornal para cobrir os roteiros de alguns entregadores, quando há necessidade. É justamente da atividade como jornaleiro uma das histórias mais engraçadas e inesquecíveis, quando pregou uma peça em um colega novato. “Estava ensinando um roteiro da rua Sete de Setembro. Quando chegamos perto do Cemitério Municipal, falei que tinha um assinante lá e mostrei onde tinha uma luz acesa. Ele foi até lá, entrou no cemitério e voltou, dizendo que não tinha encontrado ninguém. Eu já tinha feito isso com vários outros, mas até então ninguém tinha tido coragem de entrar”, conta ele, com sua gargalhada inconfundível.
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