A Polícia Federal começa a analisar neste sábado parte do material apreendido na 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na sexta-feira, 4. Entre os alvos da nova fase, batizada de Alethea, está o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi levado para prestar depoimento à Polícia Federal.Documentos como arquivos de computador, contratos, agendas e outros itens de todas as pessoas investigadas devem ser periciados na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, onde a Lava Jato é coordenada. Além de Lula, também foram alvos das buscas e apreensões três filhos do ex-presidente e pessoas próximas a ele, como o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e a assistente Clara Ant. Houve mandados ainda contra sócios dos filhos de Lula e membros das construtoras Odebrecht, OAS e UTC.
Durante toda a sexta-feira, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços referentes a essas pessoas. Locais como o Instituto Lula e o apartamento onde o ex-presidente mora também tiveram buscas empreendidas pela PF. O objetivo da investigação é levantar provas de que o ex-presidente possa ter sido beneficiado diretamente com os esquemas de desvios de recursos da Petrobras, descoberto pela Lava Jato. Segundo o Ministério Público Federal, há ainda indícios de que Lula tenha recebido um apartamento no Guarujá e um sítio, como forma de pagamento pelas vantagens dadas a construtoras envolvidas nos casos de corrupção. Ambos os imóveis não pertencem a Lula ou familiares nas escrituras. No entanto, o MPF acredita que isso se trata de ocultação de patrimônio.
Lula e a família negam todas as acusações. Após sair da Polícia Federal, o ex-presidente fez um pronunciamento, onde voltou a dizer que não é dono de qualquer imóvel apontado pela investigação como indício de ocultação de patrimônio. Lula também se mostrou indignado com a forma como houve a operação, lembrando que em nenhum momento deixou de comparecer para prestar depoimento no âmbito da Lava Jato, quando foi chamado.”Se o juiz [Sérgio] Moro e o Ministério Público quisessem me ouvir, era só ter me mandado um ofício e eu ia como sempre fui porque não devo e não temo”, declarou. Ao final do pronunciamento, Lula disse que o mandado de condução coercitiva não “diminui” sua vontade. “Pelo contrário. Eles acenderam em mim a chama de que a luta continua”, afirmou o ex-presidente.