Foto: Débora Kist / Folha do MateTrechos do Rio Taquari em Mariante tiveram aumento de área preservada
Trechos do Rio Taquari em Mariante tiveram aumento de área preservada

Com o intuito de tirar as discussões sobre preservação ambiental de dentro dos gabinetes, uma audiência pública foi realizada na quinta-feira, 29, em Vila Mariante. O tema do encontro, realizado na Escola Estadual Mariante, foi a preservação da mata ciliar do rio Taquari e a maior preocupação é o aumento das espécies consideradas exóticas, que invadem o espaço das plantas nativas.

Mas o que são espécies exóticas ou nativas? Na prática é possível entender com exemplos locais. Entre as consideradas exóticas está a amorinha preta, o capim elefante, a uva-japonesa e a mamona. Essas plantas não são nativas, mas têm a capacidade de se formar fora do seu limite de ocorrência natural. E é nessa condição que está o perigo. Segundo a doutora em botânica, Elisete Maria de Freitas, essas espécies podem ser invasoras. “Ela até segura a margem, mas perdemos a biodiversidade e mais nada crescerá ao redor”, explica.

Para Elisete, a mata ciliar do Taquari corre riscos de preservação e por isso deve haver uma substituição gradativa. “Claro que não dá para sair derrubando essas árvores exóticas. A alternativa que indico é fazer anéis (cortes) na casca e assim elas vão morrendo aos poucos. Nesse meio tempo, as nativas vão crescendo e uma dica é o plantio da guabiroba.”

ESTUDOElisete Maria de Freitas coordenou um estudo na Univates para percorrer 18 áreas ao longo do rio Taquari. Entre os objetivos, estava a identificação das espécies exóticas invasoras, que são prejudiciais à mata ciliar. Segundo a doutora em botânica, há pontos mais preservados, como em Lajeado, Taquari, Muçum e Roca Sales. Em outros, há faixas estreitas de mata, o que indica falta de espécies nativas.

O trecho de Venâncio Aires não está no estudo. No entanto, Elisete afirma que pelas informações recebidas e as impressões iniciais indicam que o município tem problemas na mata ciliar. Para tentar ajudar nesse processo, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente deve distribuir algumas mudas de plantas nativas aos ribeirinhos e proprietários de áreas próximas ao rio. A informação é secretário, Clóvis Schwertner.

TRABALHO DO MPA audiência pública também contou com a presença da promotora regional de Meio Ambiente, Andrea Barros, que falou sobre o Programa de Recuperação Sustentável da Mata Ciliar do Rio Taquari, conduzido pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul.

Andrea destacou alguns pontos da Lei de Proteção da Vegetação Nativa, que revogou o antigo Código Florestal em 2012, mas na qual várias regras referentes à Área de Preservação Permanente (APP) continuam valendo. “Mais importante que os ribeirinhos permitirem vistorias e assinar termos de ajustamento de conduta, é de fato preservar e cuidar.”

Segundo a promotora, o caso de Mariante tem evoluído positivamente em vários trechos. “Em um ponto perto da ponte, eram apenas 13 metros de área preservada em 2012. Nesse ano, já são 83 metros”, revelou Andrea.

Foto: Débora Kist / Folha do MateAudiência pública, realizada na Escola Mariante, foi proposta pela Secretaria do Meio Ambiente de Venâncio
Audiência pública, realizada na Escola Mariante, foi proposta pela Secretaria do Meio Ambiente de Venâncio