Sociedade mobilizada para garantir a reciclagem

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É só olhar para o carrinho do supermercado para perceber a quantidade de embalagens plásticas e materiais descartáveis adquiridos. O consumo destes produtos contribui com a produção de lixo que, muitas vezes, é descartado de maneira incorreta, o que pode gerar contaminação ao meio ambiente como um todo, indo parar no solo, na água e no ar.

Dados da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) apontam que o índice de reciclagem de embalagens plásticas e equiparáveis pós-consumo no país é de 25,8% – o equivalente à reciclagem de 550 mil toneladas no ano de 2016.

Para o presidente da America Tampas, Gustavo Alvarez, esse número poderia ser maior se não houvesse uma dificuldade logística para que o material fosse separado nas residências e encaminhado para a coleta seletiva ou pontos de entrega, para ser reciclado e retornar à indústria.

Segundo Alvarez, o material plástico possui um ciclo de vida longo, que permite a reutilização do material em diversas aplicações. Ao encontro disso, alternativas sustentáveis vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de mudar os hábitos e a consciência da população. Entre elas, está o Programa Tampinha Legal.

A iniciativa do Instituto SustenPlást, com apoio de empresas como a America Tampas, tem caráter educativo e sensibiliza a população sobre a destinação correta do plástico, fazendo com que o material seja descartado adequadamente, contribuindo para a transformação de matéria-prima das indústrias. “A solução para o desafio do descarte inadequado das embalagens plásticas vem da educação. A educação irá trazer o conhecimento, a conscientização e o discernimento da maneira correta de direcionar o resíduo gerado por nós”, considera Alvarez.

Desde novembro do ano passado, Venâncio Aires tem um posto de coleta do programa localizado na America Tampas, no Distrito Industrial. Com o auxílio de entidades cadastradas, são recolhidas tampas plásticas de garrafas PET, de embalagens de xampu, potes de sorvete e margarina, entre outros. Após a entrega, o resíduo é adquirido pela Sulpel Soluções Ambientais, de Santa Cruz do Sul, gerando renda a escolas e demais instituições participantes do programa.

Até a metade deste ano, foram arrecadadas seis toneladas de tampas, no núcleo de Venâncio Aires, que abrange 35 entidades da região. Em cinco coletas, foram 3.450 milhões de tampas encaminhadas para a reciclagem.

Isabel Landim faz a separação e limpeza das tampinhas que são arrecadadas na sede do Grupo Jornada de Amor. (Créditos da foto: Alvaro Pegoraro/Folha do Mate)

“É muito importante que todos os segmentos e setores se engajem para aumentarmos os níveis de esclarecimento quanto ao destino adequado dos resíduos plásticos, fomentado a economia circular em um formato lúdico, alegre, dinâmico e interativo. Desta forma, todos fazem o bem sendo solidários.”

GUSTAVO ALVAREZ

Presidente da America Tampas

Ciclo econômico: matéria-prima volta para a indústria

Depois que as tampinhas são entregues no posto de coleta da America Tampas, o material é recolhido pela Sulpel Soluções Ambientais, de Santa Cruz do Sul, e encaminhado para reciclagem.

De acordo com a gerente de operações da empresa, Kelly Rodrigues, as tampinhas passam por uma esteira para serem revisadas uma a uma. “As tampas são selecionadas por cor, neste processo são retiradas as impurezas. Depois disso, o material é moído e passa pela extrusão, que faz o derretimento em grão para matéria-prima”, salienta. Após, o material pode ser usado na fabricação de utensílios domésticos de limpeza, como pazinhas, vassouras, baldes, bacias e escovas. “A reciclagem traz vários benefícios à população e ao meio ambiente, pois gera renda, empregos, proteção dos recursos naturais e economia de energia e água”, destaca Kelly.

Engajamento: o exemplo dos voluntários e das entidades

Desde que conheceu programa Tampinha Legal, a integrante do Centro Espiritualista Holístico Jornada de Amor, Isabel Landim, mobilizou a entidade e decidiu pôr em prática o hábito de juntar o material.

