Mato Leitão: Cidade das Orquídeas e da piscicultura

A Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) lançou relatório denominado Radiografia da Agropecuária Gaúcha durante a 48ª Exposição Internacional de Animais (Expointer), ocorrida em Esteio, entre os dias 30 de agosto e 7 de setembro. O estudo de 44 páginas apresenta dados estatísticos da agropecuária gaúcha em todos os segmentos e Mato Leitão se destacou em um: na piscicultura. No Rio Grande do Sul, está na terceira posição, atrás somente de Ijuí e da vizinha Cruzeiro do Sul. As informações foram levantadas em diversos órgãos públicos e privados.

Na Cidade das Orquídeas, a maior da produção se concentra em Linha Boa Esperança Alta. A Piscicultura Águas do Vale comercializa, por ano, 2,5 mil toneladas de alevinos – filhotes de peixes de várias espécies. Segundo o proprietário do empreendimento, Vandir Lenhardt, a principal é a carpa – capim, prateada, cabeça grande, húngara e colorida – produzida o ano todo. As demais, são criadas entre os meses de dezembro e junho – tilápia, trairão, surubim, pintado, dourado, jundiá, tambacu, piauçu, lambari e black bass.

No estado, conforme o relatório da Seapi, a carpa representa o maior volume de peixes criados no Rio Grande do Sul (62%), seguido da tilápia (35%) – essa a mais abatida em frigoríficos – e das nativas (3%), como traíra, jundiá, cará, lambari e outros. E que o principal período de comercialização continua sendo no período da Semana Santa.
Lenhardt começou na atividade em 1999. Na época, segundo ele, surgiu como um negócio promissor. Sabia, no entanto, que teria que criar um novo hábito alimentar na terra do churrasco: consumir carne de peixe.

Hoje, a empresa conta com laboratório próprio para reprodução dos animais. O processo inicia separando machos e fêmeas, por espécie, e aplicação de hormônios para liberação de ova e sêmen. São dois dias para isso. No terceiro, começa a nascer as larvas. De três a quatro dias seguintes, são transferidos para os viveiros de crescimento, onde são tratados com ração de alta proteína, “sempre de acordo com a quantidade de larvas postas de cada viveiro”. No primeiro mês, os alevinos são tratados três vezes ao dia, em viveiros equipados com aeradores, que oxigenam a água. Dependendo das condições climáticas, levam de 50 a 60 dias para atingirem de oito a dez centímetros, tamanho ideal para comercialização.

Impacto climático

Conforme o documento lançado pela Seapi, no Rio Grande do Sul a produção de peixes também foi impactado pelos eventos climáticos dos últimos anos, como as estiagens de 2020 a 2023, que reduziram a produção, e as enchentes de 2024, principalmente nos vales do Taquari e do Caí, onde muitos criadores perderam toda a produção. Em 2020, a produção gaúcha chegou a 26,1 toneladas, chegando a 27,3 mil toneladas em 2022, caindo desde então, chegando a 25,3 mil toneladas em 2024.

A Piscicultura dos Vales, segundo Lenhardt, também sentiu os impactos do clima, com perdas de até 30% na produção. Atualmente, seis pessoas trabalham na propriedade de 40 hectares. Do total, 10 hectares são utilizados na criação de alevinos. “Além disso, temos diversos parceiros na região que criam para nós”.

Produção gaúcha (toneladas por ano)

• 26.102 em 2020
• 27.700 em 2021
• 27.300 em 2022
• 26.800 em 2023
• 25.368 em 2024

Espécies produzidas no RS em 2024

• Carpas e outras: 62%
• Tilápia: 35%
• Nativas: 3%

Cidades produtoras
1º Ijuí
2º Cruzeiro Do Sul
3º Mato Leitão
4º Ajuricaba
5º Victor Graeff
6º Seberi
7º Chapada
8º Vila Maria
9º Tenente Portela
10º Santa Rosa