Moradores da localidade de Rincão Nossa Senhora, interior do Município tem se surpreendido com a quantidade de macacos-prego que tem aparecido nas propriedades dos agricultores e empreendedores. Conforme o agricultor aposentado, Alestão José Beckenckamp de 74 anos, a quantidade é enorme, sendo que eles causam diversos danos e prejuízos nas lavouras e plantações de frutíferas.“O estranho é que há 30 anos não existia esses macacos por aqui, pelo menos eu nunca havia visto. Agora tem bandos enormes com mais de trinta animais, que entram nas lavouras da redondeza e causam vários prejuízos, pois eles terminam com as frutas e principalmente comem muito milho, cana e outras plantações”, contou o aposentado. Disse que chegaram a destelhar um galpão de sua propriedade, que fica no encosto do cerro onde moram, e que faz a divisa entre Passo do Sobrado e Santa Cruz do Sul, sendo que é o local onde eles mais se concentram, acredita o aposentado. “De dez anos para cá aumentou muito o número de macacos, tanto é, que se não houver um controle, os prejuízos serão cada vez maiores aos produtores”, previu Beckenckamp. O empreendedor e agricultor Gerson Baumgarten, também morador de Rincão Nossa Senhora, confirma a grande quantidade de macacos pela localidade. “Percebi um aumento maior destes primatas depois que um surto de febre amarela matou muitos bugios há anos atrás. Não sei se uma coisa tem ligação com a outra. Percebo que a vizinhança observa os macacos com entusiasmo e preocupação, pois são um atrativo, mas também causam transtornos e prejuízos”, disse Baumgarten. Já o proprietário do Balneário Moraes, Daniel Moraes, da mesma localidade, disse que os macacos são atração em seu empreendimento, pois divertem os veranistas, se transformando em um atrativo selvagem. “Sabemos que eles estão dando alguns prejuízos na vizinhança, o que é uma pena, porque para nós, são bem-vindos”, destacou o empresário. Especialista – Conforme a bióloga Gabriela Graef, este animal também é conhecido como macaco mico-preto, espécie Sapajus nigritus. Explica que ele é mais comum no norte do estado, mas que deve ter migrado para Passo do Sobrado devido à grande quantidade de comida fácil, no caso as plantações, e também por falta de predadores na área.“O aumento dessa espécie se deve muito à extinção das onças em nossa região, que são seu maior predador. O fato de estarem invadindo lavouras é resultado da falta de alimento no seu hábitat natural, pois as florestas nativas estão ou foram desmatadas pelo homem, muitas vezes para fazer novas plantações”, esclareceu a bióloga.Disse que a diminuição dos bugios pode ter relação com o aumento dos macacos, “pois onde tem um bando de bugios, outra espécie de macaco não chega, e se teve muitas mortes por febre amarela no passado, e alguns bandos foram dizimados, pode ter favorecido a entrada de outra espécie. O bugio sim é nativo da nossa região”, destacou Gabriela.Disse ainda que a única forma de afastá-los seria devolver as matas que foram retiradas, pois nesse caso, eles teriam onde encontrar alimentos em grande quantidade.
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