A água está presente em muitos momentos do nosso dia, com diferentes finalidades. Professor doutor em Química da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Wolmar Severo explica que a água potável pode ser definida como aquela própria para consumo, livre de substâncias e organismos que possam trazer doenças, além de não possuir cor, gosto ou cheiro. Para ser considerada potável, é necessário analisar as características físicas, químicas, biológicas e até mesmo radioativas.
Conselheiro Regional de Química 5ª Região, Severo afirma que a água contaminada, relativizando a natureza de contaminação, pode ser despoluída ou tornada potável. “É necessário passar pelas etapas de tratamento, analisar físicos químicos e biológicos, mediante os parâmetros que preconiza a legislação”, salienta.
Para que seja considerada potável, ela deve atender aos padrões estabelecidos para parâmetros físicos (cor e turbidez), químicos (cloro livre e pH), microbiológicos (contagem de bactérias heterotróficas, coliformes totais e escherichia coli), organolépticos (sabor, odor e aspecto), cianobactérias.
O doutor em Química destaca que minerais, alguns microrganismos e outras substâncias químicas não são removidas. Geralmente, o tratamento remove as substâncias e microrganismos que são exigências legais. Entretanto, algumas espécies químicas ou biológicas, dada a baixa concentração, podem não ser removidas pelo tratamento convencional. “Evidentemente que não proíbe o consumo, desde que atestado por técnicos responsáveis”, pondera.
PROCEDÊNCIA
Coordenadora do curso de Nutrição da Unisc, Fabiana Assmann ressalta que é muito importante saber a procedência da água que está sendo consumida. Ela enfatiza que a saúde pode ficar bem prejudicada com a ingestão de águas impróprias para o consumo, tanto para beber, quanto para cozinhar ou higienizar alimentos.
O perigo está na contaminação pela presença de agentes patogênicos, como bactérias, protozoários, ovos de vermes, esporo de fungos, algas, além de substâncias tóxicas. “Esse consumo pode causar diarreia, infecção intestinal e outras doenças que podem ser transmitidas pelo tipo de contaminação presente na água, que podem ser graves para a saúde”, alerta. Ela defende que não é obrigatória a ingestão de água mineral, o importante é que seja potável (tratada).
Água: ingrediente importante para a higiene
Questionado sobre a forma que a água cumpre uma das suas finalidades, que é a limpeza – principalmente higienização das mãos, comum em tempos de pandemia de coronavírus – o doutor em Química Wolmar Severo explica que existe uma relatividade química entre as funções da água (H2O) e etanol (C2H5OH).
“Cada substância tem as suas propriedades. A água, por exemplo, entre outras propriedades serve para ‘remover’ células mortas e muitas outras sujidades. Já o álcool comum (etanol) pode realizar uma ‘assepsia’ mais ampla, especialmente esterilizando (matando e removendo, fungos, bactérias, vírus, entre outros microorganismos”, reforça.
O professor observa que a água é importantíssima para conferir higiene a uma superfície, vegetais, alimentos, roupas e os seres vivos. No entanto, lembra que, em situações extremas, pode ser substituída por outras substâncias, como para os astronautas e pessoas em ambientes que não tenham água disponível. “Um exemplo atual é a higienização de proteção frente à pandemia Covid-19. O álcool em gel a 70% tem sido recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas, de maneira geral, é leviano pensar em higienizar sem contar com a presença da água.”
