
A usina de oxigênio no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) vai sair do papel, garante o prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa (PDT). Só que, para isso, o chefe do Executivo diz que precisará “fazer uma ginástica”. Ele se refere ao fato de que o valor arrecadado para a iniciativa — R$ 1,6 milhão — está na conta do Fundo Municipal do Idoso, o que inviabiliza o repasse para o projeto, pois, segundo entendimento do jurídico da Prefeitura, a casa de saúde não atende apenas pessoas idosas. “Nem é só o jurídico. Temos pareceres da Controladoria Interna e da DPM [Delegações de Prefeituras Municipais] que alertam possível improbidade administrativa. Em caso de confirmação, coloca em risco o CPF [cadastro de pessoa física] do prefeito”, argumentou.
A manifestação de Jarbas ocorreu depois que o vereador Jeferson Schwingel, o GP (PP), foi à tribuna do Legislativo, na sessão de segunda-feira, 5, cobrar providências relacionadas ao projeto. O parlamentar fez um resgate da mobilização, que começou ainda em 2023, com a empresa LS Nogueira, de São Paulo, liderando a captação de recursos. GP ressaltou que o montante é suficiente para a implementação da usina, que traria economia de R$ 20 mil mensais. Atualmente, o valor investido na compra de oxigênio a cada mês chega a R$ 30 mil, mas cairia para R$ 10 mil, segundo o progressista, se a estrutura estivesse funcionando. “Como já se vão dois anos do dinheiro depositado, deixou-se de economizar R$ 500 mil, mais ou menos”, comentou.
Ao citar algumas das empresas que contribuíram com recursos para o projeto, GP lembrou que uma delas foi a Tabacos Marasca, da qual é diretor Maciel Marasca, que no ano passado disputou a eleição para prefeito pelo PP — ao lado do candidato a vice, Alexandre Wickert (PL) — e foi derrotado por Jarbas e Izaura Landim (MDB). “Maturidade e grandeza política são necessárias para o desenvolvimento do município. Quero acreditar que seja entendimento jurídico, única e exclusivamente, e não uma perseguição pelo fato de não serem os criadores do projeto”, declarou o vereador. Ele também observou que, em maio de 2024, no período da catástrofe climática, “quase ficamos sem oxigênio no hospital”, já que o fornecedor teve dificuldades relacionadas à logística.
RECURSOS PRÓPRIOS
O prefeito Jarbas da Rosa também não gostou do que chama de “ilação” feita pelo vereador na tribuna da Câmara, ao citar possível perseguição por conta da participação de Marasca no projeto. “Me estranha não saberem dos critérios e induzirem perseguição. Não gosto que façam ilações com o meu nome, de que estou trancando a usina de oxigênio do hospital. Sou honesto, transparente, e a iniciativa vai se consolidar, mas para isso a Prefeitura vai ter que bancar, mais uma vez, com recursos próprios”, declarou. O chefe do Executivo disse ainda que, para tirar o projeto do papel, terá que mexer em recursos de outras áreas. “Não gosto de fazer isso, mas vou viabilizar isso ainda este ano. Faltou diálogo, poderia ter sido tranquilo”, concluiu Jarbas.
O que diz o HSSM
Contatados pela redação integrada da Folha do Mate e Terra FM, presidente e administrador do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), Marcelo Farinon e Luís Fernando Siqueira, respectivamente, fecharam consenso de que a instituição, embora entenda que a usina de oxigênio é importante e o espaço para a implementação esteja à disposição, não deve emitir opinião a respeito.
Os gestores já tiveram conversas com ambas as partes no que se refere à pauta e deixaram claro que o projeto, em que pese o benefício ao hospital, deve ser definido pela Prefeitura, que é quem tem o poder de execução. “É, sem dúvida, uma forma de não ficarmos reféns de um modelo único de fornecimento de oxigênio. No entanto, vamos respeitar a decisão do Conselho Municipal do Idoso, da Prefeitura e da Câmara de Vereadores sobre a destinação do recurso”, afirmou Farinon.
Em caso de implementação da usina de oxigênio no HSSM, há a possibilidade de atendimento das demandas, além do hospital, da própria Prefeitura e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA).