Com o objetivo de conscientizar sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das hepatites virais, teve início ontem e segue até o dia 31 deste mês, a campanha nacional Julho Amarelo. Em Venâncio Aires, a Secretaria Municipal de Saúde agendou para o dia 27 uma ação para a realização de testes rápidos para o diagnóstico das hepatites B e C. A atividade está programada para ocorrer na Travessa São Sebastião Mártir.
Além disso, de acordo com a enfermeira e coordenadora do Centro de Atendimento de Doenças Infecciosas de Venâncio Aires (Cadi), Solange Sehn, desde ontem os Postos de Saúde e Estratégias Saúde da Família (ESFs) do município irão intensificar a realização de testes rápidos para o diagnóstico das hepatites B e C. “Vamos tentar atender quem nunca fez o teste”, observa Solange.
Ela destaca que se as empresas tiverem interesse, podem entrar em contato com o posto de saúde ou ESF mais próxima para agendar atendimento da equipe, que se desloca até o local. Solange explica que o teste dura de 10 a 15 minutos e consiste na coleta de gotas de sangue do dedo da mão. O resultado é disponibilizado logo após a realização e caso seja positivo são realizados outros exames e é feito o encaminhamento para o tratamento.
No ano passado, segundo a técnica em enfermagem da Vigilância Epidemiológica, Cristiane de Jesus Ferreira, Venâncio Aires, Mato Leitão e Passo do Sobrado, juntos, tiveram 16 casos de hepatites virais (B e C) notificados. Neste ano, até a última quinta-feira, 12, já são 14 notificações. Estes dados são oriundos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), vinculado ao Ministério da Saúde.
A DOENÇA
A hepatite é uma doença que causa inflamação do fígado, sendo as causadas por vírus chamadas de hepatites virais. “São vários os vírus que podem causar uma hepatite viral. Dois dos mais importantes são o vírus B, que causa a hepatite B, e o vírus C, causador da hepatite C”, explica a médica infectologista Sandra Inês Knudsen.
De acordo com ela, esses dois tipos de hepatites, têm sintomas muito parecidos e elas também podem ser silenciosas, ou seja, não apresentar nenhum sintoma, o que, representa a maioria dos casos. “Alguns pacientes podem ter sintomas gerais, como febre, mal-estar, cansaço, náuseas e dor de cabeça, por exemplo, e outros podem ter sintomas mais específicos de hepatite, como cor amarelada da pele e dos olhos e urina escura”, esclarece.
A médica também ressalta que as hepatites B e C têm tratamento e os medicamentos atuais são muito eficazes para prevenir as complicações e a evolução da doença. Ela menciona que no caso da hepatite C, as medicações atuais têm conseguido curar mais de 90% dos pacientes. “É fundamental diagnosticar a doença para que ela possa ser tratada e provavelmente curada no caso da hepatite C e controlada na hepatite B, antes que as complicações ocorram”, alerta a profissional.
Ambas as hepatites, se não descobertas e não tratadas, podem evoluir para quadros crônicos que, na sua forma mais grave, causam a cirrose hepática. Outra complicação temida é o surgimento do câncer de fígado.”
SANDRA INÊS KNUDSENMédica infectologist
Cuidados
A médica infectologista ressalta que a prevenção é muito importante e que tanto a hepatite B quanto a C podem ser transmitidas por sangue e, principalmente, no caso da hepatite B, por via sexual. Elas também podem ser transmitidas durante a gestação – principalmente a B. “Desta forma, ressaltamos a importância da prática sexual protegida por preservativos, o não compartilhamento de agulhas e seringas, o cuidado na realização de tatuagens, colocação de piercings e ao ir em manicures – o material deve ser adequadamente esterilizado”, pondera. Ela ainda salienta que todos devem se vacinar para a hepatite B, cuja imunização é muito eficaz e é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde. “Além disso, é importante fazer testes rápidos para diagnóstico precoce destas hepatites, possibilitando o tratamento adequado, antes do surgimento das complicações”, informa.
Quem precisa ser testado
Pessoas submetidas a transfusão antes de 1993; pessoas submetidas a procedimentos cirúrgicos, dentários, injeções nas décadas de 70 e 80 (com mais de 40 anos); pessoas com tatuagem e percings; comunicantes sexuais e domiciliares de portadores de vírus B e C da hepatite; usuário de drogas; risco sexual; privados de liberdade; infecção de HIV; nefropatia crônica ou em diálise; e trabalhadores da área da saúde.
Fonte: Ofício encaminhado pela 13ª Coordenadoria Regional da Saúde ao Município