Por muito tempo, os moradores da rua Augusto Silveira de Moraes – via conhecida popularmente como Corredor dos Gauer, que liga os bairros Santa Tecla e Bela Vista, da ERS-422 até a Armando Ruschel – lutaram por canalização e pavimentação. Em dias de chuva forte, muitas residências eram invadidas pela água e o trecho apresentava condições precárias para o trânsito de veículos. Os anos se passaram e as melhorias chegaram: uma obra que demandou investimento expressivo assegurou aos moradores a colocação de novas tubulações e a chegada do tão sonhado asfalto. Parecia que os problemas estavam resolvidos.
Só que o avanço também trouxe dor de cabeça para quem vive às margens da via, especialmente as famílias que moram perto da ‘Curva dos Acidentes’, que ganhou este nome em razão das frequentes ocorrências de trânsito. “Desde que foi concluída a pavimentação asfáltica, o fluxo de veículos e de caminhões cresceu bastante. E o que nos preocupa é que vários motoristas andam muito rápido”, diz Jessica Alexandra de Bittencourt, que reside muito perto do ponto onde condutores costumam ‘se perder’ no Corredor dos Gauer. Ela, o marido Emerson Tiago da Costa e a filha Cecília, de apenas 2 anos, têm convivido com o medo. “Cada barulho de carro em alta velocidade ou freada mais brusca nos deixa assustados”, comenta.
Isso porque não foi uma nem duas vezes que presenciaram ou foram acordados por estrondos. “Os carros já pararam na cerca da nossa casa e, inclusive, nós mesmos tivemos que pagar o conserto. A curva é muito acentuada e, quando os motoristas estão em alta velocidade, acabam saindo da pista”, completa Jessica. Qualquer barulho além do normal causa angústia. “A gente fica apreensivo, pois pode acontecer uma batida, um acidente mais grave. Já aconteceu de um veículo capotar e, graças a Deus, o motorista sair com vida. E, mais recentemente, a gente levou um baita susto, já que o nosso pátio foi invadido por um automóvel descontrolado, que destruiu o portão, a cerca e os postes. Parou no pátio mesmo, onde muitas vezes a nossa filha está brincando. Por pouco não bateu na casa, perto de onde dormíamos”, acrescenta.
O coordenador do Departamento Municipal de Trânsito de Venâncio Aires e assessor administrativo da Secretaria de Segurança Pública, Luciano Teixeira, informou à redação integrada da Folha do Mate e Terra FM, nesta sexta-feira, 19, que o Município reconhece o aumento do fluxo e da velocidade no local e irá instalar duas faixas elevadas no trecho, o que, de acordo com ele, deve minimizar muito o problema.
Alternativas
Os moradores não sabem qual é a melhor alternativa para o trecho, mas falam sobre a possibilidade de instalação de guard rail (guarda-corpo), lombadas eletrônicas ou faixas elevadas. “Tem gente que caminha com os filhos, tem crianças andando de bicicleta. Tenho medo de fazer um passeio pelo acostamento. Só quem vive a rotina diária sabe o que acontece. Não temos qualquer segurança, pois podemos estar dentro de casa tomando um chimarrão, e, do nada, presenciamos outro acidente”, lamenta Jessica.
“Num domingo, por volta das 5h, a gente acordou com um barulho muito alto. Era um carro que tinha invadido o nosso pátio. Por pouco, não atingiu a parede do quarto onde a gente dormia. Se tivesse batido, seria bem onde fica o berço da nossa filha. Nossa maior preocupação é com as vidas de inocentes que podem ser interrompidas por conta da irresponsabilidade no trânsito.”
JESSICA ALEXANDRA BITTENCOURT
Moradora da rua Augusto Silveira de Moraes, o Corredor dos Gauer
“Não cuidam, descem a mil”
O medo sentido pela família de Jessica é compartilhado por Vanessa Caroline dos Reis, Volnei Luis Oestereiche e a filha do casal, Victoria Gabrielly Oestereiche, de 3 anos, seus vizinhos. A queixa é a mesma: “Não cuidam, descem a mil”, reclama Vanessa, ao se referir aos condutores que imprimem alta velocidade no sentido Bela Vista-Santa Tecla e, muitas vezes, “não vencem a curva aqui perto da nossa casa”.
Faixas elevadas, lombada eletrônica, quebra-molas e mais sinalização são as sugestões de Vanessa. Não necessariamente todas elas, mas algo que amenize o drama diário da comunidade. As crianças, de acordo com a moradora, são a maior preocupação. “Os carros invadem os pátio. Já aconteceu comigo e com os meus vizinhos. Imagina se é em um momento em que a gurizada está brincando”, argumenta ela.
Perigo e rachas
A moradora não teme apenas pelas vidas das pessoas que moram nas proximidades da ‘Curva dos Acidentes’, mas também pelos condutores de veículos e motocicletas. Isso porque, principalmente nos finais de semana, o Corredor dos Gauer vira palco de rachas. “É barulho de carro ‘voando’ e de moto em altíssima velocidade. A gente sabe que o pessoal se reúne em alguns pontos para disputar rachas”, observa. “A gente não tem descanso, não consegue nem dormir direito. É folia o tempo todo”, conclui Vanessa.
“Tem uma faixa de segurança perto da curva, mas são poucos os que respeitam. Normalmente passam reto, não estão nem aí. A gente pensou em pedir um quebra-molas mais alto, que obrigasse todos a diminuir a velocidade. Nos comentaram que, no momento, a Prefeitura está envolvida com a Fenachim e com o mercado novo que está saindo. Mas, depois, parece que vão nos atender.”
VANESSA CAROLINE DOS REIS
Moradora da rua Augusto Silveira de Moraes, o Corredor dos Gauer
Sessão da Câmara de Vereadores
- O drama dos moradores do Corredor do Gauer foi assunto na sessão da Câmara de Vereadores de Venâncio Aires na segunda-feira, 15. A pedido das famílias, que estiveram no Plenário Vicente Schuck, Renato Gollmann (Podemos) exibiu no telão imagens de acidentes de trânsito ocorridos na via e pediu providências.
- Quem também pediu atenção à demanda foi Nelsoir Battisti (PSD). O parlamentar afirmou ter sido contatado por moradores e sugeriu que a Prefeitura atenda o quanto antes os cidadãos, como forma de evitar novas ocorrências ou situações ainda piores. “Tem que fazer, dá pra fazer e vamos trabalhar para que aconteça”, declarou.
