HSSM espera quitar nesta quarta o resto da folha dos 500 funcionários

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A menos de uma semana para o fim de setembro, deve ocorrer nesta quarta-feira, 25, o pagamento dos 40% do salário de agosto ainda devido aos funcionários do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Pelo menos essa é a expectativa do presidente da casa de saúde, Luciano Spies, após reunião com a Administração Municipal, ontem.

O encontro aconteceu já no dia seguinte à primeira manifestação mais forte de alguns funcionários. Junto de representantes do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Santa Cruz do Sul e Região (Sindisaúde), trabalhadores protestaram em frente ao hospital no fim da tarde de segunda-feira, 23. Além do atraso, a reclamação foi pela falta de indicação formal de quando o pagamento final aconteceria.

Em meio à pressão, a diretoria do hospital se manifestou ontem. Segundo Spies, o dinheiro para quitar o restante da folha será garantido com recursos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que é gerida pelo HSSM. Em números, são R$ 470 mil referentes ao repasse de agosto que a Prefeitura faz para a manutenção da UPA e os quais garantirão os R$ 400 mil totais devidos aos cerca de 500 funcionários. “Como há uma sobra de caixa na UPA e nela está tudo ok, usaremos esse valor.”

Mesmo que o pagamento se confirme para hoje, o hospital ainda terá questões salariais em aberto. No caso dos funcionários, aqueles que entraram em férias na segunda metade de setembro, ainda não receberam o complemento. Além disso, também seguem em atraso cerca de R$ 1,5 milhão dos vencimentos dos médicos, pagos geralmente entre os dias 15 e 20 de cada mês. Conforme Luciano Spies, eles ainda não receberam o salário de agosto e metade dos valores referentes a julho.

Quanto aos fornecedores, a informação é de que os pagamentos estão em dia.

Setembro

Confiante em um desfecho positivo para esta quarta, Luciano Spies não tem a mesma animação quando a pergunta é sobre o próximo vencimento. Conforme o presidente do hospital, já na virada do mês não há garantias de que a folha de setembro seja quitada até o quinto dia útil de outubro. “Não tem como garantir. Sobre isso, inclusive, vamos nos reunir com os funcionários, até porque não é segredo para ninguém essa dificuldade. Queremos que entendam que não é uma questão de vontade, mas de dinheiro. Temos que ir administrando dessa forma e os atrasos devem continuar.”

À mercê de um cenário de incertezas, o Sindisaúde já articula uma assembleia. O assunto foi revelado pelo presidente, José Carlos Haas, durante o protesto da segunda e confirmado em entrevista à rádio Terra FM, ontem. Segundo ele, se houver novo atraso, a assembleia será realizada no dia 9 de outubro. “Os trabalhadores são muito pacíficos, mas não impede de fazermos novas manifestações. Esperamos que não seja necessário e que o hospital consiga fazer sua parte.”

Por enquanto, mesmo com salários atrasados, os funcionários não cogitam paralisar o trabalho. Questionado se há receio com tal possibilidade, o presidente do HSSM, Luciano Spies, disse que a paralisação seria legítima, mas não resolveria o problema.

Luciano Spies: “Se não conseguimos aumentar a receita, temos que diminuir as despesas.” (Foto: Cristiano Wildner/Folha do Mate)

Comissão analisará orçamento e cortes estão previstos

Sem conseguir o retorno a curto prazo para ampliação de receitas, a diretoria do HSSM já analisa a possibilidade de diminuir os gastos. A ideia, há alguns meses, era ampliar o faturamento com atendimentos particulares e convênios, oferecendo um serviço ‘diferente’ após reformas e melhorias na chamada ala A, onde são internados os pacientes particulares.

“Não se trata de um serviço ‘previsto’ ou de escolher quando uma pessoa ficará doente e precisará. Então se não conseguimos aumentar a receita, temos que diminuir as despesas”, destacou Luciano Spies. Embora a palavra ‘corte’ assuste, o presidente do hospital não adiantou exemplos de contenção de gastos e disse que qualquer medida só será anunciada após a decisão de uma comissão, formada por representantes do HSSM e Prefeitura.

Essa comissão será formada, oficialmente, nos próximos dias. Mas, nos últimos meses, as partes já realizam estudos próprios sobre o orçamento. No caso da Prefeitura, o prefeito Giovane Wickert diz que já há o estudo de um plano de recuperação e criação de um fundo, junto com Controle Interno e secretarias de Saúde e Fazenda. “Nessa semana devemos fazer um encontro técnico entre as partes e semana que vem divulgar como atuaremos de forma conjunta, buscando unidade para a solução dos problemas. O equilíbrio entre a receita e a despesa é necessário ou não haverá forma de viabilizar a sanidade do hospital”, informou Wickert.

Estado

Considerado problema histórico, a falta de repasses do Estado, neste momento, não causa dor de cabeça. De acordo com a presidência do HSSM, o governo gaúcho tem mantido em dia os valores que lhe cabem. Quanto aos valores faturados referentes a serviços via Instituto de Previdência do Estado (IPE), Luciano Spies diz que “ainda é um problema.” “É um valor importante, mas são contas pagas, muitas vezes, depois de 90 dias. Atrasa e nunca se sabe quando entrará.”

Financiamentos

Com um déficit mensal de R$ 300 mil, a dívida do HSSM soma mais de R$ 17 milhões. A maior parte do déficit corresponde a dívidas com agências bancárias, mas também há débitos fiscais e parcelados – que contabilizam como dívida – ainda que não estejam vencidos. Como o valor é histórico e continua aumentando, o objetivo é frear esse crescimento.

Para isso, empréstimos e renegociação das pendências junto a instituições financeiras vêm sendo articuladas. Em julho, a direção concluiu uma negociação com a Sicredi e a qual permitiu um financiamento de R$ 2,7 milhões. Além dele, o hospital já tinha, com o Banrisul, um capital de giro com taxas de juros reduzidas.

Segundo Luciano Spies, nos últimos dias foi assinado, com a Unicred, o refinanciamento de três subsídios. “Virou um financiamento só e diminui nossa parcela de R$ 90 mil para cerca de R$ 35 mil mensais.” O HSSM também já tem a confirmação de aprovação, junto à Caixa Federal, do FGTS Saúde. “Essas duas negociações devem diminuir cerca de R$ 100 mil nosso déficit mensal.”



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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