Hospital aposta em empréstimo consignado para reduzir dívidas

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O Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) vai recorrer a instituições financeiras para tentar resolver parte da sua dívida que soma R$ 17 milhões. A informação é do advogado Luciano Spies, eleito nesta semana como novo presidente da casa de saúde.

A maior parte do déficit corresponde a dívidas com agências bancárias, mas também há débitos fiscais e parcelados – que contabilizam como dívida – ainda que não estejam vencidos. Como o valor é histórico e continua aumentando, o objetivo é frear esse crescimento. “Na época da intervenção, em 2011, a dívida era de R$ 15 milhões. Ele não cresceu de forma tão violenta, mas vem crescendo. Estancando isso, podemos amortizar, mês a mês, e reduzir a dívida”, explica Spies.

O caminho encontrado para isso é um empréstimo consignado. Como hoje o hospital paga algo em torno de R$ 200 mil mensais só de juros de todo valor captado junto a instituições financeiras, o empréstimo seria uma alternativa de juros mais baixos.

Nomes e valores não foram detalhados, mas a informação é que uma das tentativas foi negada e outras duas estão em análise pelas direções dessas instituições financeiras. A expectativa é receber alguma resposta ainda em junho e ganhar novo fôlego para trabalhar pelos próximos seis meses. “O empréstimo consignado é o que tem garantia de recebimento. Em tese, o juro é menor e também é menor o risco da operação. Não vejo, do ponto de vista legal e financeiro, problemas nesse tipo de empréstimo”, avalia o presidente.

FATURAMENTO

Outra aposta da nova diretoria é ampliar o faturamento com atendimentos particulares e convênios, oferecendo um serviço ‘diferente’. Segundo Luciano Spies, houve reformas e melhorias na chamada ala A, onde são internados os pacientes particulares. “A ideia é que o paciente que tenha condição de pagar por atendimento particular, não migre para Santa Cruz ou Lajeado, porque vai ter um serviço de excelência aqui. Esse trabalho será feito junto aos médicos também. É uma forma que encontramos de aumentar o faturamento.”

Spies disse ainda que essa iniciativa não anula os demais setores. “Nos convênios também, porque fizemos algumas reformas nos quartos semiprivativos. Não vamos perder a atenção do SUS, que é muito bom e não vai deixar de ser bom. Mas como o SUS é engessado em contratos, vamos buscar uma renda maior nos convênios.”

“Vai ser um processo longo e sofrido, porque precisamos segurar as despesas e aumentar as receitas. Não é uma mágica. Vamos precisar de um pouco de paciência de fornecedores, de médicos e funcionários, porque não será de uma hora pra outra que vamos conseguir regularizar as dívidas.”

LUCIANO SPIES

Presidente do HSSM

Risco de novos atrasos existe

Se houver uma resposta positiva em relação ao empréstimo consignado, Luciano Spies acredita que em até três meses muita coisa esteja regularizada. Mas, até lá, ele não descarta novos atrasos em pagamentos e isso inclui salários. “Existe a possibilidade de atraso e é possível que em junho também enfrentemos essa situação. Sabemos que isso atrapalha a vida financeira do funcionário, porque todos têm suas obrigações. Estamos desconfortáveis e não é proposital. Se tivéssemos recurso em caixa, seria pago imediatamente.”

Conforme Spies, a ideia é encurtar o prazo e conseguir liquidar a segunda parcela antes do dia 20. “Isso passa também por sucesso na negociação do empréstimo consignado. Mas um atraso pode acontecer. Trabalhamos em uma linha tênue e ainda assim fechando no negativo o mês. Então se não entra um recurso que a gente esperava, esse negativo fica pior.”

De acordo com o presidente, em custos operacionais, o déficit mensal é de R$ 200 mil. Esse valor considera o que é faturado – e deveria ter sido recebido – e aquilo que se teve de despesa.

