A decisão do Hospital São Sebastião Mártir de cortar o sobreaviso de cardiologia pegou de surpresa médicos que fazem parte do rodízio. O médico Roberto Homrich Granzotto, inclusive, emitiu carta aberta onde afirma que não “fará avaliação cardiológica por ‘Chamado de Especialidade’, quer seja de pacientes na emergência, quer seja na enfermaria ou UTI. Atenderemos apenas convênios e particulares”, diz trecho da carta. O documento teve aval dos colegas cardiologistas Gerson Sulzbach e Gilney Myllius. 

Caso chega no Sindicato Médico

Preocupado com a continuidade dos atendimentos e a forma de contratação, Myllius levou o caso para conhecimento do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul. A reportagem contatou o Simers que confirmou que recebeu o caso e estará encaminhando um advogado nesta ou na próxima semana até o hospital, para analisar a situação. Conforme Gilney, o contrato mantido até então, não contemplava carteira assinada, o que teria surpreendido o sindicato.Myllius repudiou a forma como foi comunicado sobre a mudança. “Desde aquele momento [do comunicado] o SUS ficou descoberto de cardiologistas”, frisou o médico, que desde 2005 realiza esse atendimento no HSSM. “Essa decisão atinge muitas áreas. Antes estávamos à disposição do pediatra quando nascia uma criança, do anestesista, do obstetra quando a mulher estava com pressão alta e pronta para dar a luz, sem contar as várias vezes que fomos requisitados, a qualquer hora, inclusive para tirar dúvidas de plantonistas e enfermeiros por telefone”, exemplifica.

“Temos que cortar gastos”

Sobre o comunicado, o diretor administrativo Marcelo Borges, informou que “a decisão é administrativa. Temos que cortar gastos para garantir outros serviços.” Ele justificou que o sobreaviso nesta especialidade foi cortado com base em estatísticas de atendimentos, que mostram que esses são os profissionais menos solicitados e garantiu que a população não será prejudicada. “Se eles não quiserem trabalhar nestes moldes, buscaremos outros profissionais.” Ele explica que o sobreaviso é mais caro, pois os médicos têm obrigação de ir até o hospital quando chamados. “Nesses dias eles não podem ficar longe da cidade, não podem viajar, consumir bebidas alcóolicas”, explicou.Conforme Borges, novos cortes estão sendo estudados para enfrentar as dificuldades financeiras do hospital.

Conforme, o presidente Oly Pedrinho Schwingel, é de conhecimento de todos a crise financeira dos hospitais e o ajuste foi necessário. “Esse ajuste gera uma anomalia terrível, mas temos que ter paciência neste momento.” Para Oly, o ajuste anunciado pelo adminsitrador Marcelo Borges foi pensado de olho no futuro e na saúde financeira do hospital, que só no fim do ano passado teve que recorrer a dois financiamentos para pagar salários e o 13º salário. Sobre os atendimentos à população, o presidente afirmou que para não prejudicar os atendimentos há só um jeito: “temos que ter um alinhamento interno.”

               Como era                 Como ficouAté então, três profissionais da área – um por semana – tinham que ficar à disposição durante 24 horas, no período de sete dias. O valor do contrato do sobreaviso não foi informado.Agora, quando houver necessidade de uma avaliação cardiológica, será realizado o Chamado de Especialidade, onde se verificará qual médico estará disponível para efetuar o atendimento. Neste formato, o médico receberá, por chamada, R$ 130.

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