Idalina Schulz costura há 60 anos e, mesmo aposentada, segue na ativa ao lado do marido Arnildo. Tradição segue com empreendimentos dos filhos (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)
Idalina Schulz costura há 60 anos e, mesmo aposentada, segue na ativa ao lado do marido Arnildo. Tradição segue com empreendimentos dos filhos (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

Para os Schulz, costura é uma tradição de mais de 60 anos. O legado familiar na área da confecção iniciou com a mãe e virou negócio para grande parte da família. Entre os empreendimentos, está a SBE Sports, responsável por vestir mais de 4 mil times amadores e profissionais de todo o Brasil.

Quando entram em campo ou em quadra, atletas de mais de 4 mil equipes amadoras e profissionais de todo o Brasil utilizam uniformes confeccionados por uma empresa venâncio-airense. Da sede da SBE Sports, localizada no bairro Macedo, saem, por mês, 5 mil peças, incluindo as camisas de times como o Esporte Clube Avenida, de Santa Cruz do Sul, que disputa a série A do Gauchão de futebol; o Inter de Santa Maria, que joga a Divisão de Acesso; e o Uruguaianense, no Gauchão de futsal.

Idalina e Arnildo seguem na ativa na profissão de costureiros. O filho caçula Maicon Schulz é proprietário da SBE Sports (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

A empresa, que virou referência na confecção esportiva, iniciou as atividades há sete anos. Mas essa história tem raízes bem mais antigas. Na família Schulz, o trabalho com vestuário é um legado que começou a ser construído há seis décadas, quando a matriarca Idalina Schulz, 73 anos, ainda era uma adolescente e costurava vestidos para bonecas de pano.

“Comecei aprendendo com minha mãe. Ela comprou uma máquina e fazia as roupas para a família”, relembra. Na máquina manual, enquanto uma mão segurava o tecido, a outra girava a manivela para fazer funcionar. Foi assim que surgiram as primeiras peças, feitas para ela mesma e familiares. Vizinhos e amigos viram e foram gostando. Ainda sem saber ao certo como tirar as medidas, Idalina comprou uma fita métrica e iniciou a carreira como costureira, em Alto Sampaio.

A confecção de roupas sob medida seguiu como profissão quando a família se mudou para a cidade. Os cinco filhos cresceram em meio a tecidos, linhas e o vaivém das máquinas de costura, de onde saíam calças, camisas, saias e até mesmo vestidos de noiva e de prenda, além de trajes desenhados por estilistas.

Idalina acompanhou a evolução das máquinas de costura, mas segue com as mesmas dedicação e atenção aos detalhes (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

Com as duas filhas mais velhas, Marta e Ijanete, dona Idalina criou um ateliê, que deu escala industrial ao trabalho até então sob medida. Além de atuar como terceirizada de outra indústria de Venâncio Aires, por um período, o empreendimento familiar também confeccionava roupas para grandes empresas na região metropolitana de Porto Alegre. “Deu certo porque a Idalina sempre foi muito exigente, então tinha muita qualidade”, observa o marido Arnildo Schulz, que completa 74 anos neste domingo, 25.

Depois de se dedicar ao cultivo de verduras, ele aprendeu a costurar, com a esposa, aos 55 anos. Atualmente, os dois são sócios do filho Alexandre na Schulz Confecções, empresa localizada nos fundos da SBE Sports e que, entre os serviços, realiza costura de forma terceirizada para a SBE — essa, por sua vez, empresa do caçula Maicon Schulz. “Dos cinco filhos, só a Claudete que não seguiu na área, pois trabalha há 29 anos na CTA. Mas os outros quatro, além de nora, genro e netos, ‘foram todos atrás de mim’. Fico feliz com isso. Tudo o que a gente tem veio da costura”, orgulha-se Idalina, que segue trabalhando, ao lado do marido.

Entre as 22 costureiras que trabalham para a SBE de forma terceirizada (em Venâncio e Passo do Sobrado), está Ijanete Rosane Schulz Petry, 52 anos, filha de Idalina e Arnildo e irmã de Maicon. Ela, que iniciou a trajetória com costura em calçados e já foi sócia com a mãe e a irmã Marta, também teve empresa própria e chegou a contar com 76 funcionários, costurando para marcas conceituadas como Renner e C&A.

Filha de Idalina e Arnildo e irmã de Maicon, Ijanete é uma das costureiras terceirizadas da SBE. Para ela, a profissão é motivo de orgulho (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

Aposentada, segue como microempreendedora individual e trabalha sozinha na garagem de casa, no bairro Coronel Brito. “O que mais gosto é ver os outros usando o que fiz. Quando costurava para Renner e C&A, visitava os shopping para ver as roupas que fazíamos. Agora, fico feliz quando posso ver, pela TV, jogadores com as camisas que confeccionamos”, ressalta. A satisfação da costureira é ainda maior quando, em um lance disputado da partida de futebol, a peça se mantém intacta, mesmo com os ‘puxões’ do adversário. “É sinal que nosso trabalho está sendo muito bem feito”, comemora.

Ijanete mostra uma das peças esportivas confeccionadas (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)



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Juliana Bencke

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