
Neste ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou novas normas para realização de cirurgia bariátrica. A médica Giulia Fuga, que atua na área de Nutrologia, com tratamentos para doenças crônicas, obesidade, emagrecimento, suplementação e reposição hormonal, explica que uma das principais mudanças é a redução do Índice de Massa Corporal (IMC) que autoriza pessoas com IMC entre 30 e 35 a realizar o procedimento.

Outra mudança é a respeito da idade: adolescentes a partir de 14 anos podem realizar o procedimento. “Para isso, no entanto, eles precisam se enquadrar em caso grave de obesidade, com IMC acima de 40, que leve a complicações de saúde”, afirma a médica. Adolescentes entre 16 e 18 anos também vão poder fazer a bariátrica e só serão exigidos os critérios já pedidos para adultos, como IMC mínimo e comorbidades.
Alternativas
A partir deste ano, também são reconhecidas cirurgias alternativas, com indicação primordial para procedimentos: duodenal switch com gastrectomia vertical, bypass gástrico com anastomose única, gastrectomia vertical com anastomose duodeno-ileal e gastrectomia vertical com bipartição do trânsito intestinal.
“Isso torna a cirurgia bariátrica mais acessível a uma maior parte da população, o que vai levar a mais pessoas a procurarem essa modalidade como tratamento da obesidade. Vale lembrar que o acompanhamento com um nutrólogo é essencial antes e após a realização da cirurgia. Para uma cirurgia mais segura e, após, para garantir as suplementações adequadas e evitar o reganho de peso”, observa Giulia.
O que você precisa saber
A médica endocrinologista Gabriela Hoss explica que cirurgia bariátrica costuma ser a opção preferida em caso de pessoas com IMC elevado e associadas com doenças relacionadas à obesidade, na qual o paciente utilize muitos remédios para controlar essas condições, ou que não tenha apresentado perda de peso com dieta, exercícios ou medicamentos.
Quando o excesso de peso está prejudicando muito a saúde e os tratamentos tradicionais não estão funcionando, a cirurgia pode ser a melhor alternativa. “Mas é importante lembrar que ela não é um milagre: exige cuidados, mudanças de hábitos e acompanhamento médico para o resto da vida”, explica a profissional. Tire outras dúvidas a respeito do procedimento.
Folha do Mate: O que é necessário levar em conta no momento da decisão?
Gabriela Hoss – A cirurgia bariátrica pode ser uma grande aliada na perda de peso e no controle de doenças associadas à obesidade, mas a decisão de realizá-la precisa ser muito bem pensada. É fundamental passar por uma avaliação médica completa, de preferência com um cirurgião especializado e um endocrinologista, que irão analisar o histórico de saúde, as doenças já existentes e as tentativas anteriores de emagrecimento. Também é importante que o paciente esteja disposto a mudar o estilo de vida, com alimentação equilibrada, prática de atividade física e acompanhamento psicológico e nutricional, tanto antes quanto depois da cirurgia. Além disso, é essencial entender que, apesar de ser um procedimento seguro, a cirurgia exige cuidados no pré e no pós-operatório, além de acompanhamento médico contínuo por toda a vida. Essa preparação e esse comprometimento são fundamentais para que os resultados sejam positivos e duradouros.

Quais são as opções apresentadas aos pacientes antes de uma intervenção cirúrgica?
Antes de indicar a cirurgia bariátrica, os profissionais de saúde avaliam se o paciente passou por um tratamento clínico completo, que inclui mudanças no estilo de vida, acompanhamento psicológico e nutricional e, em alguns casos, o uso de medicamentos para obesidade. A ideia é que a pessoa tente alcançar a perda de peso e o controle das doenças associadas sem precisar de uma intervenção cirúrgica inicialmente. Essas abordagens envolvem uma reeducação alimentar, prática regular de atividades físicas, melhoria do sono, manejo do estresse e suporte emocional, especialmente para compreender a relação com a comida. Em determinadas situações, o uso de medicações pode ser indicado como parte do tratamento. A cirurgia passa a ser considerada quando, apesar desses recursos, a pessoa não consegue resultados satisfatórios ou quando há comprometimento da sua saúde pelas consequências da obesidade. A decisão é feita com base em critérios médicos bem definidos, sempre priorizando a segurança e o bem-estar do paciente.
Quais as diferenças entre os tipos de cirurgia bariátrica disponíveis?
Existem vários tipos de cirurgia bariátrica, mas os dois mais comuns são o sleeve (ou gastrectomia vertical) e o bypass gástrico. No sleeve, o estômago é reduzido, ficando com um formato mais estreito, como um tubo. Isso faz a pessoa comer menos e também sentir menos fome. No bypass, o estômago também fica menor, mas parte do intestino é desviada. Com isso, além de comer menos, o corpo absorve menos calorias e nutrientes. Existem outras cirurgias mais complexas, que são usadas em casos especiais, como pessoas com obesidade muito grave ou quando outras técnicas não funcionaram. Cada uma tem vantagens e desvantagens, por isso a escolha depende do que é melhor para cada paciente.
O que muda de uma para outra e o que se leva em conta na decisão?
As cirurgias são diferentes no modo como ajudam a emagrecer. Algumas fazem a pessoa perder mais peso, mas exigem mais cuidado com a alimentação e uso de vitaminas para o resto da vida. Outras são mais simples nesse sentido, mas podem não funcionar tão bem para todos os casos. Para decidir qual a melhor opção, os médicos avaliam várias coisas: o peso da pessoa, se ela tem outras doenças (como diabetes ou pressão alta), se já tentou emagrecer antes, se tem refluxo, se consegue seguir orientações de dieta e uso de remédios no dia a dia. Por isso, a escolha da cirurgia é feita em conjunto com a equipe médica, sempre pensando na segurança e na saúde a longo prazo.