“Hoje o professor faz o papel de psicólogo, de família.” Esse é o depoimento e a realidade vivida não só pela professora Mirian Spies, da Escola Estadual de Ensino
Fundamental Brígida do Nascimento, mas pela maioria dos educadores.
Mas para atuar como um ‘multiprofissional’, Mirian, que é professora há 17 anos, e há seis atua como supervisora da escola Brígida, salienta que é preciso estar preparada e amparada. “Tudo o que a gente vai fazer e dizer é preciso pensar duas vezes e medir, porque não existe um amparo, que resguarde o professor, que dê a ele um suporte para chamar a atenção de um aluno, interfirir e resolver conflitos.”
Os conflitos entre alunos acabam sendo resolvidos, em sua maioria, pelos professores. “Além da conciliação, é exigido um carinho para acalmar.” De acordo com a educadora, o aluno de hoje se apresenta mais agressivo. “Tentam resolver, muitas vezes, sem parar, pensar e conversar, e acabam logo agredindo. Nessa hora entra o papel de qualquer setor da escola, como direção e equipe diretiva, funcionários, é preciso intervir para que não aconteça algo pior.”
Ao longo de sua vida profissional, ela destaca que ocorreu uma grande mudança no perfil dos estudantes. “Se pensarmos, não faz muito tempo e eu já notei uma mudança muito grande na postura dos alunos, quando eu estava em sala de aula eu não via essa agressividade e hoje, em pouco tempo, isso se tornou muito frequente.” A professora atribui a essa mudança a falta da referência do papel de pai e/ou mãe na vida da criança e adolescente. ” Até porque muita coisa que seria delegada à família, hoje pelo fato de na maioria dos casos os pais trabalharem fora, mantém pouco contato e tempo durante o dia com o filho, não conseguem desempenhar direito seus papéis, então isso também acaba ficando com a escola. Certo ou não, é o que acontece.”
Na escola em que atua, Mirian conta que a ausência dos pais na vida escolar dos filhos é muito grande. “As vezes precisamos convocar os pais ao invés de convidarmos, porque não comparecem. Não sabemos se é por falta da informação do quão importante é seu papel e sua responsabilidade, até legal, na vida educacional do filho.”
Mas ela comemora que no educandário, que atualmente conta com 260 alunos, está num período calmo em questão de agressões, que acabam se restringindo apenas a verbais entre alunos. “Quando acontece, por exemplo, falta de respeito com professores, como agressão verbal, o estudante é chamado para o Serviço de Orientação da Escola, no qual é conversado e acaba-se resolvendo com a conversa.”
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