As eleições de 2018 ainda não foram concluídas – Eduardo Leite (PSDB) x José Ivo Sartori (MDB) e Jair Bolsonaro (PSL) x Fernando Haddad (PT) vão disputar o segundo turno para governador e presidente, respectivamente -, mas já é pauta em Venâncio Aires o processo eleitoral de 2020, que vai colocar em disputa a Prefeitura e 15 cadeiras na Câmara de Vereadores. Muito em razão do que as urnas apresentaram no último domingo, 7, o debate político esquentou e provocou projeções para daqui a dois anos.
As manifestações dos principais atores da eleição deste ano contribuíram para as especulações em relação ao próximo processo eleitoral. Campeão de votos na Capital Nacional do Chimarrão – teve 24.408 votos, 13.308 deles computados nas urnas de Venâncio -, Airton Artus (PDT) declarou que não pretende concorrer a prefeito, cargo que ocupou entre 2009 e 2016. Dessa forma, deixou porta aberta para que a sigla repita a candidatura de Jarbas da Rosa. Ex-vereador, Jarbas, que disputou a última eleição com Isabel Oestreich (PDT) de vice, foi derrotado por Giovane Wickert (PSB) pela diferença de 254 votos.
Enquanto Artus ‘crava’ o seu nome para disputar o comando do Executivo, Jarbas prefere ter mais cautela, porém admite que faz parte dos seus planos buscar a cadeira de prefeito. “É prematuro, no momento, falar sobre isso. Uma candidatura é definida com a participação de todos, dentro da sigla partidária, mas é óbvio que gostaria de concorrer. Meu nome vai estar à disposição e, se os colegas julgarem que tenho condições de disputar a Prefeitura, estarei preparado”, afirma ele, que é médico no posto de saúde do bairro Coronel Brito e, atualmente, está um tanto ‘sumido’ do cenário político de Venâncio Aires.
BASTIDORESO pedetista admite que tem estado ausente de eventos políticos, especialmente, entretanto assegura que participa assiduamente dos encontros do partido e mantém contato com a comunidade e outras lideranças políticas. “O que posso dizer é que estamos trabalhando na surdina, nos bastidores, neste momento. Não se pode oficializar nada agora, e somente um ano antes das eleições é que começam as definições”, comenta Jarbas. Ao mesmo tempo, diz que os eleitores têm questionado sobre uma nova candidatura. “O que eu respondo é que sou um soldado do partido e que vamos ter definições em conjunto”, completa.
APROXIMAÇÃOUma aproximação que tem sido notada mais recentemente é do PDT com o PSDB. Tanto Jarbas da Rosa quanto Vinícius Medeiros – presidente tucano, terceiro colocado no pleito para a Prefeitura há dois anos e segundo candidato local mais votado para a Assembleia em 2018, com 17.138 votos – admitem conversas esporádicas, mas não confirmam costuras mais afinadas. Medeiros já declarou que não pretende concorrer em 2020, todavia não descarta totalmente a hipótese, caso o PSDB faça um chamado. “O foco, agora, é no esforço para a eleição do Eduardo Leite, nosso candidato para o Governo do Estado. Depois disso, vamos pensar na eleição municipal. O PSDB estará engajado no processo, sem dúvida”, despista.
“Obviamente que queremos dar a nossa contribuição em 2020. Nossa participação é garantida. Não necessariamente o Vinícius, pois o partido tem uma série de bons nomes, mas o PSDB como um todo. Tem que ser um projeto do grupo.”VINÍCIUS MEDEIROSPresidente do PSDB
Krämer: “Eu tenho mandato e 2020 está muito longe”
Vice-prefeito de Venâncio Aires, Celso Krämer (PTB) retomou suas atividades na segunda-feira, 8, um dia após não ter obtido sucesso na sua terceira tentativa seguida de ir à Assembleia Legislativa. Sobre projeções para a eleição municipal, prefere não traçar cenários, por entender que falta muito tempo para a disputa. “Eu tenho mandato e 2020 está muito longe. Sou o único dos candidatos que concorreram por Venâncio Aires que tem funções públicas a desempenhar. Estamos só na metade desta Administração, somos governo e não temos nada definido para daqui a dois anos”, comenta o presidente petebista.Krämer salienta ainda que o partido estará engajado nas campanhas de Eduardo Leite (PSDB) e de Jair Bolsonaro (PSL), para governador e presidente da República, respectivamente. “Nosso partido tem um candidato a vice-governador, que é o Delegado Ranolfo, e precisamos trabalhar. Também decidimos que não vamos ficar em cima do muro em nível nacional e, dessa forma, nosso apoio vai para o Bolsonaro”, revela.
