Foto: Letícia Wacholz / Folha do MateGuilhermo Sequeri é diretor de Vigilância de Saúde do Paraguai
Guilhermo Sequeri é diretor de Vigilância de Saúde do Paraguai

A tendência é de que a Holanda seja o próximo país a sediar a Conferência das Partes para o Controle do Tabaco, mas o vizinho brasileiro, o Paraguai, voltou seis anos depois a participar do evento internacional, que ocorre em Genebra, com um objetivo principal: sediar uma COP e fortalecer suas políticas antitabagistas, o que inclui o diálogo e efetivas ações em parceria com os países fronteiriços.Diretor de Vigilância de Saúde, órgão vinculado ao Ministério da Saúde do Paraguai, Guilhermo Sequeri disse, em entrevista ao jornal Folha do Mate, que está nas metas do país mostrar o mundo que os paraguaios querem resolver os problemas relacionados ao tabaco. “Voltamos muito ambiciosos pois queremos levar a COP para o Paraguai. Se não for possível em 2020, faremos a pré-COP daqui a dois anos e a COP em 2022.”Apesar de contarem com uma produção que representa, apenas, em torno de 1% do volume utilizado pelas indústrias e o restante ser proveniente do mercado brasileiro, o volume de cigarro que sai do Paraguai é expressivo. Por lá, segundo Sequeri, o percentual de fumantes é de cerca de 15% da população adulta e a tributação é uma das menores na região das Américas.Segundo ele, a delegação paraguaia ainda está em negociação com a Holanda e caso não seja possível realizar a COP 9 “com certeza a COP 10 será em solo paraguaio.” “É uma questao de diplomacia, de muito diálogo até o fim da COP.”

Para o governo paraguaio, as ações do tratado internacional devem ser trabalhadas com toda a região das Américas. “Entendemos que este problema não é apenas do Paraguai, mas também da Argentina, do Brasil, do Uruguai, da Colômbia”, cita. Em relação ao Brasil, ele observa que mais de 90% do cigarro do Paraguai é fabricado com o tabaco brasileiro, portanto, “os impactos, tanto de saúde quanto de negócio estão dos dois lados da fronteira”, frisa.

MOP 1Embora seja um país que integra a COP, o Paraguai ainda não ratificou o Protocolo Internacional de Combate ao Mercado Ilegal de Tabaco que terá tema de sua primeira reunião logo após a oitava edição da COP, de 8 a 10 de outubro, também em Genebra, na Suíça.Porém, segundo Sequeri, o Ministério da Saúde enviou, há poucos dias, ao presidente paraguaio, Mario Abdo Benitez, pedido para que seja discutida a adesão ao protocolo. A expectativa é de que essa ratificação ocorra ainda neste ano. “Queremos potencializar a agenda do governo na luta contra o tabaco, mas também, envolver os meios de comunicação nessa agenda, pois parece que o problema do tabaco no Paraguai se sente mais de fora do que de dentro do país”, observa.  Além disso, o secretariado da Convenção já estaria mobilizado para criar uma agenda permanente e de apoio, para auxiliar o Paraguai no fortalecimento de ações, até a realização do evento no país.A votação do país-sede deve ocorrer no último dia do evento, no sábado. Das oito COPs realizadas até hoje, somente uma foi realizada na região das Américas, em 2014, no Uruguai.

Sentimos que o Brasil é um grande aliado. O Brasil está mais interessado na COP do que o próprio Paraguai. Sentimos apoio nas reuniões, pois o Brasil entende claramente que este é um problema regional.”

Guilhermo Sequeri  – Diretor de Vigilância de Saúde do Paraguai

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