Educação vem de casa. Uma expressão antiga, mas que ainda não foge da realidade. E os professores não negam a importância da participação dos pais nas atividades escolares dos filhos, pois é fator primordial para o desenvolvimento e aprendizagem da criança e do adolescente. Com base nisso, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) criou um projeto que estabelece penalidades para os pais ou responsáveis que não acompanham o desempenho dos filhos.
O projeto foi aprovado na manhã de terça-feira, 18, em reunião da Comissão de Educação (CE) do Senado e a justificativa do senador Cristovam é que a presença dos pais na escola leva ao empoderamento das famílias, fundamental para a melhoria do sistema escolar. Além disso, o papel de formação das crianças não deve pertencer apenas às escolas.
No caso de Venâncio Aires, quando o assunto é educação, existem duas realidades: de um lado escolas com grande participação dos familiares, enquanto outras ainda enfrentam o desafio de ter mais pais atuantes.
COOPERAçãOQuando o amor, o comprometimento e a busca pelo crescimento pessoal falam mais alto, a classe social não justifica a falta de cooperação dos pais no âmbito escolar. é deste modo que pensa a orientadora educacional e professora Mônica Cristina Müller, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Odila Rosa Scherer, no bairro União. Ela, que trabalha com alunos do 1º ao 6º ano do Ensino Fundamental, relata que percebe uma colaboração muito grande dos familiares. “A maioria dos pais trazem os filhos até a escola e também fazem questão de buscá-los. Percebo que atitudes assim são fundamentais para o desenvolvimento da criança”, comenta ela.
A diretora da escola, Márcia Hinterholz Hickmann, destaca que 80% dos pais ou responsáveis são presentes e atuantes: “Aqui nós somos muito felizes, porque existe um envolvimento, preocupação e comprometimento muito grandes por parte das famílias em relação à escola, educação e aprendizagem do aluno.” Segundo a diretora, muitos pais comparecem em reuniões e eventos organizados pela escola. Até mesmo se deslocam até o educandário de forma espontânea, apenas para saberem como está o rendimento dos filhos.
A escola se sente forte no momento em que a família se engaja nos projetos e participa das reuniões, auxilia na aprendizagem, no estudo, no comprometimento e respeito. é desta maneira que pode ser feita a diferença na educação
INCENTIVOTrabalhar de forma que incentive os pais a também participarem das atividades propostas pela escola é um desafio. Para que este contato não se perca, os eventos e atividades ocorrem fora dos horários comerciais.
Os boletins, por exemplo, apenas são entregues nas mãos dos pais, ou seja, a criança não tem o direito de retirá-lo.“Temos sorte, pois cerca de 90% deles buscam o documento no dia estipulado e os boletins que sobram são guardados até que alguém pegue”, observa.
Convites para a participação de palestras, encontros e demais atividades também são feitos por parte da escola. Os pais respondem a eles, pois, segundo a diretora, a maioria tem curiosidade em saber se de fato os filhos são preparados para o futuro. “Nós motivamos os pais e chamamos eles também ao compromisso. O aluno com acompanhamento dos pais se sente mais feliz, tranquilo e seguro, mesmo em meio às dificuldades dele, pois sabe que pode contar com a família”, comenta a diretora.
VALORIZAçãOA opinião da professora dos anos iniciais, Marilene Schabbach, não é diferente. Para ela, através do acompanhamento, os pais mostram o quanto o estudo é importante e, com isso, também fazem a criança sentir-se valorizada. “às vezes os pais não conseguem ajudar a criança a fazer um tema, porque têm pouco estudo, mas eles podem pelo menos ver como os cadernos estão, perguntar o que o filho aprendeu, se tem tema ou bilhete, providenciar material e verificar as notas”, comenta Marilene.
PENALIDADES
O não cumprimento da norma criada pelo senador, ou seja, a falta de participação dos pais em reuniões e atividades da escola, bem como, a retirada dos boletins, poderá acarretar penalidades a eles ou outros responsáveis, tais como: a proibição de inscrição em concurso para cargo ou função pública, participar de concorrências públicas, obter empréstimos em bancos ou caixas econômicas federais ou estaduais, obter passaporte e carteira de identidade e renovar matrícula em escola pública ou privada. O projeto seguirá agora para apreciação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, para avaliação em caráter terminativo.
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