
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) no início desta semana, reiterou a evolução no desempenho de estudantes de Venâncio Aires no ensino fundamental – anos iniciais. A nota 6,1 alcançada por escolas da rede pública (municipais e estaduais), supera a média brasileira e do Rio Grande do Sul, ambas de 5,8.
Tido como mais importante indicador da educação básica no Brasil, o Ideb contempla, ainda, as séries finais do ensino fundamental e o ensino médio. Enquanto no ensino médio, o desempenho venâncio-airense de 4,1 também superou o do Estado e do País, na etapa final do ensino fundamental, o índice foi de 4,4 – mesma nota obtida em 2011. A nota fica abaixo das médias do Estado (4,6) e do País (4,7), e também está longe da meta de 5.3 projetada o município, neste ano.

Para a secretária municipal de Educação, Joice Battisti Gassen, a fragmentação dos conteúdos, na segunda etapa do ensino fundamental, é um dos principais vilões do aprendizado dos adolescentes. “A criança vai do 1º até o 5º ano com um único professor por turma, um professor geral que permanece quatro horas diárias com os alunos e consegue conhecer o desenvolvimento deles e trabalhar suas dificuldades visando a aprendizagem”, observa, ao comentar a dificuldade de efetivar isso em aulas segmentadas por disciplina, de 50 minutos, em média.
Além da fragmentação dos períodos, o coordenador regional de Educação, Luiz Ricardo Pinho de Moura, identifica outros fatores que contribuem para o desempenho abaixo do esperado nos anos finais do ensino fundamental. “Há uma autonomia maior do aluno, mas a família já não está mais tão presente na escola, quanto nos anos iniciais. Os índices de infrequência aumentam, assim como a evasão escolar e a distorção idade e série”, analisa.
Para ele, além da participação mais ativa das famílias, a escola precisa avançar por uma educação mais contextualizadora, incentivando a interpretação e a problematização, para além da memorização. “A leitura interpretativa, assim como o cuidado com a gramática, não pode ser uma preocupação apenas da disciplina de Língua Portuguesa, é um compromisso de todos os componentes curriculares.”
ESTRATÉGIAS
De acordo com Moura, em breve, a 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE) vai reunir diretores e coordenadores pedagógicos para conversar e implantar o Plano de Intervenção Pedagógica. “O objetivo é propiciar formações mais específicas, para que ocorra um acompanhamento pedagógico mais próximo do aluno, especialmente, para buscar avanços nas áreas básicas de Língua Portuguesa e Matemática. Estamos no caminho certo, porém, ainda há muito a avançar.”
A secretária de Educação de Venâncio Aires, Joice Battisti Gassen, afirma que, na rede municipal, o objetivo é continuar aderindo a políticas públicas do Ministério da Educação (MEC), a exemplo do projeto Mais Alfabetização e o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), como forma de qualificar o ensino.
Para ela, que avalia de forma positiva o desempenho das escolas municipais, em especial, nos anos iniciais, a boa colocação no Ideb é resultado de um trabalho de anos. “A secretaria se engaja em todas as políticas públicas pela melhoria da aprendizagem. Além disso, é fundamental destacar o trabalho das escolas. Temos excelentes práticas pedagógicas, o que ficou muito evidente na Mostra de Trabalhos realizada na semana passada”, cita.
>> O RS teve desempenho inferior à media do país, nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. No ensino médio, a nota geral do Estado, incluindo rede pública e privada, foi 3,7, quando a meta era 5,1.
REALIDADE PARCIAL
Apesar de ser considerado principal indicador da educação brasileira, o Ideb não contempla resultados de todas as escolas, nem mesmo de todos os estudantes. O índice é calculado a partir dos dados sobre aprovação, obtidos no Censo Escolar, e das médias de desempenho nas avaliações como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e Prova Brasil.
São avaliados pelas provas estudantes de 5º ano e do 9º ano – últimas séries da etapa inicial e final do ensino fundamental – além de alunos do 3º ano do ensino médio. Nem todas as escolas de Venâncio Aires, entretanto, constam no sistema de consulta de notas do Ideb. Entre os fatores que explicam isso está “número de participantes no Saeb insuficiente para que os resultados sejam divulgados” ou não realização da prova por “não atender requisitos necessários para cálculo do desempenho”.
Exemplo disso é que notas referentes ao 3º ano do ensino médio das duas maiores instituições de Venâncio Aires – as escolas Cônego Albino Juchem e Monte das Tabocas – não constam no sistema do Ideb. Das nove Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef) completo, sete não têm notas computadas pelo sistema do Ideb na seção anos finais, incluindo as maiores da rede: Dois Irmãos e José Duarte de Macedo.
Além disso, não há informações sobre Ideb das escolas privadas de Venâncio Aires. Assim, o Ideb geral do município se restringe à rede pública, embora o desempenho estadual e nacional leve em conta, também, avaliações das instituições particulares.


