Os anúncios do governador Eduardo Leite (PSDB) de injeção de R$ 65,5 milhões nos hospitais do Rio Grande do Sul e empréstimos às casas de saúde – que somam R$ 90 milhões e serão pagos pelo Estado -, animam a direção do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), que passa por dificuldades e busca alternativas para a crise financeira. O administrador, Fernando Branco, acredita que, em caso de confirmação dos recursos, será possível gerir a crise e, em até três meses, oxigenar o caixa. “Não é uma situação de ladeira abaixo. A comunidade está acostumada com o hospital indo muito bem e terá isso de volta”, assegura.

De acordo com Branco, a tendência é de que as questões se resolvam nos próximos meses, uma vez que o Governo do Estado, grande devedor da casa de saúde, quer colocar as contas em dia. “O atual governador tem mostrado boas intenções, está dizendo que pretende repassar os atrasados dos dois primeiros meses deste ano e parcelar o que ficou da outra Administração em 36 vezes. Na verdade, é muito tempo para o hospital, mas fica melhor assim do que não recebermos os valores, já que os serviços foram prestados”, diz.

A dívida do Estado com o HSSM relativa a incentivos para a saúde é de aproximadamente R$ 2,1 milhões. Quatro parcelas são referentes à gestão de José Ivo Sartori (MDB) e outras duas já são da competência de Leite. Se os recursos de janeiro e fevereiro de 2019 forem repassados, R$ 700 mil entrariam nos cofres da instituição de saúde, de acordo com Branco, “ajudariam muito no momento de crise que vivemos”. Setembro e outubro do ano passado foram empenhados pelo Estado, porém não há previsão concreta de pagamento. Já os meses de novembro e dezembro sequer têm empenho encaminhado, explica o administrador.

VOLTA DO DIÁLOGOFernando Branco lembra que há duas semanas a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, em conversa com representantes de hospitais filantrópicos e santas casas do Rio Grande do Sul, disse que o governo não deixará as instituições abandonadas. “A gente sabe que dinheiro se tem muito pouco, mas saudamos a volta do diálogo. Muitas vezes, uma boa conversa resolve muita coisa. Só de ter acesso aos gestores já nos traz uma esperança. Em algum momento, os atrasados vão entrar na conta do hospital”, acredita.

Foto: Carlos Dickow / Folha do MateFernando Branco: com larga experiência na área de hospitais, administrador mantém a tranquilidade, elogia estrutura e serviços do HSSM e aposta na retomada da confiança em breve
Fernando Branco: com larga experiência na área de hospitais, administrador mantém a tranquilidade, elogia estrutura e serviços do HSSM e aposta na retomada da confiança em breve

“Se tivermos acesso aos repasses de janeiro e fevereiro, que representam cerca de R$ 700 mil, já ajuda muito. A partir disso e com os incentivos sendo regularizados, até maio ou junho a poeira senta.”FERNANDO BRANCOAdministrador do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM)

SITUAÇÃO

1 Conforme o administrador do HSSM, Fernando Branco, os salários dos médicos referentes a janeiro serão pagos entre os dias 5 e 10 de março. O atraso será de mais de 20 dias, pois os vencimentos são quitados, normalmente, entre os dias 10 e 15.

2 Sobre a folha de pagamento dos demais funcionários, ainda não há certeza se haverá recursos disponíveis para o pagamento, em dia, do mês de fevereiro. Talvez seja necessária a quitação parcial, com integralização ao longo de março.

3 Segundo Branco, valores referentes a férias de funcionários, que estavam atrasados e geraram, inclusive, queixas na imprensa, foram quitados. “Temos sido sinceros, falando a verdade. É uma crise, mas vamos sair dela mais fortes”, conclui.