A campanha foi vista como uma oportunidade para geração de renda para a entidade, que se mantém de doações.

Ao mesmo tempo, vai ao encontro da mensagem proposta pelo grupo. “É importante que as pessoas voltem o olhar para esta direção e percebam o quanto a preservação do meio ambiente é necessária”, considera Isabel, que se dedica à limpeza e separação das tampinhas.

A arrecadação começou no início de 2018 e, em abril deste ano, o grupo realizou a primeira entrega, totalizando 43 quilos de material. Embora observe que juntar as tampinhas não seja costume para a maioria das pessoas, Isabel considera que vale a pena insistir em ações como esta. “São gestos simples que podem salvar o planeta”, acredita.

Para isso, o grupo Jornada de Amor reforça o trabalho de divulgação da campanha, visita restaurantes e incentiva amigos, familiares e frequentadores do grupo para que contribuam e deixem as tampinhas na própria entidade. “Essa educação vem de casa e vira um vício. Meu neto também já está juntando tampinhas para doar”, conta, orgulhosa.

DEDICAÇÃO

Integrante do grupo Jornada do Amor, a venâncio-airense Tairine Josiele Riedel, 27 anos, se mudou para Natal, no Rio Grande do Norte, em outubro do ano passado. Apesar da mudança, não abriu mão de seguir como uma voluntária do Tampinha Legal.

Sempre que realiza caminhadas pela praia, durante a manhã, ela junta tampinhas para doar para a entidade de Venâncio Aires. “Durante as minhas primeiras caminhadas por Ponta Negra, bairro onde moro, percebi a quantidade de lixo nas ruas, principalmente a quantidade de tampinhas plásticas descartadas incorretamente. Na mesma hora, tive a iniciativa de carregar um saquinho para recolhê-las”, afirma.

Com o exemplo de Tairini, toda a família entrou na campanha. “Não faço esse trabalho sozinha, coloco a família e os amigos nessa missão. Meu sogro, por exemplo, trabalha em um restaurante em Venâncio Aires e junta as tampinhas das garrafas dos clientes que iriam para o lixo. É uma atitude muito simples em prol de um projeto lindo. É o mínimo que posso fazer e me orgulha poder ajudar”, salienta.

Venâncio-airense Tairine se mudou para Natal e segue recolhendo tampinhas durante a caminhada na praia. (Créditos da foto: Arquivo pessoal/Folha do Mate)

Entidades participantes

– Associação Pais e Mestres da Emei Arco-Íris

– Ong Alphorria

– Casa de Acolhimento de Venâncio Aires

– Associação Reviver

– Escola Estadual de Ensino Fundamental Zilda de Brito Pereira

– Centro de Assistência Social de Venâncio Aires

– Grupo Jornada de Amor

– ONG Paresp

– ONG Amigo Bicho

– Hospital São Sebastião Mártir

– Emef Benno Breunig

– Lions Club Venâncio Aires Melvin Jones

Saiba mais

– O Tampinha Legal é o maior programa socioambiental de caráter educativo de iniciativa da indústria de transformação do plástico da América Latina. Lançado em 2016 na segunda edição do Congresso Brasileiro do Plástico (CBP), propõe ações modificadoras de comportamento de massa através do fomento e incentivo da coleta de tampas de plástico.

– Ao todo, mais de cem entidades assistenciais participam do processo de recolhimento do material nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Alagoas, Espírito Santo e São Paulo, com cerca de dois mil pontos de coleta.

– Por meio do programa, todo mês, são enviados para a indústria de reciclagem cerca de 14 toneladas de plástico, o que significa aproximadamente 8 milhões de tampinhas.

– Recentemente, o Tampinha Legal lançou uma nova ação para contribuir com a economia circular: o Canudinho Legal, com coleta de canudinhos plásticos pelas entidades assistenciais cadastradas.

– Além de garantir que o plástico retorne diretamente para a indústria, a iniciativa contribui com o meio ambiente, evitando os problemas decorrentes do descarte inadequado do plástico, como entupimento de bueiros, poluição de rios e mares, proliferação de odores e doenças, e contaminação do lençol freático e solo.

    

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