Um futuro sem fumaça. Com esta meta, anunciada mundialmente na virada para 2018, a Philip Morris International (PMI) segue investindo alto e apostando nos novos produtos de tabaco para, definitivamente, substituir os cigarros tradicionais em um futuro, breve.
É no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Mundial, localizado na cidade de Neuchâtel, na Suíça, onde mais de 400 especialistas, destes, 300 cientistas, projetam, estudam e lançam novos produtos, os chamados smoke-free, que se dividem, basicamente, em dois tipos de cigarros eletrônicos: os vaporizadores e os de tabaco aquecido. Anunciados como produtos com potencial de reduzir o risco de doenças relacionadas ao tabaco, os novos itens do portfólio tem como objetivos entregar a mesma sensação de fumar que o cigarro tradicional e oferecer ao fumante adulto, que deseja seguir consumindo tabaco, a garantia de um produto menos nocivo.
A reportagem da Folha do Mate, que esteve na Suíça para a cobertura internacional da 8ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, realizada em Genebra, foi convidada a conhecer o centro de pesquisas da PMI. Lá, pesquisadores contaram como estão evoluindo os estudos científicos que, no começo dos anos 2000, resultaram no primeiro produto alternativo, o Heat Bar. Desde lá são 852 estudos sobre Produtos de Risco Reduzido (RRPs).Durante a explicação, conduzida pelo Chefe do Engajamento Científico Regional, Rui Minhos e pelo Gerente de Engajamento Científico, Nuno Fazenda, se reconheceu que o cigarro causa câncer nos pulmões, doenças cardíacas, bem como, que o tabagismo é uma causa evitável de morte. Por isso, enumeraram pesquisas e estudos clínicos que, segundo eles, já comprovam o risco reduzido para a saúde com o uso dos cigarros eletrônicos. “Acreditamos que os novos produtos são uma alternativa melhor para fumantes adultos”, resume Minhos. Segundo ele, a empresa já investiu mais de 4,7 bilhões de dólares em 15 anos no desenvolvimento, avaliação científica e criação de produtos e tem 2,3 mil patentes concedidas mundialmente, além de outros 3.750 pedidos pendentes. Atualmente, a PMI trabalha com quatro plataformas (produtos) e todos estudos feitos pela empresa, segundo os pesquisadores, comprovam menor risco de doenças e de contrair o câncer. De acordo com os especialistas, estudos independentes também apontam na linha da redução de risco.
SEM COMBUSTÃOTodos os novos produtos e pesquisas têm como foco eliminar a combustão, que provoca a liberação de substâncias tóxicas ao fumar. Os cientistas sustentam que ao eliminar a fumaça há uma redução significativa da formação dessas substâncias. “A resposta do uso precisa ser muito parecida com o cigarro tradicional para que ele aceite o novo produto”, observa Minhos.
A GRANDE APOSTA
A posição global de parar de fabricar cigarros tradicionais e oferecer uma alternativa menos nociva vai ao encontro da estimativa de que, até 2025, haverá no mundo mais de 1 bilhão de fumantes. A grande aposta da empresa é o Iqos (lê-se aicos) , que está no mercado há quatro anos e já conta com dez estudos clínicos finalizados. Aquecedor de tabaco, em menos de 15 segundos o dispositivo (que lembra uma caneta) atinge até 350 graus, o que segundo os cientistas da empresa, é uma temperatura suficiente alta para criar vapor, mas não combustão. Para fins de comparação, Fazenda explica que o cigarro tradicional queima a temperaturas superiores a 600 graus, já o sistema Iqos aquece a uma temperatura que reduz significativamente a formação de compostos tóxicos. O Iqos é constituído, ainda, por um pequeno tubo de tabaco, chamado Heets, que é inserido e aquecido no dispositivo. Menor também é a quantidade de tabaco utilizada na fabricação deste tubo, mas o percentual não foi divulgado pela empresa. Além de imitar o tempo de tragar, a bateria do dispositivo recarrega 20 vezes, número que, propositalmente, é a quantidade de cigarros que possui uma carteira tradicional. Tanto a bateria, quanto o dispositivo são fabricadas por uma joint venture da PMI, sediada na Malásia.
Segundo a empresa, quase 6 milhões de pessoas adultas já usam o Iqos, no mundo e há cerca de 10 mil adultos fumantes migrando todos os dias. Até 2025, a empresa espera que, pelo menos, 40 milhões de consumidores mudem para alternativas sem fumaça.
Onde o produto já é comercializado, o kit com bateria e o aquecedor custa 100 dólares, já uma caixa de Heets, com 20 cigarros, pode ser adquirida pelo mesmo preço das marcas mais conhecidas da empresa, como a Malboro.
SAIBA MAIS – A PMI planeja ter até o fim de 2018 capacidade instalada anual de aproximadamente 100 bilhões de unidades de tabaco aquecido.
Questionamentos x regulamentação
Enquanto a ciência vem recebendo investimentos bilionários da indústria, o maior desafio para as cigarreiras é regulamentar os novos produtos em países onde está proibido, como no Brasil.No caso da Philip Morris, que pretende encerrar a fabricação de cigarros convencionais, o desafio também é convencer o fumante a ‘trocar’ de produto. “O consumidor, em grande parte, ainda não sabe que tem uma opção menos nociva. Enquanto isso, a Organização Mundial de Saúde reconhece, pela primeira vez, em documento lançado neste ano, que estes produtos devem ser regulados de forma diferente. E porque na Conferência das Partes, que é um braço da OMS, estes produtos não ganham importância?”, questionam os especialistas da PMI.Eles observam que um grupo de 72 especialistas remeteu ao diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Ghebreyesus, no começo de outubro, devido à realização da Conferência das Partes (COP 8), uma carta onde reconhecem os novos produtos como uma forma de controlar os riscos provocados pelo tabaco. A Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, entretanto, recomenda a proibição ou regulamentação dos novos produtos. Durante a COP 8, se propôs a criação de um grupo de trabalho para avançar nos estudos científicos sobre os novos produtos. O relatório deve ser apresentado na próxima edição da COP, em 2020, na Holanda.*A jornalista visitou a empresa a convite da Philip Morris.
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