Mato Leitão passa a contar com a primeira agroindústria de mel

-

Com experiência de 15 anos do segmento da apicultura, trajetória essa que iniciou ainda na adolescência, Roberto Luiz Schwengber, 37 anos, decidiu investir no ramo e criar uma agroindústria voltada à produção de mel. Após seis meses do processo burocrático envolvendo a organização do empreendimento, o apicultor e pedreiro recebeu a autorização final para o funcionamento do negócio no último dia 18.

A entrega foi feita durante vistoria realizada pelos médicos veterinários da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Henrique Schonarth e Jone Daniel Bohn, e do titular da pasta João Carlos Machry. A RD Casa do Mel é a primeira agroindústria no ramo do mel em Mato Leitão.

No momento, Schwengber divide a rotina entre o trabalho como pedreiro e o cuidado com as abelhas. Além dele, a esposa Diandra de Campos, 43 anos, e a enteada, Eduarda de Campos, 22 anos, trabalham nas atividades com a apicultura. A família ainda é composta pela pela filha do casal Manuela de Campos Schwengber, 9 anos.

De acordo com o apicultor, há muitas pessoas interessadas em comprar o mel, por isso, ele viu no que antes era apenas um hobby uma oportunidade de negócio. Depois de receber o certificado do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), Schwengber planeja, para o ano que vem, conseguir autorização para comercializar o produto em âmbito estadual e nacional, por meio do Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf-RS) e do Selo Arte.

Expectativa

Atualmente, a família tem 150 caixas (colmeias) de abelhas-africanas. Elas estão instaladas em propriedades localizadas em Vila Sampaio, Vila Arroio Bonito, Palanque Pequeno e no Acesso 20 de Março e em Boa Esperança e na comunidade de Arroio Grande, em Cruzeiro do Sul, por meio de parcerias com os proprietários dessas áreas.

A expectativa é que a próxima safra, que inicia em novembro, tenha uma produção de três mil quilos de mel. “O clima chuvoso e nublado atrapalha a produção e pode até causar a mortalidade de abelhas. Por isso essa quantidade pode variar”, observa.

Família já tem 150 caixas de abelhas-africanas que estão instaladas em propriedades localizadas em diversas localidades (Foto: Divulgação)

A intenção de Schwengber é, além de realizar vendas para consumidores diretos, seja possível inserir o produto em mercados de Mato Leitão e tentar fornecê-lo para as escolas do município por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). “Vamos continuar trabalhando nos empregos que temos hoje, mas a tendência é que a principal renda da família venha da agroindústria Se não capricharmos e nos dedicarmos, não dará certo”, projeta o apicultor.

O mel produzido pela RD Casa do Mel será vendido em potes de um quilo e meio quilo. Nesse processo de organização da agroindústria, o empreendedor destaca o auxílio do escritório municipal da Emater, da equipe da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente e do responsável técnico pelo empreendimento Fernando Ribeiro Heissler.

Funcionamento

• Dentro da agroindústria, a primeira etapa de produção envolve a classificação dos favos de mel. Depois, eles passam por uma máquina que realiza a separação dos resíduos.

• A próxima fase envolve a centrifugação para a retirada do mel do favo. Em seguida, o mel é enviado para o decantador, onde é feita a separação das impurezas. Por fim, ele vai para o local onde é embalado, rotulado e armazenado.

Curiosidades

• Durante a entrevista, o apicultor Roberto Schwengber explicou que no período de inverno é preciso reforçar a alimentação das abelhas com a oferta de açúcar, mel e proteína de soja. Já na primavera e no verão, elas se nutrem apenas da floração típica dessas estações.

• Segundo Schwengber, o tempo médio de vida da abelha é 45 dias. Nesse período, se as condições climáticas colaborarem, o inseto produz cerca de uma colher de chá de mel. A abelha-rainha, entretanto, vive de cinco a seis anos.

Crescimento para o setor primário

Para o extensionista rural da Emater de Mato Leitão, Rudinei Pinheiro Medeiros, a criação da primeira agroindústria de mel na Cidade das Orquídeas demonstra o crescimento da agricultura no município e ainda aponta para uma diversificação no setor. “É muito positivo, principalmente porque passamos a ter um produto registrado, o que abre a porta para mercados institucionais e ainda garante tranquilidade para as vendas”, salienta.

Medeiros lembra que recentemente Mato Leitão passou a contar, também, com um empreendimento que usa como matéria-prima o aipim. No total, a Cidade das Orquídeas tem quatro agroindústrias – as outras duas são de conservas e ovos – e a expectativa é que esse número aumente em breve. Para o extensionista rural, a adesão do município ao Susaf-RS, o que possibilita mais oportunidades de negócios para os empreendimentos rurais de origem animal, e a articulação do escritório municipal da Emater no segmento de origem vegetal, colaboraram para a formalização de mais agroindústrias.

Ele explica que no caso dos produtos de origem vegetal a estratégia surgiu a partir de uma solicitação feita pela nutricionista do Município, Juliana Lopes Stona, para que os itens possam ser fornecidos aos estudantes por meio da merenda escolar.

“A abertura desses estabelecimentos agrega qualidade e valor aos produtos, além de oferecer segurança para quem vende e para quem compra, pois se trata de um produto fiscalizado e com procedência.”

RUDINEI PINHEIRO MEDEIROS

Extensionista rural da Emater de Mato Leitão



Taís Fortes

Taís Fortes

Repórter da Folha do Mate responsável pela microrregião (Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde) e integrante da bancada do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM

Clique Aqui para ver o autor

    

Destaques

Últimas

Exclusivo Assinantes

Template being used: /var/www/html/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido