O incêndio registrado quarta-feira à noite, no bairro Bela Vista, em Venâncio Aires, teve consequências mais graves que a simples perda total do prédio da escola estadual José Tirelli. Três famílias que ocupavam o local conseguiram escapar só com a roupa do corpo. Agora, contam com o auxílio das pessoas para passar as noites e recuperar um pouco daquilo que perderam.
O sinistro foi notado por volta das 22h30min. O Corpo de Bombeiros foi acionado e permaneceu no local até a 1h20min de ontem. Tudo o que existia nos cerca de 450 metros quadrados de área construída foi consumido pelo fogo. A causa provável do sinistro é um curto-circuito.Como a escola estava desativada, o prédio foi cedido para a Cooperativa Habitacional Venâncio Aires (Cohava). A entidade, que tem sua sede no Loteamento Tirelli, fazia a manutenção da área da escola e cedeu parte das instalações para abrigar a Organização Não-Governamental Planeta Vivo. Uma das salas era ocupada pelos membros da ONG, onde eram confeccionados trabalhos de costura e artesanais com materiais recicláveis, como garrafas pet e vidros.
Tudo o que existia na peça foi consumido pelo fogo, como máquina de costura, tecidos e outros objetos. A coordenadora de finanças da Planeta Vivo, Izolde Lourdes Musa da Silva, revela que o local também era usado para a distribuição de alimentos às famílias carentes. “O que recolhíamos de padarias e supermercados era doado as cerca de 25 famílias cadastradas”, explicou.
MORADIA
Como haviam salas obsoletas, a Cohava abrigou três famílias no restante do prédio. Todas estão cadastradas e aguardam pelas habitações populares que estão sendo construídas pela administração municipal.
Uma das famílias é a do serralheiro éverton Pires da Silva, 30 anos. Ele, a mulher Maria de Fátima de Carvalho da Silva, 34 anos, e a filha de seis anos, dormiam no momento. A outra família – também composta pelo casal e um filho -, não estava no local. O outro morador vivia sozinho na escola.
O casal Silva estava na escola José Tirelli desde o dia 8 de fevereiro de 2012. Na época, não tinham para onde ir e tiveram permissão para ocupar uma das salas. “Vivíamos muito bem lá”, mencionou Maria de Fátima.
Sobre o incêndio, contaram que tudo foi muito rápido. O casal e a filha ocupavam a peça do meio. Foi a mulher que notou as chamas, vindas da peça onde morava o outro casal. “Eu escutei o barulho vindo do forro e logo caiu a luz”, revelou Maria, que está desempregada.
Vendo que o fogo se alastrava rapidamente, eles saíram somente com a roupa do corpo. “Minha filha nem calçado pegou. Ela perdeu todos os brinquedos e até o material escolar”, contou Maria.
Seu marido, que está em tratamento por causa de um problema na coluna, perdeu os medicamentos que havia comprado horas antes do sinistro. “E agora não tenho nem dinheiro para comprar de novo”, alegou o serralheiro.
O outro morador foi retirado de casa pelos vizinhos do Loteamento Tirelli. Todos passaram a noite na casa de amigos e parentes.
Ontem à tarde, Silva e sua esposa estiveram na redação da Folha do Mate. Vieram pedir auxílio e aguardam pela solidariedade das pessoas para recomeçar a vida. Por enquanto, vão ocupar uma peça – sem portas, janelas e piso -, em uma casa em construção pertencente à irmã de Maria.
Preocupados principalmente com a filha, o casal busca forças para recomeçar. “Tudo o que nos doarem será bem-vindo”, garantem éverton e Maria de Fátima.Quem quiser ajudar pode ligar para o número 9876-0887, pertencente à Maria de Fátima, ou entregar a sua doação na recepção da Folha do Mate.