Dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostram que os crimes contra a vida mantiveram tendência de queda no Rio Grande do Sul. A redução é de 22,9% em um comparativo entre os meses de janeiro e setembro deste ano, com igual período do ano passado. Em números absolutos, isso representa 507 vidas que deixaram de ser ceifadas.

O número de latrocínios – matar para roubar – reduziu em 30,7%. Os demais índices criminais analisados, com exceção do roubo a banco, que aumentou 2%, também apresentaram queda. Em Venâncio Aires, os números são ainda melhores. Em um comparativo entre janeiro e setembro do ano passado, com igual período deste ano, a redução é de 37,5%. Foram oito mortes violentas em 2017 contra cinco este ano. Detalhe é que duas destas mortes foram dentro da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva).

Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateEste ano foram registradas quatro mortes em Venâncio, sendo um delas um latrocínio, em Vila Palanque
Este ano foram registradas quatro mortes em Venâncio, sendo um delas um latrocínio, em Vila Palanque

Uma delas, inclusive, que aconteceu no dia 6 de março, nem chegou ao conhecimento público. Um apenado, de 34 anos, foi encontrado desacordado, dentro de uma cela. Foi socorrido pelos enfermeiros que atuam na casa prisional e, depois, pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Porém, já estava morto. A princípio, o caso foi tratado como suicídio, mas a perícia apontou como causa da morte asfixia mecânica e trauma cervical. A outra morte na penitenciária aconteceu no começo de agosto, depois que um apenado entrou em conflito com integrantes da guarda.

Em relação aos latrocínios, a Capital do Chimarrão se mantém exatamente igual: um crime em 2017 e um este ano. As coincidências seguem, pois os dois roubos seguidos de morte foram praticados contra comerciantes, no interior do município. O ano de 2017 fechou com 11 mortes violentas no município. Destas, sete foram execuções, ligadas ao tráfico de drogas. Nas mortes deste ano, fora as praticadas na Peva, duas têm relação direta com o tráfico, segundo as autoridades policiais.

Estatísticas 

Estes são os dados reais do município, contabilizados mês a mês pela reportagem da Folha do Mate. Na estatística da SSP, no entanto, Venâncio já contabiliza seis homicídios no ano. Consta no sistema informatizado – além dos dados da Folha -, a morte de um homem, no mês de junho, no bairro Battisti. Na verdade, se trata de uma morte acidental e não um homicídio. A vítima tentou entrar em uma casa desabitada, por uma janela basculante, e ficou com o pescoço trancado.

A Polícia Civil foi ao local e constatou que não se tratava de homicídio. Porém, o registro foi feito na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) como homicídio. As outras cinco mortes aconteceram em 2 de janeiro, no bairro Macedo; 6 de março, na Peva; 10 de março, em Vila Palanque (latrocínio); 4 de agosto, em Linha Ponte Queimada; e 26 de agosto, na Peva.

Mais prisões 

Para a capitão Michele da Silva Vargas, uma das justificativas para a redução dos crimes dolosos é o aumento do combate ao tráfico de entorpecentes. “Intensificamos as prisões e apreensões de drogas, que ultrapassam 20 quilos neste ano, realizadas pela Patrulha Tático Móvel”, revela a comandante da 3ª Companhia.

A oficial também credita esta redução no número de mortes violentas à reativação da Patrulha Maria da Penha. “Vimos que alguns crimes tinham envolvimento com questões passionais e reativamos a Patrulha, aumentando o número de visitas de fiscalização do cumprimento da medida protetiva”, menciona.

A capitão Michele segue referindo que “a Patrulha vai até o local e verifica se o agressor está cumprindo a decisão judicial. Caso descumpra é oficiado à Justiça, podendo implicar na prisão do agressor”. Outro fato importante é que os integrantes da Patrulha Maria da Penha disponibilizam um contato direto com as vítimas, facilitando o atendimento, em caso de urgência. Assim, ao invés de ligarem para a BM, ligam diretamente para os membros da Patrulha.

Reforço 

Outro fator citado é do aumento do efetivo, mesmo que modesto. São cinco PMs temporários, que estão sendo usados na guarda externa da Peva – liberando o efetivo para outras atividades -; dois brigadianos da reserva, que voltaram à ativa; e um soldado, que veio de Porto Alegre. “Assim, é possível atuar com ações preventivas, como no Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, o Proerd, e na Patrulha Escolar”, afirma.

A capitão Michele também cita a implantação de um plano tático operacional, com policiamento comunitário no interior, semanalmente, por meio das Patrulhas Comunitárias do Interior (PCIs). Especificamente sobre a redução no número de abigeatos – a queda é de 26,8% no período -, a oficial revela que foram mapeados todos os casos registrados no município. “Mapeamos todos os furtos abigeatos registrados e buscamos combatê-los. Pela quantidade de animais registrados junto à Inspetoria Veterinária, o resultado é ainda maior se analisarmos a porcentagem”, garante.