O preço da gasolina caiu mais de 50% nas refinarias brasileiras desde janeiro, mas a redução no preço médio do combustível teve queda de 18,8% para o consumidor, em Venâncio Aires. Conforme levantamento realizado na manhã de segunda-feira, 27, pela reportagem, em 18 postos de combustível do município, o valor médio da gasolina comum está em R$ 4,007. Esse é o menor valor dos últimos dez meses na Capital do Chimarrão.
Desde o início da pandemia do coronavírus, a gasolina vem tendo uma redução significativa nas refinarias. Na quinta-feira, 23, o presidente Jair Bolsonaro, através de sua conta no Twitter, destacou o preço de R$ 0,91 da gasolina nas refinarias. No entanto, ele enfatizou que o preço final leva outros encargos tributários. Na semana passada, a Petrobras também divulgou uma nova redução de 4% no preço nas refinarias e o valor do barril de petróleo custou US$ 19,33, o menor de venda, desde fevereiro de 2002.
Se comparado com os levantamentos anteriores feitos pela reportagem, é possível visualizar uma queda de R$ 0,758 na média da gasolina comum desde janeiro deste ano.
O preço mais baixo encontrado no levantamento realizado ontem é de R$ 3,975 e o mais alto é de R$ 4,099.
ADITIVADA
O valor médio da gasolina aditivada em Venâncio é de R$ 4,123. Se comparado com o levantamento realizado no dia 6 de abril, nos mesmos estabelecimentos comerciais, ela está R$ 0,324 mais barata. Em comparação, a média do litro caiu R$ 0,753 em Venâncio, desde janeiro. O preço mais baixo encontrado na gasolina aditivada é de R$ 4,090 e o mais caro é de R$ 4,199.
Por que a redução na refinaria não chega ao consumidor?
Em entrevista à reportagem da Folha, na manhã de segunda-feira, o presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Estado do Rio Grande do Sul (Sulpreto), João Carlos Dal’Aqua, destaca que existem muitos agentes tributários na corrente do combustível até ele chegar ao consumidor.
Diante do cenário de redução do preço nas refinarias, Dal’Aqua explica que esse repasse de preço ao consumidor é um processo lento, já que envolve diferentes fatores. “É preciso que o consumidor entenda que até chegar na bomba do posto, a gasolina passa por várias etapas”, comenta. A partir da extração do petróleo ainda no mar, ele é processado na refinaria, quando são originados o diesel, a gasolina e outros produtos.
“A partir disso ele é chamado de gasolina A, por ser pura, e enviado às distribuidoras, quando ele recebe etanol ou biodiesel, por exemplo”, acrescenta. Somente após essas etapas é que o combustível é enviado aos postos. O presidente da Sulpetro destaca que vão acumulando nessas etapas diferentes encargos como Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). “A partir da refinaria o produto equivale a 30% no preço vendido aos postos”, enfatiza.
Outro fator importante destacado pelo presidente da Sulpetro é que a adição do biocombustível feito na gasolina não vem da refinaria, mas de uma usina, o que também gera encargo.
DEMORA
Nos últimos dias, o preço do petróleo tem reduzido nas refinarias, no entanto, não é o que se vê na bomba. João Carlos Dal’Aqua explica que esse é um processo lento. “Além dos encargos tributários, essa redução no preço está relacionada também ao estoque do estabelecimento”, pontua. Até porque, de acordo com ele, não existe como o valor baixar nas refinarias e surtir um reflexo nas bombas porque o combustível não vem imediatamente ao posto.
“A carga tributária é o grande vilão do preço final do combustível.”
JOÃO CARLOS DAL’AQUA – Presidente do Sulpetro
ENTENDA
• A redução no valor do petróleo nos últimos dias está relacionada ao escoamento da produção. Como houve extração, mas o produto não está sendo vendido porque não há rotatividade nos postos, é necessário baixar o valor do produto nas refinarias.
• Frequentemente se houve leitores mencionarem sobre a diferença no valor de Venâncio com municípios da região. O presidente da Sulpetro, João Carlos Dal’Aqua, explica que isso pode sim variar de cidade para cidade. “Você nunca pode comparar um posto grande com um posto pequeno. A política e a condição de compra é diferente, assim como o valor oferecido pela distribuidora”, esclarece.