A construção de uma pista de atletismo no bairro Battisti gerou debates e dividiu opiniões na última semana, especialmente após a manifestação de um ex-atleta que foi à tribuna da Câmara de Vereadores pedir que construíssem o complexo esportivo em outro local. Em público, Claudiomiro Conceição disse que, entre os atletas que estiveram com o prefeito para conhecer o projeto, a maioria não teria aceito que o complexo fosse construído lá. Argumentou a opinião dele, dizendo que em menos de um ano tudo estaria depredado, citando ainda o risco de enchentes, o consumo de drogas, a criminalidade, entre outros fatores que teriam gerado insatisfação da população.
Os moradores, para tanto, não gostaram das manifestações e se mobilizaram para dar uma resposta em tribuna livre. Na segunda-feira, 25, o plenário da sessão da Câmara esteve lotado pelos moradores do bairro, que, liderados pela presidente da Associação Comunitária de Habitação Popular Sete de Setembro, Jacira Nunes, e pelo morador Marconi Klafke Soares (convidado por Conceição), defenderam prioridades, que, segundo eles, deveriam ser contempladas antes do bairro receber uma pista atlética. Entre elas, a entrega das casas populares do projeto habitacional. Quem também esteve por lá e defendeu as anseios do bairro foi o próprio Claudiomiro Conceição, que, além de se retratar sobre seu pronunciamento da semana passada, pediu desculpas aos moradores pelas palavras. O pedido foi aceito.
Com isso, o espaço na tribuna, que até então seria em defesa das manifestações do ex-atleta, acabou tendo o foco voltado para as casas populares, a pedido da população do bairro. Inclusive Conceição, em sua fala, listou pedidos em nome da comunidade. Na tribuna, defendeu que fosse construída uma praça para as crianças brincarem e destacou que o bairro está pleiteando a entrega das casas. “Está chegando o inverno e tem quatro, cinco famílias em uma só casa.” Em relação à pista, lembrou que, no plano de governo, o prefeito Airton Artus teria aceito construir uma pista atlética no bairro Cidade Nova II. “Não sei por qual razão foi para a Battisti.”
Na sua manifestação, Jacira disse que em momento algum o projeto de construção da pista foi apresentado aos moradores. Disse que a comunidade não é contra a obra, mas que preferiria que outras demandas pudessem ser atendidas antes, como a entrega das casas habitacionais, atenção à saúde e um espaço de esporte e lazer, e não uma obra de porte tão grande, como o complexo esportivo. Para ela, como se trata de uma emenda parlamentar e não pode ser revertido o recurso para outra finalidade, a construção será bem aceita, mas, mesmo assim, considera que o espaço serviu para defender as prioridades do bairro. Em relação à pista, argumentou da possibilidade de enchentes. “Deveria ser melhor avaliado e conversado com a comunidade, para ver a possibilidade de um projeto menor”, disse.
Sobre a manifestação de Conceição, disse que depredação, drogados e criminalidade há em qualquer bairro. Por fim, disse que nem todos os moradores foram à Câmara por causa das casas, mas principalmente por lamentarem que o bairro onde moram está sempre em foco como o ‘mal faladoÂ’. “Para quem quer falar mal da Battisti, mora lá uma vez, e depois fala com propriedade”, defendeu Jacira.
O destaque do seu pronunciamento, no entanto, ficou em torno das casas populares. Lembrou que o projeto das casas está parado e que foi contra quando algumas famílias invadiram os imóveis. O questionamento também foi feito pelo morador Marconi, que cobrou respostas do governo municipal. O líder de governo, Telmo Kist (PDT), esclareceu que o governo federal não está liberando os recursos para as casas e garantiu que isso não estaria acontecendo devido às invasões que ocorreram no final do ano passado. Sugeriu que os moradores buscassem mais informações junto à Administração.
Em relação aos recursos para a pista, explicou que se trata de emenda parlamentar, vindo do Ministério dos Esportes e observou que junto à pista haverá um campo de futebol. Os vereadores de oposição também participaram do debate, questionando a forma de sorteio e critérios para contemplar moradores com as casas. Jacira defendeu que a escolha aconteça por meio de avaliação das necessidades de cada morador, e não por sorteio.