O ator, escritor e produtor venâncio-airense Sérgio Rosa, de 44 anos, encerrou o período de gravações para o documentário ‘O Lado Negro de Venâncio’, que busca contar diferentes realidades e histórias do município, focado na comunidade negra, com lançamento planejado ainda para o segundo semestre deste ano. Além dele, Jaqueline Santos também está auxiliando na produção de algumas cenas.
Rosa, que tem mais de 20 anos de experiência no teatro e 14 anos no cinema, pretende fazer o lançamento primeiramente em escolas e, depois, em plataformas digitais – no canal do YouTube ‘Afro Cena’. Nascido em Vila Arlindo, interior do município, Rosa sempre trabalhou a temática afro e focou a apresentação de seus conteúdos em escolas e no público infantojuvenil. De acordo com ele, neste momento está ‘garimpando’ o material, pois Venâncio Aires tem muitas histórias para contar.
“O cinema é uma ferramenta para isso. Por exemplo, trazer o olhar de Venâncio sobre comunidades do interior, afinal, pouco se fala de comunidades negras na agricultura”, cita. Rosa produziu dois documentários durante a pandemia e reitera a importância do trabalho feito presencialmente. “As pessoas estão com a carência de fazer algo diferente. Comecei a produzir o terceiro documentário de forma presencial, sem roteiro. Resolvi captar as imagens e depois criar a história a partir do que tenho em mãos.”
“Uma vez, um menino bem pequeno chegou em mim, no Papelito, e disse: ‘Queria que você fosse meu pai’. Isso é um momento de cura, é apaixonante.”
SÉRGIO ROSA
Ator, escritor e produtor
O projeto não tem o intuito de estrear nos cinemas. Seu foco está em lançar nas escolas. Pois, segundo Rosa, crianças e adolescentes são um público no qual é possível notar a verdade. “Quando termina o espetáculo e alguém vem te abraçar ou tirar dúvida, é perceptível a sinceridade, é uma energia incrível”, comenta. Levar o documentário para as escolas é, conforme ele, a busca de apresentar o melhor conteúdo e mensagem possível para oferecer às crianças, que vão repassar as ações no futuro.
Cinema independente
Segundo Rosa, produzir no cenário do cinema independente é difícil. Ele detalha que parou de produzir longas de ficção em 2010, pois chegou em um nível de qualidade que, para melhorar, precisaria de dinheiro e produtoras ao lado, o que ainda não encontrou. “Infelizmente, é complicado as empresas de Venâncio abraçarem o cinema local”, pontua. Apesar da dificuldade de acesso, para ele o cinema brasileiro e, diversas vezes, independente, é o que nos aproxima das realidades locais. “Para o nosso olhar, o cinema internacional é mais atrativo, mas o cinema nacional traz de forma real a nossa vivência”, frisa.
Os perigos de apresentar a realidade negra no teatro
Rosa roda o estado com suas peças de teatro. Em 2019, estreou o espetáculo ‘Iya Dudu’, que traz críticas em relação ao racismo. “Muitos já perguntaram se eu tenho medo de rodar o Rio Grande do Sul, por que o racismo está violento e viajo sozinho. Claro que tenho. Porém, mesmo com medo, são pautas necessárias e uso da minha arte, teatro e cinema, para mostrar elas.”
O ator trabalha exclusivamente no teatro desde 2014. De acordo com Rosa, boa parte dos artistas se volta para a Região Metropolitana de Porto Alegre, mas ele se virou para o interior do estado. “Algumas crianças nunca viram nenhuma peça, como me viro sozinho é mais tranquilo se deslocar e o município aceitar”, detalha.
Carreira
No cinema
• Curta-metragem ‘360’ em 2008
• Longa-metragem ‘Idade da Pedra’ em 2010, com mais de 200 pessoas envolvidas na produção
• Curta-metragem ‘Um Sorriso Negro’ em 2011
• Curta-metragem ‘Presente de Natal’ em 2021
• Documentário ‘Sou Quilombo’, em 2021
• Documentário ‘20 por 50’, em 2021
No teatro
• Mais de 20 anos de experiência
• Há 10 anos percorre o estado com o espetáculo ‘Papelito’
• Lançou em 2019 a peça ‘Iya Dudu’, que segue em cartaz
A produção ainda não tem data definida. O planejamento é de lançamento ainda no segundo semestre, primeiramente em escolas e, depois, no canal do YouTube ‘Afro Cena’.