Não é de hoje que Agnes Bourscheid, 98 anos, é apreciadora da leitura do jornal. Assinante desde 1979 da Folha do Mate em Mato Leitão, ela não esconde o gosto por esse meio de comunicação. O apreço é tanto que, depois do café da manhã, a primeira atividade dela é olhar o jornal. Quando não vê ele em um primeiro momento, logo questiona se já foi entregue na casa onde mora.
Há alguns anos, quando conseguia enxergar um pouco melhor, ela lia, principalmente, as notícias sobre a Cidade das Orquídeas. Por essa razão, muitas vezes acontecia de dona Agnes se informar antes do que a família sobre determinado assunto e passar, em especial aos filhos, avisos que estavam nas páginas do jornal sobre reuniões ou eventos importantes na comunidade, como a Festa das Orquídeas.
Em uma gaveta, a aposentada também guarda recortes de jornais. “Sempre que ela vê algo marcante, uma foto ou um texto, ela pede para recortamos. São recordações para ela”, comenta o filho Joecy Paulo Bourscheid. “A mãe chegava a ler o mesmo jornal umas três ou quatro vezes. Virava e revirava ele. Sabia das coisas antes dos filhos”, relata a filha Claudete Reckziegel.
Outro meio de comunicação que dona Agnes gosta é o rádio. Uma das cuidadoras, Giovana Barbosa da Silva, chamada carinhosamente por dona Agnes de ‘queridinha’, observa que o rádio e o jornal são companhias e diversão para ela.
Ajuda ao próximo
Segundo os filhos, na comunidade, dona Agnes é lembrada por sempre ter ajudado o próximo. Eles recordam que, desde muito jovem, ela e o marido Arnaldo Bourscheid (já falecido), eram envolvidos com questões relacionadas à comunidade, colaborando com entidades, com a igreja e com escolas. Eles também foram festeiros da Festa Intercomunitária de Mato Leitão na década de 1970.
Dona Agnes lembra que sempre auxiliou quem precisava, em momentos de dificuldade ou de doença. Muito querida por todos, a aposentada é acostumada a receber muitas visitas, algo que precisou passar por uma pausa em função da pandemia do coronavírus e foi motivo de estranhamento para ela, que era acostumada a receber as pessoas praticamente todos os dias.
Sempre muito preocupada e carinhosa com a família, a aposentada reza muito, pedindo proteção para todos. Além disso, sempre questiona se os familiares estão bem. “Ela se preocupa mais com a gente do que com ela”, observa Claudete. Com oito filhos, 16 netos e 16 bisnetos, Agnes é considerada o porto-seguro da família. Casou-se com 22 anos e ficou viúva aos 65 anos.
Ela sempre se dedicou às atividades da roça e às tarefas de casa. Os filhos Joecy e Claudete contam que ela sempre trabalhou muito, teve visão de futuro e foi cuidadosa com o dinheiro. Muito bondosa, a quase centenária ensinou e continua ensinando para a família a importância do cuidado com o outro e de sempre se estar disposto a ajudar o próximo.
Curiosidades
- Além da leitura do jornal e de escutar rádio, dona Agnes sempre gostou de passear. Também participava do grupo de idosos e de bolão de mesa. Gosta tanto da atividade que, quando parou de frequentar o bolãozinho, passou a combinar com as amigas e conhecidas para que elas jogassem por ela.
- A moradora de Mato Leitão ainda é vaidosa, gosta de usar brincos e anéis, além de um pouquinho de maquiagem, e gosta de fazer brincadeiras com a família.
- O que a aposentada também gosta é de jogar carta, mas por causa de dificuldades na visão já não consegue mais.
- Sobre as comidas prediletas, dona Agnes conta que gosta de comer carne, não importa o tipo.
- Também é degustadora do chimarrão e, quanto podia, gostava de tomar vinho. Arroz e feijão também são alimentos que não podem faltar no prato dela. De doce, ela sempre foi fã de cuca, prato típico da cultura alemã.
- A aposentada também fala alemão.