A direção do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) de Venâncio Aires confirmou ontem que foram abertos processos contra 18 filiados da sigla que, segundo a justificativa para este enquadramento, estariam sendo infiéis à legenda. Os integrantes serão levados para a Comissão de ética do partido e, conforme o presidente José Ademar Melchior, o Zecão, “a intenção é expulsar quem não respeita o estatuto do PMDB e age de forma contrária à convenção que definiu os rumos para a eleição”.

Os peemedebistas apontados serão notificados nos próximos dias e terão oportunidade de apresentar defesa às acusações de infidelidade. Na lista estão os nomes do ex-prefeito Almedo Dettenborn e do último candidato da legenda à Prefeitura, Nilson Lehmen, que disputou a eleição em 2012 e acabou derrotado nas urnas por Airton Artus (PDT). A infidelidade a qual se referem os proponentes destes processos é justamente o apoio dos filiados à candidatura de Giovane Wickert (PSB) à Prefeitura de Venâncio Aires.

De acordo com Zecão, as 18 pessoas que sofrerão processos internos “não estão respeitando a nossa convenção, que decidiu pelo apoio ao candidato do PSDB, Vinícius Medeiros”. O presidente afirma ainda que a decisão de levar os filiados para a Comissão de ética foi tomada depois de uma reunião da sigla. “Especialmente os candidatos que colocaram seus nomes para disputar vaga no Legislativo estão se sentindo prejudicados, já que estas pessoas podiam estar fortalecendo o nosso partido, mas estão fazendo o contrário. Eles não aceitaram o resultado da convenção e se rebelaram”, declarou o presidente.

Almedo: “O presidente não tem moral para expulsar ninguém”

Ouvido pela reportagem da Folha do Mate na tarde de ontem, o ex-prefeito Almedo Dettenborn foi ao ataque contra o presidente peemedebista, Zecão Melchior. Afirmou que “o presidente não tem moral para expulsar ninguém” e afirmou ainda que “eles que façam o que quiserem que tomaremos as nossas medidas também”. Dettenborn insistiu que “o presidente está totalmente desmoralizado em Venâncio Aires” e que “depois de destruírem o partido, estão sem nada para fazer e querem se vingar em nós”.

O ex-prefeito comparou ainda a situação que ocorre na Capital do Chimarrão (com peemedebistas apoiando a candidatura de Giovane Wickert) com a conduta do atual governador do Estado, José Ivo Sartori (PMDB), nas eleições para presidente. “O Sartori fez a mesma coisa: o PMDB apoiava a Dilma, mas ele apoiou o Eduardo Campos, do PSB, e depois a Marina Silva, que entrou no lugar do Campos. No segundo turno, estava com o Aécio Neves, do PSDB”, disse, para em seguida finalizar: “Estão querendo expulsar só os 18? é muito pouco, porque são 1,8 mil filiados em Venâncio Aires. Pode escrever isso aí”.

Nilson: “18 fichas-limpas serão julgados por um ficha-suja”

Também com o nome constando na lista de peemedebistas que responderão a processo na Comissão de ética do partido, Nilson Lehmen foi outro que não poupou críticas ao presidente da legenda. Ele afirmou que “este é apenas mais um episódio dos tantos que deixaram o PMDB neste emaranhado”. De acordo com Lehmen, que ocupa cargo na Casa Civil do Governo do Estado, é Zecão Melchior o culpado pela situação de racha da sigla. “Tudo começou quando ele (Zecão) apresentou uma chapa, na sua reeleição, que lhe dava maioria do diretório, para fazer o que bem entendesse com o PMDB”, declarou.

Na sequência, segundo Nilson Lehmen, Zecão teria feito pouco caso de pesquisa interna do partido que trazia o seu nome como o de maior rejeição e menor desempenho com vistas à eleição de 2016. “Isso foi em setembro de 2015, e até pensamos que ele ia mudar a conduta, mas infelizmente não foi o que aconteceu”, disse. Depois, ainda conforme Lehmen, Zecão “forçou” seu nome e negociou aliança com o PDT, “sendo mais tarde rejeitado por este partido”. “Ele ainda tentou negociar com o Giovane, mas não conseguiu e se viu obrigado a ‘rifar’ o PMDB. No fim, acabou apoiando o PSDB, do Vinícius”, falou.

FICHA-SUJA – “Estou em paz por apoiar o Giovane, pois entendo que ele é o candidato mais preparado, entre os que se apresentam, para governar Venâncio Aires. E acho que a lista de peemedebistas na Comissão de ética vai aumentar, pois são pelo menos umas 100 lideranças do partido que já declararam seu apoio ao 40”, continuou. A declaração de maior intensidade, no entanto, ficou para o final. “Serão 18 fichas-limpas sendo julgados por um ficha-suja. Fico triste de ver o comandante da minha sigla ser barrado inclusive para a corrida para vereador. Não me passa pela cabeça sair do PMDB e, quando for necessário, certamente vamos tomar nossas providências. é uma pena essa situação vexatória”, encerrou.

FIQUE POR DENTRO

Os 18 que vão para a Comissão de ética

Almedo DettenbornNilson LehmenJosé Cassiano BragaLuzana Terezinha TreibEde Maria Borchardt WeibergerLorete Terezinha ScheiblerVera Lúcia da RosaCarlos Augusto DettenbornNadir PontinMaria Lovane Ribeiro FischerMariza de Melo NascimentoLídio Mateus do NascimentoRoque GerhardLiliane Adiles de Oliveira BarretoRodrigo Mirandoli BarretoJoice de Lurdes Battisti GassenCarlos Roberto GassenSilvana Maria Gerhard

Quem forma a Comissão de ética

André HenckesIrassu Rodrigues TicaNadir de Lurdes Santos de SouzaAna Cláudia Both da SilvaMarli Schwengber