COLIGAÇÃOO vice-prefeito declara ser de “muita palavra” e também ter interesse em fortalecer a coligação que está no governo, atualmente. “Eu e o Giovane (Wickert) temos excelente relação e conduzimos de forma tranquila as ações do governo. Embora eu já tenha deixado claro que não vou mais concorrer em pleitos estaduais, pois quero abrir espaço para outras lideranças do meu partido, tenho firmado o compromisso de manter a nossa coligação muito forte”, analisa. No momento, complementa ele, atenção está voltada para as demandas comunitárias: “Até 2020 tem muita água para correr e nós, muito trabalho”.
REVELAÇÃO
1 Presidente tucano, Vinícius Medeiros afirma que o partido vai em buscar de fortalecimento para as próximas eleições. Entre as ações, algumas estão definidas e, segundo ele, serão tomadas assim que o segundo turno de 2018 esteja encerrado.
2 Medeiros se refere às tratativas com quatro vereadores, que já foram convidados a engrossar as fileiras do PSDB: André Puthin (MDB), Adelânio Ruppenthal (PSB), Zé da Rosa (PSD) e Ciro Fernandes (PSC).
3 Os dois primeiros já haviam tido os nomes ventilados anteriormente, mas os dois últimos foram contatados mais recentemente. “Estamos com as portas abertas para eles e para quem mais quiser fazer parte do nosso projeto de renovação, com exceção do vereador Eduardo Kappel”, comenta o líder partidário.
Preocupação imediata do PTé com a eleição presidencial
Presidente municipal do PT e candidato do partido à Prefeitura em 2016, Cesar Schumacher diz que a preocupação imediata da sigla é com a eleição presidencial, uma vez que Fernando Haddad (PT) é um dos postulantes ao cargo máximo da República. “Reunimos o PT e vamos procurar os demais partidos do mesmo campo político, especialmente os que em nível nacional já declararam apoio à candidatura de Haddad. Também conversaremos com todas as lideranças e pessoas que têm apreço pela democracia e que não querem o autoritarismo”, afirma ele, completando que o pleito municipal fica, no momento, em segundo plano.
Wickert diz que foco é no mandato
Para o prefeito Giovane Wickert (PSB), embora o debate seja interessante, ainda não é momento de antecipar a pauta. O chefe do Executivo, candidato natural à reeleição, diz que quer cumprir o seu mandato com dedicação à comunidade e sem misturar as questões eleitorais. “Temos desafios pela frente e, independente de posições de candidatos de eleições passadas, prefiro focar no mandato. Mas, logicamente, respeitamos os nomes postos, sejam de conhecidos ou novos postulantes ao cargo de prefeito”, avalia.
Wickert comenta ainda que prefere não entrar mais profundamente no debate agora: “Acredito que a política é muito dinâmica, as coisas mudam muito rápido e a gente tem que ter consciência disso, que tudo na vida é um ciclo, uma oportunidade”. Ele argumenta, no entanto, que mais próximo da eleição, vai analisar o trabalho realizado, junto com os partidos da base do governo e com legendas que quiserem fazer parte do processo. “Não há um nome ou uma candidatura. Em primeiro plano está o município de Venâncio Aires”, conclui.
“Claro que o cenário de uma reeleição é pauta, até porque é previsto eleitoral e legalmente, mas isso não é foco agora. Nosso foco é justamente trabalhar para executar o nosso plano de governo.”GIOVANE WICKERTPrefeito de Venâncio Aires e provável candidato do PSB à reeleição em 2020
“O MDB pode ter prefeito e vice em chapa pura”
Presidente do MDB de Venâncio Aires, Nilson Lehmen, que concorreu a deputado federal e obteve 5.517 votos, afirma que o partido vai preparar uma candidatura ao Executivo Municipal. “Somos o maior partido do município e, com certeza, teremos candidato a prefeito em 2020. O MDB pode ter prefeito e vice em chapa pura”, ventila. Lehmen diz que a legenda está criando núcleos de trabalho na Capital Nacional do Chimarrão para revelar novas lideranças: “Queremos fazer uma grande oxigenação no partido”.
Ele comenta ainda que, se tivesse que decidir hoje sobre uma participação sua no processo, diria que não está à disposição da sigla, pois tem uma série de compromissos profissionais que acabaram sendo adiados em virtude da candidatura a deputado federal. “Estou com minha carreira profissional em uma ascensão muio boa e, neste momento, preciso cuidar de negócios no campo da advocacia tributária”, argumenta.