FUNAFIR

1 À mercê dos atrasos em repasses estaduais, o hospital espera que o Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados, Sem Fins Lucrativos e Hospitais Públicos (Funafir), também garanta uma tranquilidade às finanças.

2 A abertura de uma linha de crédito para hospitais filantrópicos e santas casas do Rio Grande do Sul, no valor total de R$ 90 milhões, foi anunciada pelo governo gaúcho em fevereiro. “A gente sempre depende do repasse do Estado. Em maio firmamos o Funafir, um empréstimo junto ao Banrisul, onde nós tomamos o empréstimo, mas quem paga é o Estado”, explica Luciano Spies.

3 Conforme o presidente, isso vai possibilitar que o governo coloque em dia o que tem de atraso com o hospital e com o Município, já que parte do Estado a Prefeitura já tinha adiantado – R$ 770 mil. “Ainda precisamos acertar esse valor com o Município, já estamos em conversa.”

Presidente quer maior participação do corpo clínico

Durante a assembleia de quarta-feira, 29, que elegeu, por aclamação, Luciano Spies como novo presidente do hospital, um dos pontos destacados por ele foi o de fazer uma gestão com a maior participação do corpo clínico. “Independente do excelente trabalho dos enfermeiros e técnicos, o médico é o profissional razão do hospital. Por isso é fundamental que entendam a situação que vivemos e tragam sugestões”, destacou Spies.

Ele mencionou um trabalho já iniciado pelo médico Guilherme Fürst Neto, sobre a implantação de protocolos. Na prática, quando o hospital receber um determinado paciente, com uma determinada enfermidade, haja um padrão para seguir. Se vai ser internado, qual a medicação e todo um procedimento que já vai estar escrito. “Por exemplo: vai ter uma medicação, que não precisa ser a mais cara, mas que tenha a mesma efetividade da mais cara. Então isso tudo vai ser discutido com o corpo médico e vai se traduzir, possivelmente, em economia para o hospital.”

O secretário de Saúde de Venâncio Aires, Ramon Schwengber, e que integra o novo Conselho de Administração do HSSM, também ressaltou a ajuda de todos os envolvidos. “Só temos um hospital então todos precisam se envolver e ajudar no que for possível. Entendo que renovar é sempre bom e o Luciano chega com ‘gás’ renovado. A Prefeitura é parceira e vamos continuar assim.”

SUCESSÃO

Luciano Spies, que era vice-presidente nas duas últimas diretorias, foi o escolhido para presidir a instituição até 2021. Oly Schwingel, presidente desde 2013, agora é o vice. À reportagem, Schwingel destacou que, nos seis anos à frente da presidência, um dos seus maiores orgulhos foi participar da inauguração da UTI Adulta, em 2013. Para a sequência do trabalho, diz que segue otimista e sem receios. “O principal motivo da minha continuidade na diretoria é seguirmos com o projeto de ocupação do prédio da UTI. Ainda temos 1,9 mil metros quadrados para serem usados e a UTI Neonatal tende a ser lá.”

Nova diretoria é composta por sete integrantes (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Diretoria Executiva

Presidente: Luciano de Azambuja Spies

Vice: Oly Pedrinho Schwingel

Secretário: Juliano Angnes

Tesoureiro: André Fernando Gerlach

Vice-secretária: Juliana Bohn Assmann

Vice-tesoureiro: Marcelo Farinon

Suplente: Marcelo André Müller

Conselho Fiscal

Cláudio Diettrich

Airton Artus

João Moacir Ferreira

Ivan Seibel (suplente)

Luiz Paulo Artus (suplente)

Conselho de Administração

Município de Venâncio Aires: André Puglia, Beatriz Vogel e Daiana Porn

Diretoria do HSSM: André Gerlach

Corpo Clínico HSSM: Jorge Nazário

Clubes de Serviço de Venâncio Aires: Ramon Schwengber

Associação de funcionários do HSSM: Cássio Severo



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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