O sinistro registrado durante a madrugada da terça-feira, 17, em uma casa situada em Linha Brasil, reascendeu uma questão que intriga os moradores daquela localidade: os incêndios criminosos. Levantamentos de pessoas que residem naquela região mostram que nos últimos cinco anos houve o registro de pelo menos cinco incêndios semelhantes. O que mais chama a atenção é que todos os sinistros aconteceram em casas desabitadas. A Polícia Civil sabe dos casos, mas as investigações esbarram na falta de testemunhas.
Para o delegado Vinícius Lourenço de Assunção, há suspeitas de que os crimes possam ter sido praticados pela mesma pessoa. “Mas a falta de testemunhas e de monitoramento das propriedades dificulta o andamento das investigações”, explica o titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).
No sinistro registrado na madrugada da terça-feira, a queima do imóvel foi evitada graças a ação de um colaborador da Folha do Mate, que entregava jornais e viu as chamas na lateral da casa, distante cerca de 30 metros da ERS-422, próximo ao ginásio de esportes da localidade. Ele e moradores vizinhos fizeram o primeiro combate às chamas, enquanto aguardavam a chegada do Corpo de Bombeiros Militar (CBM). A queima foi parcial.
Criminoso
As circunstâncias estão sendo apuradas, mas as pessoas que vão residir naquele imóvel, assim como a proprietária dele, acreditam que o incêndio é criminoso. “Estamos limpando a casa e colocamos os sacos de lixo do lado de fora, para depois colocarmos mais perto do asfalto, no local onde será recolhido pelo caminhão”, explicou o agricultor Valdir Andrade da Silva, 45 anos.
Na segunda-feira, 16 (um dia antes do incêndio), ele e a companheira, Reni Petri, alugaram o imóvel e começaram fazer a limpeza, antes de mobiliar a casa. “Recolhemos 11 sacos com lixo e deixamos aqui, ao lado da casa. Não tinha como pegar fogo sozinho”, mencionou Silva.
A proprietária do imóvel ressaltou que a casa estava sem inquilino havia 14 dias. Inclusive, ela que começou a limpeza. Mesmo que o fogo iniciou do lado de fora da casa, ela ressaltou que a fiação da residência é nova, descartando qualquer possibilidade de um curto-circuito.
Em circunstâncias semelhantes, pelo menos outras quatro casas incendiaram naquela localidade. A agricultora citou o incêndio da casa localizada ao lado da sua, outra casa próximo da cascatinha e outras duas casas de material. Uma delas, inclusive, ainda estava com todos os móveis em seu interior.
A outra casa é a pertencente ao seu pai. A agricultora recorda que era uma casa grande, com cinco quartos. “Me criei lá dentro e na época em que aconteceu o incêndio, a casa tinha luz, mas meu pai tinha destilado a energia na caixinha”, recordou, também eliminando um possível curto.
A agricultora, que possui outros imóveis de aluguel, teme que o incendiário siga agindo, causando prejuízos naquela localidade. “A gente não pode apontar quem foi, mas é claro que temos nossas desconfianças”, disse a mulher, que tem 47 anos mas preferiu não ser identificada.
Relembre os casos
De acordo com a agricultora, que reside na localidade de Picada Bohn, em Linha Brasil, ela recorda de pelos menos cinco incêndios que atingiram casas desabitadas. O último caso, em uma resdiência de sua propriedade, em Linha Brasil, foi registrado na madrugada da terça-feira, 17. A agricultora cita o incêndio da casa ao lado da sua, que era de material; uma casa perto da cascatinha, onde também foi queimada uma moto, que havia sido deixada no local; outra casa de material, que estava com todos os móveis em seu interior; e a do seu pai, uma casa de material, com cinco quartos, um pouco mais afastada das margens da ERS-422 e que teve perda total.
“Há suspeitas de que os crimes possam ter sido praticados pelo mesmo indivíduo. Todavia, a investigação esbarra na ausência de testemunhas e na falta de monitoramento das propriedades rurais atingidas.”
VINÍCIUS L. DE ASSUNÇÃO
Delegado de Polícia