Vem governo, passa governo, uma demanda regional volta à pauta de lideranças municipais e estaduais: a retomada das obras da ERS-244, rodovia que liga Venâncio Aires a Vale Verde. As únicas ‘marcas’ da obra para a comunidade são três pontes, literalmente abandonadas pelo tempo. Elas serviriam como base para a pavimentação asfáltica.
Iniciada em setembro de 1998, quando Antônio Britto era o governador do Rio Grande do Sul, a construção é considerada essencial para o desenvolvimento da região, sobretudo por se tratar de uma rota alternativa para escoamento de produção agrícola e industrial. A proposta de criar uma rota turística da microrregião também é um ingrediente fundamental nesse debate.
Nessa sexta-feira, 4, lideranças de Venâncio Aires, Vale Verde, Passo do Sobrado e General Câmara, e também deputados estaduais, voltaram a debater o tema em um grupo de WhatsApp. O objetivo é retomar a criação de uma comissão pró-244 que vai liderar, com o apoio político de deputados estaduais e federais, um movimento em busca de recursos para viabilizar a obra de ligação asfáltica. A ideia, segundo o secretário estadual adjunto de Obras e Habitação e ex-prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert, é promover uma reunião, nos próximos dias, para traçar os próximos passos desta força-tarefa. “Passados alguns anos da última mobilização, vemos uma disponibilidade do Governo do Estado em investir em pavimentação por meio de um programa que deve ser lançado em breve. Penso que é a grande oportunidade para a nossa região retomar a obra da ERS-244”, antecipa Wickert, que se refere a uma mobilização iniciada em fevereiro de 2017, quando ele era prefeito de Venâncio Aires. Na época foi realizada uma reunião no Parque do Chimarrão, promovida pelo ex-secretário municipal Dario Martins, e que contou com participação de prefeitos da região e deputados.
De acordo com Wickert, o Estado vem sinalizando investimentos em torno de R$ 1,1 bilhão em estradas estaduais, por isso, a expectativa é contemplar esta que é uma das obras gaúchas iniciadas e que nunca mais retomadas. “Se desenha uma oportunidade maior que em outras épocas”, considera. O ex-prefeito estima que a obra gire em torno de R$ 30 milhões a 40 milhões. “Esta é uma obra que não será concluída em um ano. Desta forma, se conseguirmos de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões no próximo ano, já temos recursos suficientes para retomar e tocar a obra no ano que vem”, destaca.
A mobilização conta com apoio do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Edson Brum (MDB), que já se colocou à disposição dos gestores municipais e também dos deputados federais Heitor Schuch (PSB) e Marcelo Moraes (PTB). Schuch parabenizou a iniciativa e sugeriu avaliar a possibilidade de esta ser uma obra compensatória pela privatização da RSC-287. Moares também se coloca à disposição do movimento.
Importância
Além da rodovia ser uma alternativa para escoar a produção, a 244 pode contribuir para desafogar o trânsito na RSC-287 em direção à região metropolitana. A estrada inicia no entroncamento do trevo da RSC-287 com a RSC-453, e tem 16,8 km de extensão até se encontrar com a ERS-405, em Vale Verde, e seguir para General Câmara e BR-290, em direção à Capital ou para o porto de Rio Grande.
Linha do tempo
- Em 1980, no seu quarto governo o prefeito Alfredo Scherer (PMDB-1977/1982) começou a abrir a estrada com máquinas da Prefeitura em parceria com a Companhia Intermunicipal de Estradas Alimentadoras (Cíntea), autarquia do Governo do Estado, para encurtar a distância entre Passo do Sobrado e Vale Verde, com Venâncio Aires.
- Em setembro de 1998, a De Boni Engenharia começava a construir a primeira de três pontes, com 110 metros. Outras duas pontes, de 80 e 20 também foram construídas para depois pavimentar a rodovia. Era o final do governo Antônio Brito (PMDB) -1995/1998.
- No governo Olívio Dutra (PT) -1999-2002 – as obras não tiveram continuidade e nunca mais reiniciaram. Várias tentativas foram feitas. O político Leandro Haag foi uma das lideranças que se mobilizou no governo Yeda Crusius (PSDB) -2007/2010 – e depois, no governo Tarso, mas também sem êxito.
- Em 2017, reuniões com lideranças regionais foram retomadas, com apoio de deputados estaduais da região, mas a demanda também não teve continuidade. A mobilização também não evoluiu.