Um mês e uma semana depois de a vacina contra o HPV começar a ser oferecida para meninos e da dose contra a meningite ser disponibilizada para adolescentes de 12 e 13 anos, o número de imunizações é considerado baixo, pela Vigilância Epidemiológica. Embora não haja prazo para encerramento da vacinação, é fundamental que integrantes do público-alvo se imunizem na idade prevista pelo Ministério da Saúde.
Até o fim da semana passada, apenas 186 adolescentes haviam recebido a dose que protege contra a meningite, o correspondente a apenas 9% da meta. A inclusão de meninos e meninas de 12 e 13 anos no público-alvo da imunização contra a meningite foi uma das principais mudanças no calendário vacinal.
Outra alteração é a abrangência da vacina contra o HPV para garotos de 12 a 13 anos e homens de 9 a 26 anos que tenha aids, câncer ou sejam transplantados. Até então, apenas as meninas recebiam a imunização, que protege contra quatro subtipos do vírus, os quais podem causar lesões na região genital e desencadear câncer de colo de útero ou pênis.
Apesar da importância da vacinação antes do início da vida sexual, até a sexta-feira, 10, a secretaria de Saúde contabilizava apenas 164 vacinas aplicadas contra o HPV em garotos de 12 a 13 anos, o equivalente a 16% da meta.
De acordo com a enfermeira Carla Lili Müller, da Vigilância Epidemiológica, entre as meninas de nove a 14 anos, foram 56 doses. “Notamos que muitas meninas não receberam a vacina, antes, e estão aplicando agora a primeira dose. Há postos que ainda não aplicaram nenhuma vacina contra o HPV.”
Carla explica que, ao se vacinarem, as pessoas que estão no público-alvo da vacina ajudam a evitar a proliferação do vírus e protegem, indiretamente, quem não foi imunizado. “Percebemos que, de forma geral, a população só percebe a importância da vacina quando há risco de morte. Mas temos que esclarecer que vacina não é remédio, pois a imunidade da vacina se dá cerca de 15 dias após a aplicação da dose. Além disso, a vacina é muito mais barata que um tratamento medicamentoso depois da doença instalada”, observa.
Percebemos que, de forma geral, a população só percebe a importância da vacina quando há risco de morte. Mas temos que esclarecer que vacina não é remédio, pois a imunidade da vacina se dá cerca de 15 dias após a aplicação da dose.”
Carla Lili Müller, enfermeira da Vigilância Epidemiológica
Público-alvo2.101 é o número de crianças e adolescentes que devem ser imunizados contra o HPV e a meningite, em Venâncio Aires. São 1.008 meninos e 1.093 meninas.
Mais alterações em outras quatro vacinas
Além da vacinação contra o HPV e a meningite, outras imunizações tiveram seu público-alvo ampliado, pelo Ministério da Saúde, neste mês. As doses contra hepatite A e a vacina tetraviral, que protege contra sarampo, rubéola, caxumba e catapora, passam a ser disponibilizadas para todas as crianças menores de cinco anos. Antes, eram aplicadas até os dois anos. “Quem não fez até os dois anos, mas ainda é menor de cinco deve fazer, em dose única”, orienta a enfermeira Carla Lili Müller, da Vigilância Epidemiológica.
Também foi ampliada a idade para receber a tríplice viral, contra rubéola, caxumba e sarampo. Até então, as duas doses da imunização eram aplicadas até os 20 anos. Agora, será oferecida até os 29 anos e dos 30 anos aos 49 anos.
Outra alteração diz respeito à vacina dTpa adulto, aplicada durante a gravidez, com o objetivo de prevenir tétano, coqueluche e difteria. “Antes ela era aplicada a partir das 27ª semana de gestação. Agora será a partir da 20ª semana. O principal objetivo desta vacina é a prevenção da coqueluche na mãe, que consequentemente transmite à criança, bem como o tétano neonatal”, afirma Carla.
Em fevereiro, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) emitiu um alerta sobre a coqueluche. Em 2012 e 2013 houve aumento da incidência da doença no Rio Grande do Sul, com oito óbitos, em 2013. No ano passado foram dois casos confirmados e, até metade de fevereiro de 2017, cinco casos, em Alvorada, Farroupilha e Porto Alegre. Como a doença tem um perfil epidemiológico sazonal e cíclico, observa-se aumento de casos, em média, a cada quatro anos.