Para auxiliar as pessoas que foram demitidas ou tiveram a renda reduzida, o Projeto de Lei nº 1179/ 2020, aprovado pelo plenário da Câmara de Deputados, em maio, sugeria que inquilinos residenciais não fossem despejados até o dia 30 de outubro deste ano, por conta da crise de pandemia da Covid-19. Porém, ao sancionar a lei, o presidente Jair Bolsonaro vetou 10 itens, entre eles o citado acima. A Lei 14.010/20, entrou em vigor no dia 12 deste mês.
Em Venâncio Aires e microrregião, segundo o sócio-proprietário da Kappel Imóveis e vice-presidente do setor de serviços da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), Alberto Kappel, houve um aumento na inadimplência, mas ela se manteve estável na média de 15 a 20%.
Ele comenta que algumas flexibilizações de multas e juros foram necessárias. “Na verdade, o imóvel residencial nunca foi tão valorizado e usado, porque morar bem impacta diretamente na qualidade de vida das pessoas.”
Kappel observa que, no início da pandemia, em março, para evitar dívidas, algumas pessoas optaram por deixar o aluguel e voltar a morar com os pais ou para sua cidade natal. “Houve a procura pelos inquilinos por imóveis mais baratos visando baixar custos e diminuir o compromisso mensal, tanto residencial como no comercial.”
Mesmo assim, o vice-presidente da Caciva reforça que, no cenário econômico atual, enxerga positivamente o mercado de aluguéis residenciais, pois muitas pessoas tendem a alugar em vez de comprar, neste momento. “Muitas pessoas que estava projetando adquirir um imóvel via financiamento, postergaram os planos para o próximo ano, mantando aquecido o mercado de locações”, analisa. Além disso, ele observa que também estão sendo registradas algumas separações de casais, o que geralmente resulta em vendas e alugueis de imóveis.
Comerciais
Conforme o sócio-proprietário da Kappel Imóveis, desde março, quando alguns comércios foram fechados, as empresas começaram a procurar maneiras de negociar o aluguel devido à queda de faturamento e restrições impostas. “Na imobiliária, mais de 35% dos imóveis alugados são comerciais, mas em questão financeira, eles representam cerca 60% do faturamento de locações, sendo realizadas mais de 100 renegociações”, expõe.
Kappel explica que, quando houve fechamento de todo comércio, a imobiliária trabalhou com duas modalidades de negociação: o desconto progressivo e a isenção dos dias não trabalhados. “Na maioria dos casos em Venâncio Aires, se deu cerca de 30% de desconto, porque foram 11 dias com o comércio fechado”, comenta, ao observar que o percentual variou conforme o decreto de cada município e o impacto no atividade do inquilino. “Cada caso é um caso, porque tem setores que nunca fecharam e outros que foram mais impactados, tudo foi avaliado”, exemplifica.
Ele observa que essa negociação entre o proprietário e inquilino é necessária, pois nenhum quer perder o negócio. “É mais vantagem entrar em um acordo do que perder o inquilino ou perder o local da empresa.” Para Kappel, também é importante ter empatia. “É necessário, mais do que nunca, ter bom senso, colocar a parceria na balança para garantir a sua manutenção, para que todos nós possamos atravessar este momento”, considera.
Inovação e digitalização de vendas
O vice-presidente do setor de serviços da Caciva, Alberto Kappel, também percebe uma readequação dos estabelecimentos para fazer a economia girar. Ele comenta que muitos ramos que consumavam vender só fisicamente, estão investindo em vendas e prestação de serviços on-line por site, redes sociais e aplicativos. “Isso ajuda o empresário a ter outros canais de venda e a aumentar o faturamento.”