Enquanto está em andamento as inscrições para a contratação de brasileiros para atuarem pelo programa federal Mais Médicos, profissionais cubanos que atendem na região preparam a volta ao país de origem e Prefeituras encaminham contratações emergenciais para não deixar as unidades de saúde desassistidas.
Em Vale Verde, segundo a secretária municipal da Saúde Rosane Meurer, a médica cubana Anairis Dearmas Almeida, 48 anos, teve que parar com os atendimentos nesta semana por conta de uma determinação do governo de Cuba. “Ela foi avisada na terça-feira, 20, que não era mais para prestar atendimento, e devia arrumar as coisas para retorno eminente. Sendo assim, não nos restou outra alternativa a não ser convocar um médico temporário”, disse Rosane.Segundo ela, um profissional substituto deve chegar na segunda-feira, 26, através de um contrato emergencial que a Prefeitura tem com uma empresa da área da saúde. A secretária informou que o médico será pago com recursos do Município e deverá atender por 40 horas semanais até que um novo médico seja enviado ao município pelo programa Mais Médicos.“Nós lamentamos a saída da doutora Anairis porque ela era uma ótima profissional, muito competente, atenciosa e prestativa”, enfatizou a secretária Rosane Meurer. Na noite de ontem, os colegas de trabalho da médica fizeram um jantar de despedida da médica, que deve embarcar para Cuba a qualquer momento.
Mato Leitão
Em Mato Leitão a situação é semelhante com a de Vale Verde. Desde ontem, a médica cubana Keytia Martin Amiot não está mais atendendo no município e aguarda um comunicado do governo de Cuba para saber qual a data para deixar a região.O secretário de Saúde, Arcênio Maldaner informa que o atendimento na UBS Santo Antônio, onde a cubana atuava, não terá prejuízos. Um novo profissional, através de empresa contratada, está sendo definido para trabalhar na Unidade de Saúde. Maldaner informa que, com a inclusão de Mato Leitão no edital publicado pelo Ministério da Saúde, a indicação de um novo profissional no programa Mais Médicos deverá ocorrer nos primeiros dias de dezembro.
Passo do Sobrado
Em Passo do Sobrado não há atendimento de médico cubano, apenas do brasileiro Welton Yuri Fernandes da Silva pelo programa Mais Médicos, portanto, não há alteração na prestação de serviços. No entanto, a saída dos cubanos e a abertura do edital para contratação de novos profissionais pelo programa refletirá no envio de mais um profissional ao município. A vaga já tinha sido solicitada pelo Município desde que ocorreu o remanejamento do médico cubano Jesus Sotolongo Goméz para Santa Cruz do Sul. “Com a publicação do edital nº 18, de 19 de novembro de 2018, constatamos que Passo do Sobrado foi habilitado para requerer mais um profissional para atuar junto à equipe de Estratégia de Saúde da Família através do programa”, explicou a secretária da Saúde, Tatiana Helfer. Com isso, o município aguardará pela chegada de mais um profissional.
Novos médicos começam a atuar no dia 3
As inscrições para preencher vagas abertas com a saída dos médicos cubanos começaram ontem e o prazo se estende até domingo, 25. Conforme o edital, poderão se inscrever os médicos brasileiros com CRM Brasil ou com diploma revalidado no país. De acordo com o Ministério da Saúde, os profissionais habilitados podem se inscrever por meio do site maismedicos.gov.br. O início das atividades está previsto para 3 de dezembro. O prazo final para que os médicos aprovados se apresentem é dia 7 de dezembro, às 18h, ou serão eliminados do processo e a vaga será disponibilizada novamente no sistema de inscrição do Ministério da Saúde, por meio de um novo edital a ser lançado no próximo dia 27. São ofertadas 8.517 vagas para atuação em 2.824 municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), que antes eram ocupadas por médicos da cooperação com Cuba. As vagas serão preenchidas por ordem de inscrição.
Entenda a situação
O edital é a medida emergencial adotada pelo governo brasileiro para garantir a assistência em locais que contam com profissionais de Cuba, após o comunicado da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no qual o governo cubano informa que encerrou a cooperação no programa Mais Médicos por discordar de exigências feitas pelo governo eleito de Jair Bolsonaro. Com isso, mais de 8 mil médicos cubanos que atuavam no programa vão deixar o país.
