Foto: Carlos Dickow / Folha do MateVereadores vão para o recesso de 30 dias. A primeira sessão de 2019 será dia 4 de fevereiro. Para janeiro, a Câmara instituiu turno único e a Casa funcionará das 7h30min às 13h30min
Vereadores vão para o recesso de 30 dias. A primeira sessão de 2019 será dia 4 de fevereiro. Para janeiro, a Câmara instituiu turno único e a Casa funcionará das 7h30min às 13h30min

Eduardo Kappel (Progressistas) foi eleito para o comando da Câmara de Vereadores de 2019. Com a escolha concluída, a política de Venâncio Aires vai passar por um momento de tranquilidade, certo? Não é bem assim. Para que o polêmico parlamentar chegasse à presidência da Mesa Diretora, vários foram os ‘recortes’ políticos nos últimos dias. Um pouco destas articulações e conjecturas ‘vazaram’ ainda na noite de quinta-feira, 20, quando, por nove votos a seis, o progressista pôde comemorar sua vitória pessoal.

Na primeira manifestação após ser confirmado como presidente no próximo ano, Kappel retomou o discurso mais agressivo, coisa que não vinha acontecendo nas sessões que antecederam a eleição da Mesa Diretora. Acusou Nelsoir Battisti (PSD), seu adversário na disputa, de ter ameaçado os cargos em comissão (CCs) do Legislativo de demissão, caso conseguisse se eleger. “Agora, que estou mais tranquilo, eu vou falar umas coisas que estava guardando. O Nelsoir ameaçou servidores, vai para a Comissão de Ética e vai ser punido. É diferente de mim, que passei 15 anos na Comissão de Ética e nunca fui punido, porque me defendi de tudo o que a bancada do PDT, principalmente, me acusou”, afirmou ele.

Battisti, em seu pronunciamento, preferiu não polemizar e evitou responder às declarações, dizendo que “ganhar e perder faz parte da democracia” e que “espero que o vereador Eduardo cale a minha boca, pois só apresentamos uma chapa alternativa porque fomos cobrados pela comunidade na rua, que não concordava com o nome bancado pelo governo”. Por outro lado, comentou na tribuna que teve uma conversa “a portas fechadas” com o prefeito Giovane Wickert (PSB) e que a intenção era fazer o vereador André Puthin (MDB) presidente da Casa, “porque diziam que o Eduardo é um fio desencapado”.

IZAURA E HELENA – O período de Comunicações na última sessão do ano teve também uma crítica velada da vereadora Ana Cláudia do Amaral Teixeira (PDT) às suas colegas Helena da Rosa e Izaura Landim, ambas do MDB e que votaram com a chapa de Kappel. “Compreendo e respeito os votos dos vereadores que estavam cumprindo um acordo, mas fiquei muito decepcionada e não entendi os votos de quem não fazia parte do acerto. Embora a gente saiba que faz parte do jogo, é uma decepção. A comunidade vai querer saber os motivos destes votos”, declarou, sem citar nomes, mas claramente em alusão às duas emedebistas. Nos bastidores, comenta-se que elas votaram com o governo porque têm cargos na Administração.

Foto: Carlos Dickow / Folha do MateDerrotado na eleição, Nelsoir Battisti (PSD) ainda ouviu acusações de Eduardo Kappel (Progressistas, ao fundo)
Derrotado na eleição, Nelsoir Battisti (PSD) ouviu acusações de Eduardo Kappel (Progressistas, ao fundo)

“O prefeito Giovane Wickert terá um bom parceiro na Câmara, mas todos sabem que na minha boca ninguém bota freio. Por exemplo, não estou satisfeito com a traição do interior com o Celso Krämer nas urnas (para deputado), pois pelo imediatismo de querer a estradinha pronta, esqueceram ele.”EDUARDO KAPPELPresidente eleito da Câmara de Vereadores

O QUE A FOLHA APUROU

1 É provável que, nos próximos dias, o presidente do MDB, Nilson Lehmen, seja anunciado como secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Embora não faça oficialmente parte da base aliada, os vereadores do partido têm mantido alinhamento com as propostas governistas. A exceção foi o voto contrário de André Puthin (MDB) à chapa de Eduardo Kappel (Progressistas) nesta quinta-feira, 20.

2 A pasta que deve ficar sob responsabilidade de Lehmen pertencia, até pouco tempo, a Nelsoir Battisti (PSD), que passou a ser desafeto dos governistas – especialmente do vice-prefeito Celso Krämer (PTB), que bancou a candidatura de Kappel – por ter liderado o movimento ‘Legislativo Independente’, apresentando uma chapa alternativa para a Mesa Diretora da Câmara. Já existe pressão, inclusive, no sentido de demissão de cargos em comissão (CCs) do PSD da Prefeitura, tudo porque a articulação de Battisti é tida como um ato de rebeldia.

3 A Câmara deve retomar os trabalhos, em 2019, com um quadro de votação um pouco diferente. O resultado em votações de projetos polêmicos do Executivo chegou a ser de 12 a 3 em favor da base governista, com os três vereadores do PDT – Tiago Quintana, Sid Ferreira e Ana Cláudia do Amaral Teixeira – ficando isolados em muitas oportunidades. Agora, já se vislumbra a possibilidade de André Puthin (MDB), Ciro Fernandes (PSC) e Nelsoir Battisti (PSD) tomarem posturas oposicionistas, repetindo, pelo menos, o nove a seis da eleição de quinta-feira, 20.