
Destaque nos últimos dias nas páginas da Folha do Mate, as finanças do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) voltam à pauta nesta semana. Mas, diferente das abordagens anteriores, quando destacou o valor do convênio com a Prefeitura para 2019 e a considerada ‘administrável’ dívida com bancos, dessa vez há uma preocupação imediata: o atraso no pagamento de salários e férias de funcionários.
Os depósitos a cerca de 500 funcionários – aqui incluídos os profissionais da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – chegam a pouco mais de R$ 1 milhão. Eles deveriam ser feitos nesta terça-feira, 8, mas devem ocorrer, na melhor das hipóteses, apenas na sexta, 11. É o que indica um comunicado assinado pelo administrador da casa de saúde, Fernando Branco.
Segundo ele, o atraso é devido ao não pagamento dos repasses do Estado e do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE). Juntos, os valores atrasados chegam a R$ 1,5 milhão. “Isso está acontecendo com vários hospitais, porque Estado e IPE não estão cumprindo com o calendário. Por isso, nesse momento, não temos como honrar com a folha”, lamentou Branco.
O administrador, por outro lado, se mostra otimista para a que a situação se resolva até o fim da semana. “Estamos numa força tarefa para que até sexta esteja tudo em dia.”
PLANO BMesmo otimista em relação aos repasses atrasados, a administração do HSSM preferiu não arriscar e a situação já foi comunicada, também, à Prefeitura de Venâncio Aires. O Município seria o ‘plano B’ para ajudar com a conta e, se de fato tiver que dar auxílio, será antecipando a parcela dos serviços de janeiro. Assim, pela renovação do contrato assinado na última semana, seria algo em torno de R$ 664 mil. “Já comunicamos a Prefeitura e provavelmente precisaremos dessa antecipação”, destacou Fernando Branco.
Uma terceira alternativa, por enquanto, foi rechaçada pelo administrador. Assim, o plano C de recorrer a empréstimos não é cogitada.
SINDICATOA expectativa do pagamento para o dia 11 não tem garantias. Ainda assim, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Santa Cruz do Sul e Região prefere, neste primeiro momento, depositar as fichas no que foi apalavrado.
O presidente do Sindisaúde, José Carlos Haas, diz que espera pelo cumprimento do pagamento dos salários. “Isso deixa todo mundo chateado e é muito desagradável para os funcionários. Esperamos que seja cumprido até o fim de semana. De qualquer forma, com o Judiciário em recesso, nem adianta encaminhar nada. Então vamos confiar que tudo se resolva até sexta.”
ATRASOS
Segundo o administrador do HSSM, Fernando Branco, o Estado deve cerca de R$ 1 milhão (dívida referente a outubro, novembro e dezembro de 2018) e o IPE deve em torno de R$ 500 mil (referente a novembro e dezembro).
Mensalmente, o Estado deveria repassar cerca de R$ 330 mil e o IPE, R$ 250 mil. União e Prefeitura estão em dia com seus repasses ao hospital.
No dia 4 de janeiro, a matéria da Folha “Plano financeiro quer recuperar dívida de R$ 10 milhões” destacava que salários, atendimentos, impostos e fornecedores estavam ‘em dia’. Com a diferença, agora, dos salários, Fernando Branco reafirmou que todo o restante está devidamente atualizado.
Em janeiro de 2018, o HSSM viveu situação semelhante. Com isso, os salários de dezembro de 2017 foram depositados em duas vezes. A quitação foi possível após antecipação da parcela do convênio com a Prefeitura.
“Se houver viabilidade, apoiaremos”
Abertamente apontada como principal ‘fiadora’ de recursos, a Prefeitura de Venâncio Aires afirmou que, se preciso, ajudará, como aconteceu em 2018. Segundo o secretário de Saúde, Ramon Schwengber, o Município ainda está nos dias de contabilização e fechamento de 2018, por isso ele solicitou uma análise financeira do Fundo Municipal de Saúde.
Conforme Schwengber, houve reuniões com as equipes da Secretaria da Fazenda, Procuradoria Jurídica e Controle Interno nesta terça, para analisar a viabilidade em ajudar o hospital. “Ainda não encerramos o exercício do ano passado, estamos pagando vários fornecedores, tais como Samu e UPA. Para concluir a análise e dar um retorno ao hospital, precisamos concluir este trabalho, o que deve ocorrer até quarta [hoje].”
O secretário disse ainda que estão todo preocupados com a situação da casa de saúde, especialmente pelos funcionários. “Se houver viabilidade, com certeza apoiaremos, como já fizemos anteriormente.”