Venâncio Aires ‘respira’ educação nesses últimos dias. Enquanto a maior parte do ano os profissionais estão nas suas escolas, nessa semana mais de 800 seguem o mesmo roteiro. É na Sociedade Olímpica de Venâncio Aires (Sova) o ponto de encontro de professores do município e região para o XI Fórum Internacional e XV Fórum Nacional de Educação.
Participando há mais de 10 anos, a pedagoga Cristiane de Oliveira, 33 anos, conta que “vem desde sempre que trabalha com educação”. Professora na Emei Infância Feliz, do bairro Santa Tecla, ela lembra que a palestra que mais marcou foi com Augusto Cury, em 2015. “Foi incrível ter a oportunidade de conhecê-lo e ouvi-lo. Acho que isso é importante, de termos condições dessa aproximação com pesquisadores que aprendemos a estudar.” Cristiane ressalta ainda que a capacitação proporciona o aprimoramento de conhecimentos e melhorar a prática com os alunos.
Ao encontro dela, está a também pedagoga Josiane Antoni, 25 anos. “Sempre aproveitamos algo, principalmente de relacionar a teoria com a prática em sala de aula”, destaca. Professora na Emei do bairro Bela Vista, ela participa do fórum desde 2016 e lembra bem da palestra motivacional de Leila Navarro. “São momentos importantes para captarmos detalhes, conselhos e sugestões.”
REAVALIAÇÃO
Vanessa Weber, 26 anos, é professora nas escolas Odila Rosa Scherer e São Judas Tadeu. Para ela, além de levar os ensinamentos para a sala de aula também é importante fazer uma avaliação do próprio trabalho. “Eu ainda tenho dúvidas e acho que elas sempre farão parte. Não apenas sobre o conteúdo e a forma, mas sobre nossa relação com os alunos. Também precisamos nos reavaliar, por isso essa troca de ideias aqui conta muito.”
O paranaense Adilsom Eskelsen, 52 anos, entende que o fórum começa antes e segue depois de terminado. “Estamos sempre estudando, conversando, analisando as temáticas. Nós também ajudamos a pensar o evento, que é uma oportunidade de reflexão e reavaliação da prática.” Eskelsen é professor há 30 anos e há cinco mora em Venâncio Aires, onde dá aulas de alemão junto ao IF Sul.
“Os desafios são cada vez maiores para aqueles que têm para si confiados meninos e meninas. Jovens que muitas vezes têm só no professor, aquele olhar especial. Nós escrevemos na alma do aluno diariamente.”
ALICE THEIS
Coordenadora pedagógica da Secretaria de Educação
Pesquisador fala em ‘nova constituição social’
Na abertura do Fórum, na noite da última quarta-feira, 24, o conferencista foi o português José Pacheco, idealizador da chamada ‘Escola da Ponte’, na cidade do Porto, instituição que ficou conhecida nas últimas décadas pelo projeto baseado na autonomia dos estudantes.
Antes da palestra, ele conversou com a reportagem e destacou a necessidade de fazer do aprendizado o que chamou de ‘nova constituição social’. “Quando digo escola, me refiro às pessoas e não ao prédio. A sala de aula precisa ser reformulada. Nem professor, nem aluno como centros. A educação deve estar centrada nas relações e isso vai para a comunidade.”
Para Pacheco, assim como o modelo da sala de aula evoluiu a partir do século XIX, ela deve continuar em movimento, seguindo as mudanças sociais e tecnológicas de cada lugar. “Já passei por mais de 50 países e cada um tem suas peculiaridades. O que funciona em um lugar, não quer dizer que no outro vai dar certo. Acho um disparate buscar fora, quando se tem em casa. E no Brasil há grandes pesquisadores e educadores que tem grandes propostas práticas.”
José Pacheco mora em Brasília há 18 anos e participou ativamente de vários projetos dentro do Ministério da Educação. Atualmente, ele trabalha, gratuitamente, na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.
Programação
Com o tema ‘A escola contemporânea: práticas criativas e inovadoras na ressignificação das competências cognitivas e emocionais’, o fórum segue até amanhã, 27. Hoje, 26, ocorrem as conferências com Palmira Ramos Tolotti (8h30min) e Nélio Tombini (13h30min). A partir das 19h tem a noite cultural. No sábado, a programação encerra com palestra de Emília Cipriano (8h30min).